A Oração do Pai Nosso nos foi ensinada diretamente por Jesus, diante do pedido dos seus discípulos para lhes ensinar a rezar: 'Quando orardes, dizei: Pai nosso, que estais no Céu, santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra, como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém.' (Mt 6, 9)
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Pai nosso, que estais no Céu, santificado seja o vosso nome...
Deus é Pai. Deus é nosso Pai por adoção, como criaturas privilegiadas de Sua criação divina. Um Pai que está no Céu, à espera do encontro definitivo com os Seus filhos amados para toda a eternidade. E santificado seja o nome do Pai, do Deus Altíssimo, fonte de todo o bem e de toda a graça, primeira petição (a de dar sempre glórias a Deus) que aniquila a soberba e o orgulho humanos...
venha a nós o vosso reino
Um Reino preparado desde toda a eternidade para os eleitos de Deus. Um Reino. Onde todos terão medidas diferentes de felicidade, mas a plenitude do amor divino como bem comum. Para as almas despojadas de egoísmo, para as almas incensadas de piedade, segunda petição que aniquila os contrafortes e porões da inveja humana...
seja feita a vossa vontade, assim na terra, como no Céu.
Que o bem maior dessa vida, e o tesouro de todas as graças, repousam em cumprir, na terra e no Céu, na primeira ação do dia, na último suspiro no mundo, em todos e em tudo, a Santa Vontade de Deus. Viver para Deus a plenitude de si mesmo e o aniquilamento interior que, nesta terceira petição, aniquila no homem as sombras da cólera, da tibieza e da injustiça.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje
Precisamos do alimento para nutrir o corpo padecente dos sentidos, para nutrir a nossa alma ávida por virtudes; precisamos do pão repartido que nos torna irmãos de todos os homens, ansiamos pelo Pão Vivo Descido dos Céus que nos torna irmãos em Cristo. Nessa quarta petição, a oferta do pão não se subjuga à gula ou à avareza, mas torna-se partilha entre irmãos...
perdoai-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores
Quem perdoa assume dívidas de misericórdia para com Deus. E estas dívidas de misericórdia infinita são trocadas por míseras dívidas humanas, conspurcadas pelos vícios e fragilidades da carne, transformadas em leite e mel nas sendas do perdão definitivo. Nesta quinta petição, devora-nos a dor pelo pecado, o triunfo da caridade, o aniquilamento de um coração duro e de sentimentos de vingança...
e não nos deixeis cair em tentação
Como criaturas e filhos de Deus, somos destinados à glória dos Céus, onde os limites da humanidade se incensam dos mistérios de Deus. Neste caminho de luz, são muitos os atalhos das tentações; nesta vereda de salvação, reluzem febris os mosaicos das ciladas do mal e as miragens do inferno. A sexta petição é uma súplica do viajor, de desfazer-se dos pesos da imprudência e da insensatez, buscando nos seus caminhos as pegadas das sandálias do Senhor...
mas livrai-nos do mal.
A verdadeira libertação consiste em se aniquilar na Graça de Deus. E não sermos escravos dos prazeres e da luxúria do mundo. Eis a glória maior da sabedoria humana: despojar-se de tudo que se almeja para ser moldura vazia para os encantamentos de Deus na construção da imagem final de nossa alma criada à Sua Imagem e Semelhança. Esta é a nossa petição final: sermos em Deus uma coisa só, sem qualquer pátina de nós mesmos...
Amém.
Que assim seja, para todo o sempre. Que o Pai Nosso nos conduza a todos à Casa do Pai.