quarta-feira, 22 de abril de 2020

O ESCAPULÁRIO AZUL DA IMACULADA CONCEIÇÃO


O chamado Escapulário Azul da Imaculada Conceição é, dentre todos os escapulários aprovados pela Igreja, o mais enriquecido com graças e indulgências. Anexado à Ordem dos Teatinos, após as revelações desta devoção por Nossa Senhora à Venerável Úrsula Benincasa (cujas virtudes foram proclamadas heroicas pelo papa Pio VI, em 7 de agosto de 1793), o Escapulário Azul foi enriquecido com inúmeros privilégios ao longo do tempo, por diferentes documentos papais* (Clemente IX, Clemente XI, Gregório XVI e, particularmente pelo papa Pio IX, que proclamou o dogma da Imaculada Conceição de Nossa Senhora).

* [Decr. Pii VII, die 30 iun. 1818; Breve Leonis XIII, die sept. 1878; Decr. Pii X, die 10 apr. 1913; S. Poenit. Ap., 8. nov. 1934 et 12 iul. 1941].

O fiel devoto deve trazê-lo sempre ao peito, com um firme propósito de rezar pela Igreja, pelo papa e pela conversão dos pecadores, pois tanto a Ordem dos Teatinos (fundada por São Caetano de Tiene e pelo bispo João Pedro Caraffa, depois papa Paulo IV, no século XVI) como a Venerável Benincasa tinham como devoção especial orar pela conversão dos pecadores. A imposição é reservada aos padres teatinos em cerimônias solenes, mas pode ser imposta privadamente por qualquer sacerdote. São os seguintes os muitos, generosos e extraordinários privilégios** desta santa devoção: 

I. Indulgências Plenárias (Sem Confissão e Sem Comunhão)

Ao fiel que usar o Escapulário Azul devidamente imposto, concede-se lucrar as mesmas indulgências plenárias que são concedidas àqueles que visitam as sete basílicas de Roma, a igreja da Porciúncula de Assis, a igreja de Santiago de Compostela e a Terra Santa, cotidianamente, a cada vez que rezarem 6 Pai-Nossos, 6 Ave-Marias e 6 Glórias-ao-Pai, em honra da Santíssima Trindade e da Bem-Aventurada Virgem Maria concebida sem pecado, orando ao mesmo tempo pela exaltação da Santa Igreja Romana e pela extirpação das heresias. 

Para lucrarem-se estas indulgências não é necessário dizer outras orações, nem confessar-se e nem comungar, bastando estar em estado de graça (e este, em caso de pecado grave, pode ser recuperado por um ato de contrição unido ao propósito de confessar-se depois). Todas estas indulgências são aplicáveis aos defuntos (este extraordinário privilégio foi reconhecido e confirmado pela Santa Sé em decreto de 31 de março de 1856, confirmado pelo papa Pio IX em 14 de abril do mesmo ano).

II. Indulgências Plenárias (Condições de Costume)

Ao fiel que usar o Escapulário Azul devidamente imposto, concede-se lucrar uma indulgência plenária a cada dia dos listados abaixo, desde que faça a comunhão nesse dia, reze alguma oração pelas intenções do Papa, tenha arrependimento e propósito de emenda até dos seus pecados veniais e tenha se confessado no dia ou na semana anterior (Decreto do papa Gregório XVI, de 12 de julho de 1846):

- No dia da imposição do escapulário;
- Na hora da morte;
- Todo primeiro domingo do mês;
- Todo sábado da Quaresma;
- Na domingo e na sexta-feira da semana que antecede a Semana Santa;
- Na Quarta, Quinta e Sexta-Feira da Semana Santa;
- Em um dos dias das Quarenta Horas;
- No primeiro e último domingo da novena de Natal;
- Nas festas do Natal, Páscoa, Ascensão, Pentecostes, Invenção e Exaltação da Santa Cruz;
- Nas festas da Imaculada Conceição, da Purificação, da Anunciação, da Assunção e da Natividade de Nossa Senhora;
- No dia 2 de agosto, festa da Porciúncula;
- Nas festas de São Miguel, Anjos da Guarda, São José, São João Batista, São Pedro e São Paulo, Santo Agostinho, Santa Teresa de Ávila e Todos os Santos;
- Uma vez durante qualquer dia de um retiro de ao menos de 3 dias;
- Uma vez em qualquer dia do ano, à escolha da pessoa;
- Nas festas principais dos teatinos, que ocorrem nos dias 24 de março, 12 de abril, 17 de julho, 7 de agosto, 10 de novembro e 13 de dezembro.
- No dia da primeira missa, se o que usa o escapulário é sacerdote;
- Duas vezes ao mês, em dia à escolha da pessoa;

- Pode-se, além disto, ganhar as mesmas indulgências das Estações de Roma, nos dias designados pelo missal, visitando-se nesses dias uma igreja dos teatinos ou, se não for possível, a própria paróquia. Os dias assim designados pelo missal são: os domingos do Advento; os dias 26, 27 e 28 de dezembro; as festas da Circuncisão do Senhor e da Epifania; os domingos da Septuagésima, Sexagésima e Quinquagésima; a quarta-feira de Cinzas e todos os dias que lhe seguem, até ao domingo de Páscoa inclusive; a festa de São Marcos (25 de abril) e os três dias das rogações; a festa da Ascensão; a vigília de Pentecostes e todos os dias da semana que lhe segue e ainda no dias das Quatro Têmporas).

III. Indulgências Parciais

Ao fiel que usa o Escapulário Azul devidamente imposto, concede-se lucrar (bastando estar em estado de graça e ter a intenção geral de ganhar todas as indulgências que puder):

- 60 anos de indulgência pela prática da meditação diária por ao menos meia hora, a cada vez. 
- 20 anos a cada dia das oitavas das festas de Nosso Senhor e outras festas de diversas Ordens Religiosas; 
- 20 anos ao visitar os enfermos, ou, havendo impedimento para tanto, ao rezar 5 Pai-nossos e 5 Ave-Marias pelos enfermos; 
- 7 anos e 7 quarentenas em todas as festas de Nossa Senhora não mencionadas acima; 
- 7 anos e 7 quarentenas cada vez que se confessarem e comungarem; 
- 5 anos e 5 quarentenas cada vez que visitarem uma igreja dos teatinos ou a própria igreja, rezando aí 5 Pai-nossos, 5 Ave-Marias e 5 Glórias-ao-Pai em honra da Santíssima Trindade e da Bem-Aventurada Virgem Maria concebida sem pecado, orando ao mesmo tempo pela exaltação da Santa Igreja Romana e pela extirpação das heresias;
- 300 dias em cada dia da oitava de Pentecostes; 
- 200 dias a cada vez que ouvir uma pregação; 
- 60 dias a cada vez que se fizer qualquer ato de piedade; 
- 50 dias a cada vez que se invocar devotamente os Nomes de Jesus e Maria; 
- 50 dias a cada vez que rezar um Pai-nosso e Ave-Maria pelos fiéis vivos e defuntos.

(Estes períodos de tempo mencionados significam que o fiel recebe, do Tesouro Espiritual da Igreja, uma remissão das penas temporais de seus pecados já perdoados equivalente àquela que receberia um penitente dos primeiros séculos da Igreja por tantos dias ou anos de penitência pública e canônica).

IV. Altar Privilegiado

- Todas as missas que se dizem em qualquer altar, por um defunto que em vida portava o Escapulário Azul, desfrutam dos benefícios de Altar Privilegiado (altar em que cada missa lucra indulgência plenária em favor da alma pela qual se oferece a missa).

** [Meditações Sacerdotais, do Padre Chaignon, S. J., Volume III, 2ª edição, Porto:1935, Edições do Apostolado da Imprensa, p. 785 - 789].

Fórmula de Imposição do Escapulário Azul da Bem-Aventurada Virgem Maria
(Benedictio et Impositio Scapularis Caerulei B. Mariae Virg. Immaculatae)


1. O fiel que vai receber o Escapulário Azul ajoelha-se; o sacerdote, revestido se sobrepeliz e estola branca, diz:

Adiutórium nostrum in nómine Dómini.
- Qui fecit caelum et terram.
Dóminus vobiscum.
- Et cum spíritu tuo.

Oremus: Dómine Iesu Christe, qui tégumen nostrae mortalitátis induére dignatus es, tuae largitátis cleméntiam humíliter imploramus: ut hoc genus vestiménti, quod in honórem et memóriam Conceptiónis beátae Maríae Vírginis immaculátae, nec non ut illo indúti exórent in hóminum pravórum morum reformatiónem, institútum fuit, bene+dícere dignéris; ut hic fámulos tuus, qui eo usus fuérit [vel haec fámula tua, quae eo usa fúerit; vel hi fámuli tui, qui eo usi fúerint; vel hae fámulae tuae, quae eo usae fúerint], éadem beáta María Vírgine intercedénte, te quoque induére mereátur [vel mereántur]: Qui vivis et regnas in sáecula saeculórum. Amen.

2. Em seguida, o sacerdote asperge o Escapulário com água-benta e o impõe ao fiel, dizendo:

Accipe, frater [vel soror], scapuláre Conceptiónis beátae Maríae Vírginis Immaculátae: ut, ea intercedénte, véterem hóminem exútus (a) et ab omni peccatórum inquinaménto mundátus (a), ipsum pérferas sine mácula, et ad vitam pervénias sempitérnam. Per Christum Dóminum nostrum. Amen.

3. Com o Escapulário imposto ao fiel, o sacerdote diz então:

Et ego, ex facultáte mihi concéssa, recípio te [vos] ad participatiónem bonórum ómnium spirituálium, quae in Clericórum Regulárium congregatióne ex grátia Dei fiunt, et quae per Sanctae Sedis Apostólicae privilégium concéssa sunt. In nómine Pátris, et Fílli, + et Spíritus Sancti. Amen.

4. O sacerdote reza então por aquele que recebeu o Escapulário a seguinte oração, fazendo uma genuflexão a cada louvor:

Laudes ac grátiae sint omni moménto, sanctíssimo ac diviníssimo Sacraménto. Et benedícta sit sancta et immaculáta Concéptio beatíssimae Vírginis Maríae, Matris Dei.

5. O sacerdote faz uma pequena alocução fazendo referência explícita aos variados e extraordinários privilégios associados ao Escapulário Azul da Imaculada Conceição.