quinta-feira, 18 de abril de 2019

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

Jesus Cristo morreu para fazer um padre. Não era necessário que o Redentor morresse para salvar o mundo: uma gota de sangue, uma lágrima, uma prece lhe bastava para salvar todos os homens; porque, sendo esta prece de um valor infinito, era suficiente para salvar, não um mundo mas milhares de mundos.

Pelo contrário, foi necessária a morte de Jesus Cristo para fazer um padre: pois, de outro modo, onde se encontraria a Vítima que os padres da Nova Lei oferecem hoje a Deus, Vítima Santíssima, sem mancha, só por si suficiente para honrar a Deus de uma maneira condigna de Deus? O sacrifício da vida de todos os anjos e de todos os homens não seria capaz, como acabamos de dizer, de prestar a Deus a honra infinita, que lhe presta um padre com uma só missa.

(Santo Afonso Maria de Ligório, 'A Selva')

INDULGÊNCIAS PLENÁRIAS DA SEMANA SANTA


No riquíssimo acervo das indulgências concedidas pela Santa Igreja, concessões diversas são dadas aos fieis por ocasião do Tríduo Pascal (Quinta-feira Santa, Sexta-feira Santa e Vigília Pascal) para a obtenção de indulgências plenárias, desde que atendidas as demais condições habituais*:

Quinta-Feira Santa

· Recitação ou canto do hino eucarístico 'Tantum Ergo' durante a solene adoração ao Santíssimo Sacramento que se segue à Missa da Ceia do Senhor;

· Visita e adoração ao Santíssimo Sacramento pelo prazo de meia hora.

Sexta-Feira Santa

· Participação piedosa da Veneração da Cruz na solene celebração da Paixão do Senhor.

Sábado Santo  

· Recitação do Santo Rosário.

· Participação piedosa da celebração da Vigília Pascal, com renovação sincera das promessas do Batismo.

Domingo de Páscoa

· Participação devota e piedosa à benção dada pelo Sumo Pontífice a Roma e ao mundo (bênção Urbi et Orbi), ainda que por rádio ou televisão.


* Condições adicionais para obtenção de uma indulgência plenária:

1. Exclusão de todo afeto a qualquer pecado, inclusive venial.

2. Confissão Sacramental, Comunhão Eucarística e Oração pelas Intenções do Sumo Pontífice. 

(i) estas condições podem ser cumpridas uns dias antes ou depois da execução da obra enriquecida com a Indulgência Plenária, mas é da maior conveniência que a comunhão e a oração pelas intenções do Sumo Pontífice se realizem no mesmo dia em que se cumpre a obra.

(ii) a condição de orar pelas intenções do Sumo Pontífice é cumprida por meio da oração de um Pai Nosso, Ave-Maria e Glória ou uma outra oração segundo a piedosa devoção de cada um.

quarta-feira, 17 de abril de 2019

OREMUS! (107)

A sequência completa destes pensamentos e reflexões é publicada diariamente na Página OREMUS na Biblioteca Digital deste blog.

17 DE ABRIL

Sine intermissione orate [orai sem cessar (1Ts 5,17)]

A um grupo de crianças, um sacerdote narrava os milagres de um santo quando uma delas, inocentemente, lhe perguntou: 'Padre, porque o senhor também não é um santo?' Essa pergunta impressionou o sacerdote que reconheceu depois: 'Não sou um santo porque não rezo'.

É São Bernardo quem nos mostra o resultado da oração: a) Mentem purificat [purifica o espírito] — os pensamentos se elevam, arejados; b) Regit affectus [rege as afeições]  — os sentimentos e afetos não ficam às soltas; c) dirigit actus [direciona as ações] — o nosso trabalho deixa de ser mera agitação; d) corrigit excessus [corrige os excessos] — porque os mostra e indica os meios de correção; e) componit mores [regula os costumes] — sobrenaturaliza a nossa vida; f) vitam honestat et ordinat [dá rumo e ordem à vida] — a união com Deus põe tudo no seu devido lugar.

Compreendemos São Tiago recomendando: Tristatur aliquis vestrum? Oret. Aequo animo est? Psallat. [Alguém dentre vós está triste? Re­ze! Está alegre? Cante. (Tg 5,13)]. Quantas vezes eu me perguntar: 'por que não sou um santo?', tantas vezes terei que responder, com minha consciência: 'Não sou um santo porque não levo uma vida de oração'. E se eu não rezo, não serei nunca o padre que sonhei ser um dia.

(Oremus — Pensamentos para a Meditação de Todos os Dias, do Pe. Isac Lorena, 1963, com complementos de trechos traduzidos do latim pelo autor do blog)

terça-feira, 16 de abril de 2019

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

O tempo agora é tempo de confissão. Confessa o que cometeste por palavra ou ação, de dia ou de noite. Confessa no tempo propício e receba, no dia da salvação, o tesouro celeste. Limpa tua jarra para conter graça mais abundante pois a remissão dos pecados é dada igualmente a todos, mas a comunicação do Espírito Santo é concedida a cada um segundo a fé. Se trabalhares pouco, receberás pouco; se fizeres muito, grande será a recompensa. Corre em teu próprio proveito. Se tens algo contra outro, perdoa. Se tu te aproximas para receber o perdão dos pecados é necessário primeiro perdoar a quem te ofendeu.

(São Cirilo, bispo de Jerusalém)


segunda-feira, 15 de abril de 2019

QUANDO O INFERNO É AQUI...

Catedral Notre Dame (Nossa Senhora) de Paris. Localizada na Île de la Cité (pequena ilha localizada no centro de Paris e rodeada pelas águas do rio Sena), levou 180 anos para ser concluída (1163 - 1345) e tem mais de oito séculos de existência. A catedral é um dos maiores símbolos do catolicismo da França, aquela que já foi chamada de 'a filha primogênita da Igreja', nascida e remida pela fé de gigantes como São Remígio, São Luís de Montfort e Joana D' Arc. Uma catedral em chamas e em cinzas. O fim de uma era?




domingo, 14 de abril de 2019

HOSANA AO FILHO DE DAVI!

Páginas do Evangelho - Domingo de Ramos


No Domingo de Ramos, tem início a Semana Santa da paixão, morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Jesus entra na cidade de Jerusalém para celebrar a Páscoa judaica com os seus discípulos e é recebido como um rei, como o libertador do povo judeu da escravidão e da opressão do império romano. Mantos e ramos de oliveira dispostos no chão conformavam o tapete de honra por meio do qual o povo aclamava o Messias Prometido: 'Hosana ao Filho de Davi: bendito seja o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel; hosana nas alturas'.

Jesus, montado em um jumento, passa e abençoa a multidão em polvorosa excitação. Ele conhece o coração humano e pode captar o frenesi e a euforia fácil destas pessoas como assomos de uma mobilização emotiva e superficial; por mais sinceras que sejam as manifestações espontâneas e favoráveis, falta-lhes a densidade dos propósitos e a plena compreensão do ministério salvífico de Cristo. Sim, eles querem e preconizam nEle o rei, o Ungido de Deus, movidos pelas fáceis tentações humanas de revanche, libertação, glória e poder. Mas Jesus, rei dos reis, veio para servir e não para reinar sobre impérios forjados pelos homens. '... meu reino não é deste mundo' (Jo 18, 36). Jesus vai passar no meio da multidão sob ovações e hosanas de aclamação festiva; Jesus vai ser levado sob o silêncio e o desprezo de tantos deles, uns poucos dias depois, para o cimo de uma cruz no Gólgota.

Neste Domingo de Ramos, o Evangelho evoca todas as cenas e acontecimentos que culminam no calvário de Nosso Senhor Jesus Cristo: os julgamentos de Pilatos e Herodes, a condenação de Jesus, a subida do calvário, a crucificação entre dois ladrões e a morte na cruz...'Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito' (Lc 23,46). E desnuda a perfídia, a ingratidão, a falsidade e a traição dos que se propõem a amar com um amor eivado de privilégios e concessões aos seus próprios interesses e vantagens. 

A fé é forjada no cadinho da perseverança e do despojamento; sem isso, toda crença é superficial e inócua e, ao sabor dos ventos, tende a se tornar em desvario. Dos hosanas de agora ao 'Crucifica-O! Crucifica-O!' (Lc 23, 20) de mais além, o desvario humano fez Deus morrer na cruz. O mesmo desvario, o mesmo ultraje, a mesma loucura que se repete à exaustão, agora e mais além no mundo de hoje, quando, em hosanas ao pecado, uma imensa multidão, em frenesi descontrolado, crucifica Jesus de novo em seus corações! 

SENHOR DOS PASSOS


Nosso Senhor dos Passos é a devoção celebrada pela Santa Igreja, desde a Idade Média, em memória à Via Crucis percorrida por Jesus na sua Paixão e Morte no Calvário. Jesus é representado com a cruz às costas, símbolo maior da fé cristã: pela cruz, fomos resgatados do pecado; pela cruz, nos foi legada a salvação da humanidade. A devoção teve início com a visita dos cruzados aos lugares santos do caminho para o Calvário percorrido por Jesus, fixados nas 14 estações da Via sacra, no século XVI:

I. Jesus é condenado à morte
II. Jesus carrega a Cruz às costas
III. Jesus cai pela primeira vez
IV. Jesus encontra a sua Mãe
V. Simão Cirineu ajuda Jesus a carregar a Cruz
VI. Verônica limpa o rosto de Jesus
VII. Jesus cai pela segunda vez
VIII. Jesus encontra as mulheres de Jerusalém
IX. Terceira queda de Jesus
X. Jesus é despojado de suas vestes
XI Jesus é pregado na Cruz
XII. Morte de Jesus na Cruz
XIII. Descida do corpo de Jesus da Cruz
XIV. Sepultamento de Jesus

Neste tempo da Quaresma e às vésperas da Semana Santa, esta devoção é comumente celebrada sob a forma de duas procissões distintas:

(i) a primeira é a chamada 'Procissão do Depósito' (comumente realizada no 'Sábado dos Passos', que antecede o Domingo de Ramos), em que a imagem velada de Nosso Senhor dos Passos é conduzida até uma determinada igreja (procissão similar é comumente realizada no dia anterior, com a imagem de Nossa Senhora das Dores);

(ii) a segunda é a chamada 'Procissão do Encontro', na qual a imagem do Senhor dos Passos é levada ao encontro de sua Mãe Santíssima (representada em outra procissão, vinda de direção diferente, como Nossa Senhora das Dores), que haviam sido previamente encerradas em igrejas próximas, pelas respectivas procissões de depósito.

A procissão do encontro, em muitas regiões, acontece na Quarta-feira Santa à noite; em outras, é comumente realizada na tarde do Domingo de Ramos. De acordo com uma tradição muito antiga, são as mulheres que devem fazer a procissão que conduz a imagem de Nossa Senhora das Dores, com cantos penitenciais e com figuras bíblicas representando Maria Madalena, Verônica e outras mulheres que acompanharam a caminhada de Jesus para o Calvário. A outra procissão fica ao encargo dos homens, que carregam a imagem do Senhor dos Passos, figura de Jesus Cristo coroado de espinhos e carregando uma cruz. 

As duas procissões, convergem, então, para o local do encontro, onde é proferido o chamado 'Sermão do Encontro', no qual são relembrados os fatos ocorridos na Sexta-feira Santa e se recorda as dores de Nossa Senhora e o sofrimento de Jesus, conclamando o povo à penitência e à conversão. Nesta exortação, o pregador proclama o chamado 'Sermão das Sete Palavras', alusão direta às sete breves frases pronunciadas por Jesus durante a sua crucificação: 

1. 'Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem' (Lc 23,34);
2. 'Hoje estarás comigo no paraíso' (Lc 23,43);
3. 'Mulher eis aí o teu filho, filho eis aí a tua mãe' (Jo 19,26-27);
4. 'Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonastes?!' (Mc 15,34);
5. 'Tenho sede' (Jo 19,28);
6. 'Tudo está consumado' (Jo 19,30);
7. 'Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito' (Lc 23,46).

Após o sermão, Verônica entoa um hino e mostra a toalha ensanguentada com a face de Cristo. A parte final da procissão consiste na condução conjunta de ambas as imagens até um destino final, representando os Passos da Paixão no caminho do Calvário. O evento é, então, finalizado, com o chamado 'Sermão do Calvário', que proclama as dores e sofrimentos de Jesus ao longo de sua condenação, paixão, crucificação e morte na cruz.

ORAÇÕES A NOSSO SENHOR DOS PASSOS

'Ó Jesus, relembro tua Paixão, teu Calvário e tuas dores. Olhando as imagens do Senhor carregando a Cruz, imagens com as quais te invocamos sob o título de Nosso Senhor dos Passos e veneramos como símbolos de teu sacrifício e representação de teu ato de amor salvífico, que foi teu sacrifício na cruz, te pedimos como teu discípulo Pedro: Senhor, salva-nos! Salva-nos por tua Cruz, salva-nos por teu sangue; salva-nos por tua misericórdia; salva-nos por teu amor e cura-nos de nossas feridas tanto físicas quanto espirituais, emocionais e psíquicas. Amém'.

'Meu Jesus, Senhor dos Passos, açoitado, coroado de espinhos, escarnecido e cuspido, condenado à morte, carregado com a cruz, caído por terra, pregado no madeiro! Vós sois a Vítima das nossa iniquidades. Eu quero acompanhar os vossos dolorosos passos rumo ao Calvário, em cujo cimo consumiu-se a vossa vida. Mas, do vosso sacrifício, brotou a nossa salvação. Senhor dos Passos, perdoai as minhas maldades e apagai os pecados de todo o mundo. Meu Jesus, Senhor dos Passos, tende piedade de nós. Amém'.