'O Coração de Jesus é a sede de todas as virtudes, a fonte de todas as bênçãos, e o retrato de todas as almas santas'
(São Cláudio de La Colombière)
'A primeira virtude que se deve honrar no Coração de Jesus é um ardentíssimo amor a Deus Pai, junto a um respeito muito profundo e à maior humildade que jamais existiu'. Foi o próprio Nosso Senhor que nos intimou: 'Aprendei de mim que sou doce e humilde de coração!' Falamos aqui da humildade fundamental, que consiste em reconhecer o nada da criatura e a grandeza infinita de Deus. É esta humildade do Coração de Jesus que estabelecia Nosso Senhor no respeito mais profundo à Majestade Divina e no amor ardente pelas infinitas perfeições do seu Pai Celeste. Esta deve ser para nós também a virtude principal e o fundamento de todas as outras.
'A segunda virtude a honrar no Sagrado Coração é uma paciência infinita aos males, uma contrição e uma dor extremas pelos pecados cometidos, a confiança de um filho muito terno aliada à contrição de um grande pecador'.
Nosso Senhor, manifestando a Santa Margarida Maria o Seu Sagrado Coração, chamava a nossa atenção sobre os seus mistérios dolorosos, sobre a sua Paixão e os seus sofrimentos reparadores: 'O Sagrado Coração foi-me representado sobre um trono de fogo e a chaga que tinha recebido sobre a cruz aparecia-lhe visivelmente. Havia uma coroa de espinhos em volta deste Sagrado Coração e uma cruz em cima. O Divino Salvador fez-me conhecer que estes instrumentos da Paixão significavam que o amor imenso que tem pelos homens tinha sido a fonte de todos os sofrimentos e humilhações que quis sofrer por nós; que desde o primeiro instante da sua encarnação, todos estes tormentos e todos estes desprezos lhe tinham sido preparados; que a cruz foi, por assim dizer, plantada no seu Coração, e que foi desde aquele primeiro instante que aceitou, para nos testemunhar todo o seu amor, todas as humilhações, a pobreza, as dores que a sua sagrada humanidade devia sofrer em todo o curso da sua vida mortal, e os ultrajes aos quais o amor devia expô-lo até ao fim dos séculos, sobre os nossos altares, no santíssimo e augustíssimo Sacramento…'.
Paciência, reparação, abandono, aí está toda a vida do Coração de Jesus. Deu-nos este exemplo com a graça para o imitarmos. 'Abraço a amável cruz da obediência até à minha morte. Ela será todo o meu prazer, toda a minha glória e as minhas delícias. A Deus não agrada que eu me glorifique, que jamais me regozije que não seja na cruz de Jesus Cristo. A Deus não agrada que jamais tenha outro tesouro que não seja a sua pobreza, outras delícias que não sejam os seus sofrimentos, outro amor que não seja Ele mesmo!'. Tal deve ser também o nosso ideal.
'A terceira virtude que é preciso honrar no Sagrado Coração é a sua compaixão muito sensível pelas nossas misérias, o seu amor imenso por nós apesar destas mesmas misérias, e, apesar destes movimentos e impressões, a sua igualdade inalterável causada por uma conformidade tão perfeita à vontade de Deus, que não podia ser perturbada por nenhum acontecimento.
Este Coração está sempre ardente de amor pelos homens, sempre aberto para espalhar todas as espécies de graças e de bênçãos, sempre tocado pelos nossos males, sempre pressionado pelo desejo de nos dar a participar nos seus tesouros e a dar-se a si mesmo a nós, sempre disposto a nos receber, e a nos servir de asilo, de morada e de paraíso, desde esta vida'.
No Coração de Jesus, encontra-se a fonte de todas as virtudes, resumidas em humildade, paciência e caridade. A verdadeira santificação consiste na prática perseverante, e moldada pela fragilidade humana, de encontrar a humildade, a paciência e a caridade que fazem morada no Coração de Jesus.
(Texto adaptado do site www.dehonianos.org e baseado em meditações de São Cláudio de La Colombière, confessor e confidente de Santa Margarida Maria Alacoque).