sábado, 7 de janeiro de 2017

AS SETE ORAÇÕES E DEVOÇÕES DE FÁTIMA

1. Meu Deus! Eu creio, adoro, espero e Vos amo. Peço-Vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não Vos amam.

(Oração ensinada pelo Anjo em sua Primeira Aparição)

2. Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, eu vos adoro profundamente e Vos ofereço o Preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E, pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores.

(Oração ensinada pelo Anjo em sua Terceira Aparição)

3. Ó Santíssima Trindade, eu Vos adoro. Meu Deus, meu Deus, eu Vos amo no Santíssimo Sacramento. 

(Oração pronunciada por revelação íntima aos videntes quando imersos na Luz de Deus, na Primeira Aparição de Nossa Senhora)

4. Quero que rezeis o Terço todos os dias. 

(Mensagem de Nossa Senhora aos videntes de Fátima em diferentes Aparições)

5. Ó Jesus! É por Vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria.

(Oração ensinada por Nossa Senhora, durante a Terceira Aparição, para ser sempre rezada, mas especialmente após a prática de algum tipo de sacrifício)

6. Ó meu Jesus! Perdoai-nos e livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu, principalmente as que mais precisarem.

(Oração ensinada por Nossa Senhora, durante a Terceira Aparição, para ser rezada após cada mistério do Terço)

7. Devoção dos Cinco Primeiros Sábados

(Revelação de Nossa Senhora à Irmã Lúcia, em Pontevedra /Espanha, em 10 de dezembro de 1925)

PRIMEIRO SÁBADO DE JANEIRO (E DO ANO)


Mensagem de Nossa Senhora à Irmã Lúcia, vidente de Fátima: 
                                                                                                                           (Pontevedra / Espanha)

‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no primeiro sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação.’

DEVOÇÃO PARA O PRIMEIRO SÁBADO


ATO DE DESAGRAVO
AO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA

em reparação contra as blasfêmias cometidas contra a imaculada conceição da Virgem Maria

Ó Coração Doloroso e Imaculado de Maria, transpassado de dor pelas injúrias com que os pecadores ultrajam vosso santo nome e vossas excelsas prerrogativas; eis prostrado aos vossos pés vosso indigno filho, que, oprimido pelo peso das próprias culpas, vem arrependido vos oferecer este ato de reparação contra as injúrias, blasfêmias, indiferenças e injustiças cometidas contra vós pela impiedade dos homens que não vos conhecem.

Neste Primeiro Sábado, ó Coração Doloroso e Imaculado de Maria, desejo reparar particularmente as blasfêmias contra a vossa Imaculada Conceição. Virgem Imaculada, modelo incomparável de pureza e de formosura, por um privilégio especial, Vós fostes preservada do pecado original. Esta pureza sem mancha fez do vosso Coração o santuário do Espírito Santo. E contra este tesouro de graças, homens ímpios ousam vos blasfemar... Feliz, porém, aquele que Vos ama, ó Maria, Mãe dulcíssima, e possa proclamar as bem-aventuranças do vosso Santo Nome nos confins de toda a terra. Que este meu pequeno ato de puro amor e devoção seja depositado no repositório de graças da Santa Igreja em desagravo e reparação às blasfêmias e ofensas cometidas contra a Vossa Imaculada Conceição. 

E que meu ato de amor seja também um ato de esperança e de súplica à vossa misericordiosa mediação:
 concedei-me, ó Imaculado e Doloroso Coração de Maria, o firme propósito de vos ser fiel todos os dias de minha vida, de defender a vossa honra de todos os ultrajes, de propagar com entusiasmo vosso culto e vossas glórias a todos os homens, de amar Vosso Filho de todo o meu coração  e a graça suprema de estar convosco e com Jesus no Céu por toda a eternidade. Amém. 

(rezar 3 Ave Marias em desagravo ao Imaculado Coração de Maria pelas blasfêmias cometidas contra a Imaculada Conceição da Virgem Maria)

Orações e Práticas da Devoção neste Primeiro Primeiro Sábado de 2017:

Confissão*
Sagrada Comunhão
Rezar o Terço
Meditação dos Mistérios do Rosário (15 minutos)

* A confissão pode não ser realizada neste sábado propriamente dito, mas antes, desde que feita com a intenção explícita (interiormente) de se fazê-la para fins de reparação às blasfêmias cometidas contra o Imaculado Coração de Maria no primeiro sábado seguinte. Caso não tenha sido realizada, fazê-la com esta intenção explícita numa próxima confissão.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

DA ALMA ANIQUILADA

‘É mais fácil renunciar ao que se tem do que renunciar ao que se é’ 
(São Gregório)

Quando nos falam de renunciarmos a nós mesmos, de aniquilar-nos; quando nos dizem ser esse o fundo da moral cristã, que consiste isso a adoração em espírito e verdade, tal palavra nos parece dura e até injusta: não queremos ouvi-la e repelimos quem no-lo prega da parte de Deus. Convençamo-nos, uma vez por todas, de que esse preceito nada de injusto encerra e na prática é mais suave do que pensamos. Em seguida, humilhemo-nos se nos faltar coragem para pô-lo em prática e, ao invés de condená-lo condenemos a nós mesmos.

Que nos pede o Senhor, ordenando que nos aniquilemos? Pede fazermos justiça a nós mesmos, colocarmo-nos em nosso lugar e reconhecermo-nos tais quais somos. Quando mesmo tivéssemos nascido e vivido sempre na inocência, quando jamais houvéssemos perdido a graça original, outra coisa não seríamos, por nós mesmos, senão nada; não poderíamos considerar-nos de outro modo sem nos desconhecermos e injustos seríamos pretendendo que diversamente Deus ou os homens nos tratassem. Que se pode dever ao que nada é? Que pode exigir o que nada é? Se a sua própria existência é uma graça, também e com razão maior é tudo quanto tem. Há, portanto, injustiça formal da nossa parte em nos recusarmos ser tratados e tratar-nos a nós mesmos como verdadeiros nadas.

...

Isto como já se disse, seria justo, quando mesmo tivéssemos conservado a nossa primeira inocência. Mas, se nascemos culpados, se estamos inteiramente cobertos de pecados pessoais, se contraímos infinitas dívidas para com a justiça divina, se merecemos não sei quantas vezes a condenação eterna, não é para nós castigo demasiado brando só sermos tratados como nadas? E não deve o pecador colocar-se infinitamente abaixo do que nada é? Se qual for a provação imposta a ele por Deus, sejam quais forem os maus tratos suportados do próximo, terá direito de se queixar? Poderá acusar de rigor excessivo a Deus ou de injustiça os homens? Não deve, antes, considerar-se muito feliz em resgatar, com alguma pena temporal, tormentos eternos? 

Se a religião não é uma ilusão, se é verdade o que a fé nos ensina acerca do pecado e dos suplícios que lhe estão reservados, como pode entrar no espírito de um pecador - a quem Deus se dispõe a perdoar - que não merece tudo quanto se possa suportar de males neste mundo, embora dure sua vida milhões de séculos? Sim, é injustiça soberana, é monstruosa ingratidão de quem ofendeu a Deus (e quem de nós não O ofendeu?) não aceitar de boa fé em reconhecimento, por amor, por dedicação aos interesses de Deus, tudo quanto de sofrimentos, se essas humilhações aprouver à divina bondade enviar-lhe. 

E que será se tais sofrimentos, se essas humilhações passageiras são, não só a compensação do inferno, mas o preço de uma felicidade eterna, o preço da posse eterna de Deus; se no céu seremos glorificados na proporção do nosso aniquilamento aqui na terra? Teremos ainda horror a nos aniquilarmos? Pensaremos que é nos fazer mal, quando, por sermos pecadores e para emergirmos do nada, exige-se a renúncia completa do nosso eu, com a promessa de uma recompensa que sempre durará?

Acrescento que semelhante forma de aniquilamento, contra a qual a natureza tanto se insurge e clama, ao invés de tão penosa como imaginamos, é até suave, porque antes de tudo Jesus Cristo a declarou tal: Tomai sobre vós o meu jugo, disse Ele; é doce e leve. Por mais pesado que seja esse jugo, Deus o suaviza para os que o tomam de boa vontade e consentem em carregá-lo por seu amor. O amor não nos impede de sofrer, mas faz como que amemos o sofrimento e torna-o preferível e a todos os prazeres.

A recompensa presente do aniquilamento é a paz do coração, a calma das paixões, a cessação de todas as agitações do espírito, das murmurações, das revoltas interiores. Vejamos, em pormenores, a prova disto. Qual é o maior mal do sofrimento? Não é a própria dor, é a revolta, a sublevação interior que a acompanha. A alma aniquilada sofreria todos os males imagináveis sem perder o repouso conexo ao seu estado: é fato de experiência. Custa-nos conseguir o nosso aniquilamento, temos que fazer grandes esforços sobre nós mesmos: mas também gozamos da paz na proporção das vitórias alcançadas.

O hábito de renunciarmos a nós mesmos, de não atendermos ao nosso eu, torna-se cada dia mais fácil; admiramo-nos de que não nos faça mais sofrer, no fim de certo tempo, aquilo que nos parecia intolerável, assustava a imaginação, sublevava as paixões e punha a natureza em estado violento. Nos desprezos, nas calúnias, humilhações, o que no-las torna tão duras de suportar é o nosso orgulho; é o nosso desejo de ser estimados, considerados, tratados com certas atenções; é o pavor que temos das zombarias e do desprezo do próximo. Eis o que nos agita e enche de indignação, o que nos torna a vida amarga e insuportável. Trabalhemos com afinco para aniquilar-nos; não demos alimento nenhum ao orgulho, deixemos caírem todos os artifícios de estima e amor próprio, aceitemos interiormente as pequenas mortificações que se apresentarem.

Pouco a pouco chegaremos a não mais nos inquietarmos com o que se pensa e diz de nós, nem com o modo pelo qual nos tratam. Um morto nada sente; para ele não há honra nem reputação; os louvores e as injúrias lhe são indiferentes. A maior parte dos sofrimentos e desgostos por que passamos no serviço de Deus provém de não estarmos bastante aniquilados em Sua presença, de conservarmos certa vida própria no meio dos nossos exercícios, de imiscuir-se um secreto orgulho em nossa devoção. 

E por isso não somos indiferentes às consolações e à sua falta; sofremos quanto Deus parece afastar-se de nós; esgotamo-nos em desejos e esforços tendentes a fazê-lO voltar; ficamos abatidos e desolados, se o afastamento perdura muito. Por isso também temos falsos alarmes a respeito do nosso estado. Afigura-se-nos estarmos mal com Deus, porque Ele nos priva de algumas doçuras sensíveis. Julgamos más as nossas comunhões, porque as fazemos sem gosto, a mesma coisa acontecendo quanto às nossas leituras, orações e outras práticas. 

Sirvamos a Deus com espírito de aniquilamento; sirvamo-Lo por Ele e não em atenção a nós; sacrifiquemos os nossos interesses à sua glória e ao seu bel-prazer; então, estaremos sempre contentes com o seu modo de tratar-nos, persuadidos de que nada merecemos e de ser imensa a bondade de sua parte, não digo aceitando, porém suportando os nossos serviços. Nas grandes tentações contra a pureza, a fé, a esperança,o que há de mais penoso para nós não é precisamente o temor de ofender a Deus, senão o medo de perder-nos, ofendendo-O. É o nosso interesse que nos ocupa muito mais do que a sua glória.

Eis a razão de ter um confessor tanta dificuldade em tranquilizar-nos e reduzir-nos à obediência. Cremos que ele nos engana, transvia e perde, porque nos obriga a deixar de lado as nossas vãs apreensões. Aniquilemos o nosso conceito; não julguemos por nós mesmos. Encontraremos a paz e paz perfeita, no esquecimento total de nós mesmos. Nada há no céu, na terra, nem do inferno, capaz de perturbar a alma verdadeiramente aniquilada.

(Excertos da obra 'Manual das Almas Interiores', do Pe. Juan Nicolás Grou)

PORQUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS (E DO ANO)


A Grande Revelação do Sagrado Coração de Jesus foi feita a Santa Margarida Maria Alacoque durante a oitava da festa de Corpus Christi de 1675...

         'Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia. Entretanto, o que Me é mais sensível é que há corações consagrados que agem assim. Por isto te peço que a primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa particular para  honrar Meu Coração, comungando neste dia, e O reparando pelos insultos que recebeu durante o tempo em que foi exposto sobre os altares ... Prometo-te que Meu Coração se dilatará para derramar os influxos de Seu amor divino sobre aqueles que Lhe prestarem esta honra'.


... e as doze Promessas:
  1. A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de meu Sagrado Coração.
  2. Eu darei aos devotos do meu Coração todas as graças necessárias a seu estado.
  3. Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias.
  4. Eu os consolarei em todas as suas aflições.
  5. Serei seu refúgio seguro na vida, e principalmente na hora da morte.
  6. Lançarei bênçãos abundantes sobre todos os seus trabalhos e empreendimentos.
  7. Os pecadores encontrarão em meu Coração fonte inesgotável de misericórdias.
  8. As almas tíbias se tornarão fervorosas pela prática dessa devoção.
  9. As almas fervorosas subirão em pouco tempo a uma alta perfeição.
  10. Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais empedernidos.
  11. As pessoas que propagarem esta devoção terão os seus nomes inscritos para sempre no meu Coração.
  12. A todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna.

    ATO DE DESAGRAVO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS 
    (rezai-o sempre, particularmente nas primeiras sextas-feiras de cada mês)

Dulcíssimo Jesus, cuja infinita caridade para com os homens é deles tão ingratamente correspondida com esquecimentos, friezas e desprezos, eis-nos aqui prostrados, diante do vosso altar, para vos desagravarmos, com especiais homenagens, da insensibilidade tão insensata e das nefandas injúrias com que é de toda parte alvejado o vosso dulcíssimo Coração.

Reconhecendo, porém, com a mais profunda dor, que também nós, mais de uma vez, cometemos as mesmas indignidades, para nós, em primeiro lugar, imploramos a vossa misericórdia, prontos a expiar não só as nossas próprias culpas, senão também as daqueles que, errando longe do caminho da salvação, ou se obstinam na sua infidelidade, não vos querendo como pastor e guia, ou, conspurcando as promessas do batismo, renegam o jugo suave da vossa santa Lei.

De todos estes tão deploráveis crimes, Senhor, queremos nós hoje desagravar-vos, mas particularmente das licenças dos costumes e imodéstias do vestido, de tantos laços de corrupção armados à inocência, da violação dos dias santificados, das execrandas blasfêmias contra vós e vossos santos, dos insultos ao vosso vigário e a todo o vosso clero, do desprezo e das horrendas e sacrílegas profanações do Sacramento do divino Amor, e enfim, dos atentados e rebeldias oficiais das nações contra os direitos e o magistério da vossa Igreja.

Oh, se pudéssemos lavar com o próprio sangue tantas iniquidades! Entretanto, para reparar a honra divina ultrajada, vos oferecemos, juntamente com os merecimentos da Virgem Mãe, de todos os santos e almas piedosas, aquela infinita satisfação que vós oferecestes ao Eterno Pai sobre a cruz, e que não cessais de renovar todos os dias sobre os nossos altares.

Ajudai-nos, Senhor, com o auxílio da vossa graça, para que possamos, como é nosso firme propósito, com a viveza da fé, com a pureza dos costumes, com a fiel observância da lei e caridade evangélicas, reparar todos os pecados cometidos por nós e por nossos próximos, impedir, por todos os meios, novas injúrias à vossa divina Majestade e atrair ao vosso serviço o maior número possível de almas.

Recebei, ó Jesus de Infinito Amor, pelas mãos de Maria Santíssima Reparadora, a espontânea homenagem deste nosso desagravo, e concedei-nos a grande graça de perseverarmos constantes até a morte no fiel cumprimento dos nossos deveres e no vosso santo serviço, para que possamos chegar todos à Pátria bem-aventurada, onde vós, com o Pai e o Espírito Santo, viveis e reinais, Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

NO LIMIAR DO SOBRENATURAL (VIII)

O cardeal József Mindszenty com os seus libertadores em Budapeste, em 31 de outubro de 1956

O Cardeal József Mindszenty e Primaz da Hungria foi um grande herói da resistência católica contra o regime comunista.  Nasceu na então Hungria-Áustria em 29 de março de 1892. Foi ordenado padre em 12 de junho de 1915 e nomeado cardeal em 18 de fevereiro de 1946 pelo Santo Padre Papa Pio XII. O Cardeal Mindszenty foi preso pelas autoridades comunistas em dezembro de 1948 e condenado à prisão perpétua na Hungria no ano seguinte. 

Sob pressões, torturas e restrições extremas, o cardeal sofria particularmente pela proibição de celebrar a Santa Missa. Eis que uma certa manhã, apresentou-se diante dele nada mais nada menos que o Padre Pio de Pietrelcina com todos os dispositivos e acessórios necessários para a celebração do culto. O cardeal pôde então celebrar formalmente a Santa Missa, auxiliado pelo Padre Pio. Terminada a celebração, ambos conversaram em separado por um curto período e o Padre Pio se foi com tudo o que havia levado. Este registro de bilocação, como vários outros, constitui parte das atas do processo de canonização do Padre Pio de Pietrelcina.

Uma das testemunhas do processo foi Angelo Battisti, funcionário da Secretaria de Estado do Vaticano, que relatou que, em uma noite de março em 1965, perguntou ao frade estigmatizado: 'Padre, o Cardeal Mindszenty o reconheceu?' Depois de uma primeira reação de irritação, o santo de Gargano respondeu: 'Que diabos, nós nos encontramos e conversamos, e você acha que ele não teria me reconhecido?'  Ao final, o padre concluiu: 'Lembre-se de orar por esse grande confessor da fé, que tanto sofreu pela Igreja'.

Com a revolta popular em 1956, o cardeal foi libertado da prisão. Poucos dias depois, a revolta foi esmagada pelo regime comunista, obrigando o cardeal a refugiar-se na Embaixada dos EUA em Budapeste, onde permaneceu até 1973 quando, por determinação expressa do Papa Paulo VI, teve que abandonar a Hungria, fixando-se na Áustria, país vizinho. O Cardeal József Mindszenty faleceu em seu exílio em Viena em 6 de maio de 1975, aos 83 anos de idade. Em 1991, o seu corpo foi exumado e encontrado incorrupto, mesmo após 16 anos de sua morte.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

DO LIVRO DAS CINTILAÇÕES (III)

Do Livro das Cintilações*- III

XI - O afastamento do mundo

60. Disse o Senhor no Evangelho: Quem quer que, por amor a Meu nome, deixe casas, irmãos ou irmãs, ou pai, ou mulher, ou filhos, ou campos, receberá o cêntuplo e possuirá a vida eterna (Mt 19,29).

61. Disse Gregório: Difícil não é entregar seus bens; difícil é entregar-se a si mesmo. É mais fácil renunciar ao que se tem do que ao que se é (Hom. Ev., 5, 2; PL 76, 1233).

XII - O temor

62. Disse o Senhor no Evangelho: Não temais aqueles que matam o corpo mas não podem matar a alma; temei, antes, Aquele que pode lançar alma e corpo na geena (Mt 10,28).

63. Disse Gregório: Temer a Deus é não omitir nada do que devemos fazer (Mor. I, 3, 3).

XIII - A virgindade

64. Disse Jerônimo: O número cem, o primeiro mencionado, corresponde à coroa das virgens, pela virgindade. O número sessenta é o das viúvas, pelo peso da continência. O número trinta, em terceiro lugar, atesta os laços do casamento por consentimento verbal e recíproco (Ep. 123,8).

XIV - A justiça

65. Disse o Senhor no Evangelho: Buscai primeiro o reino de Deus e todo o resto vos será dado por acréscimo (Mt 6,33).

66. Disse o Senhor no Evangelho: Não os sãos, mas os doentes é que têm necessidade de médico. Eu não vim chamar os justos mas os pecadores (Lc 5,31-32).

67. Disse Gregório: A justiça, se não tem flexibilidade, perverte-se em crueldade (Hom. Ez., I, 3, 8; PL 76, 809).

XV - A inveja

68. Disse o Senhor no Evangelho: Não julgueis uns aos outros (Mt 7,1).

69. Disse o Senhor no Evangelho: Guardai-vos do fermento dos fariseus (Mt 16,6).

70. Disse Pedro Apóstolo: Deixai toda a maldade, todo o dolo e fingimento, as maledicências e as invejas (I Pe 2,1).

71. Disse Paulo Apóstolo: A caridade não é invejosa (I Cor 13,4).

72. Disse Paulo Apóstolo: Há os que pregam a Cristo por inveja e há os que O pregam de boa vontade (Fil 1,15).

73. Disse Salomão: A vida do corpo é um coração sadio; a podridão dos ossos é a inveja (Prov 14,30).

74. Disse Salomão: Não comas com o invejoso, não desejes seus manjares, pois, tal como o adivinho, ele julga sobre o que ignora. "Come e bebe", ele te diz, mas seu coração não está contigo (Prov 23,6-7).

75. Disse Agostinho: A inveja consome toda a virtude (Serm. ad fratres in eremo 18; PL 40, 1264).

76. Disse Agostinho: Mais do que qualquer outra coisa, são a inveja e o ciúme que deixam a alma bêbada.

77. Disse Agostinho: Onde há inveja não pode haver amor fraterno (In Ep. Ioh. V, 8; PL 35, 2016).

78. Disse Agostinho: Quem inveja, não ama; o pecado do diabo está nele, pois o diabo caiu por inveja (In Ep. Ioh. V, 8; PL 35, 2016-2017).

79. Disse Agostinho: Foi por inveja que crucificaram a Cristo. E assim, quem inveja seu irmão, crucifica a Cristo.

80. Disse Jerônimo: A inveja sempre persegue as virtudes (Ep. 108, 18, 1).

81. Disse Jerônimo: Grande é a virtude daquele que, pela humildade, supera a inveja (Ep. 60, 10, 5; PL 22, 595).

82. Disse Ambrósio: O invejoso faz do bem alheio seu próprio suplício.

83. Disse Isidoro: O que para o homem bom é de proveito, é precisamente o mesmo que faz o invejoso definhar (Sent., III, 25, 1; PL 83, 700).

84. Disse Isidoro: O invejoso é um membro do diabo: pela inveja dele, entrou a morte no mundo (Sent., III, 25, 3; PL 83, 700).

85. Disse Isidoro: A inveja morde a inteligência, queima o peito, ataca o espírito. A inveja, como uma peste, devasta o coração do homem. O amor impede que nasça a inveja. (Syn., II, 37; PL 83, 854).

XVI - O silêncio

86. Disse o Senhor no Evangelho: O homem bom, do bom tesouro de seu coração, tira o que é bom; o homem mau, o que é mau (Mt 12, 35).

XVII - A soberba

87. Disse o Senhor no Evangelho: Todo aquele que se exalta será humilhado; quem se humilha será exaltado (Lc 14,11).

88. Disse Agostinho: Devemos evitar a soberba. Se ela soube enganar até os anjos, tanto mais pode ela destruir os homens.

89. Disse Jerônimo: A culpa é grave quando à inexperiência e à negligência ajunta-se a soberba (In Mt. 25, 24; PL 26, 187).

90. Disse Jerônimo: Não há nada que o cristão deva mais evitar do que o aspecto arrogante, que atrai contra si o ódio de Deus (Ep. 76, 1, 1).

91. Disse Ambrósio: A soberba fez dos anjos, demônios; a humildade torna os homens semelhantes aos santos. A vontade soberba leva a desprezar os preceitos de Deus; a humilde, a guardá-los. Os soberbos procuram que se proclame o que nem sequer fizeram; os humildes procuram não dar a conhecer o bem que realmente praticaram (Iulian. Pomer. De vita contemplativa III, 3, 1; PL 59, 478).

92. Disse Isidoro: A rainha e mãe dos vícios capitais é a soberba; sempre que se peca, há soberba (Sent., III, 37, 8; PL 83, 639).

XVIII - A sabedoria

93. Disse o Senhor no Evangelho: Sede prudentes como serpentes e simples como pombas (Mt 10,16).

94. Disse Paulo Apóstolo: A sabedoria deste mundo é tolice perante Deus (I Cor 3,19).

95. Disse Jerônimo: É muito melhor o falar não erudito do que a mentira em eloquente discurso (Ep. 18 A, 4, 2; PL 22, 363).

96. Disse Isidoro: Conhecemos retamente a Deus quando renunciamos a conhecê-lO perfeitamente (Sent., I, 5; PL 83, 599).

97. Disse Isidoro: Ninguém é mais culpável do que aquele que ignora Deus (Sent., I, 6; PL 83, 600).

98. Disse Isidoro: Simplicidade com ignorância chama-se tolice; simplicidade com prudência, sabedoria (Sent., I, 10; PL 83, 600).

99. Disse Isidoro: Há muitos que conhecem a Deus pelos estudos, mas não O veneram pelas ações (Syn., 2, 65; PL 83, 860).

XIX - A ira

100. Disse Salomão: A resposta doce quebra a ira; uma palavra dura excita o furor (Prov 15,1).

101. Disse Jesus, filho de Sirach: Evita rixas com o iracundo (Eclo 8,19).

102. Disse Jesus, filho de Sirach: Não há cabeça pior do que a cabeça de uma cobra; não há ira pior do que a ira do inimigo (Eclo 25,22-23).

103. Disse Jesus, filho de Sirach: Lembra-te de temer a Deus e não te enfurecerás contra teu próximo (Eclo 28, 8).

XX - A vanglória

104. Disse o Senhor no Evangelho: Não busqueis fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles; senão, não recebereis a recompensa de vosso Pai (Mt 6,1).

105. Disse Jerônimo: Quem não procura a glória não deve se ressentir da falta de glória (In Mt. 5, 12; PL 26, 35).

106. Disse Gregório: Os santos não só não desejam uma glória que não lhes compete, mas recusam até mesmo a que sabem possuir (Moral. 18, 8, 13; PL 76, 44).

* (Liber Scintillarum, escrito por volta do ano 700, constitui uma coletânea de máximas e sentenças compiladas das Sagradas Escrituras ou proclamadas pelos Pais da Igreja, organizadas por um monge - que se autodenomina 'Defensor' - do Mosteiro de São Martinho de Ligugé; tradução de Jean Lauand)

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

DEVOÇÃO DOS CINCOS PRIMEIROS SÁBADOS DE 2017

A ORIGEM DA DEVOÇÃO

Na terceira aparição, em Fátima, em 13/7/1917, a Santíssima Virgem anunciou às crianças das aparições que viria pedir a comunhão reparadora nos primeiros sábados.

O ANÚNCIO DA DEVOÇÃO

Na noite de quinta-feira, 10 de dezembro de 1925, a Irmã Lúcia dos Santos, então postulante na casa doroteana em Pontevedra / Espanha, encontrava-se sozinha na sua cela, após o jantar, quando recebeu a visita da Mãe de Deus, tendo ao seu lado o Menino Jesus, em cima de uma nuvem luminosa, que lhe deu a seguinte mensagem: 


‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no primeiro sábado, se confessarem, receberem a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação destas almas'.
SOBRE A CONFISSÃO

No dia 15 de fevereiro de 1926, ocorreu uma nova aparição do Menino Jesus. Ele perguntou então à Lúcia se ela já tinha difundido a devoção à sua Santíssima Mãe. A Irmã Lúcia apresentou a dificuldade que algumas almas tinham de se confessar ao sábado, e pediu para ser válida a confissão de oito dias. Eis a resposta de Jesus:

'Sim, pode ser de muitas [maneiras] mais ainda, contanto que, quando Me receberem, estejam em graça, e que tenham a intenção de desagravar o Imaculado Coração de Maria'

A RAZÃO DOS CINCO PRIMEIROS SÁBADOS

Quando a Irmã Lúcia perguntou mais tarde a Nosso Senhor a razão da devoção abranger Cinco Primeiros Sábados, Ele respondeu:

'Minha filha, o motivo é simples: são cinco as espécies de ofensas e blasfêmias proferidas contra o Imaculado Coração de Maria:
  • contra a Imaculada Conceição;
  • contra a Sua Virgindade;
  • Contra a Maternidade Divina, recusando, ao mesmo tempo, recebê-La como Mãe dos homens;
  • os que procuram publicamente infundir, nos corações das crianças, a indiferença, o desprezo, e até o ódio para com esta Imaculada Mãe;
  • os que A ultrajam diretamente nas Suas sagradas imagens.
Eis, Minha filha, o motivo pelo qual o Imaculado Coração de Maria Me levou a pedir esta pequena reparação; e em atenção a ela, mover a Minha misericórdia ao perdão ...'

(Memórias e Cartas da Irmã Lúcia, Porto, 1973)

SOBRE A PRÁTICA DA DEVOÇÃO

'Não sei se já conhece a devoção reparatória dos Cinco Primeiros Sábados ao Coração Imaculado de Maria. Como ainda é recente, gostaria de a inspirar a que a praticasse, porque está pedida pela nossa querida Mãe do Céu e Jesus manifestou o desejo de que fosse praticada. Também, acho que seria afortunada, querida madrinha, não só de a saber e de dar a Jesus o consolo de a praticar, mas também de a tornar conhecida e seguida por muitos outros.

Consiste nisso: durante cinco meses, no primeiro sábado, receber a Jesus em Comunhão, recitar um Rosário, fazer companhia a Nossa Senhora durante quinze minutos meditando nos mistérios do Rosário, e fazer uma confissão. Esta confissão pode ser feita com uns dias de antecedência e, se nesta confissão prévia, for esquecida a intenção (requerida), esta pode ser oferecida na confissão seguinte, desde que, no primeiro sábado, recebam a Santa Comunhão em estado de graça, com a intenção de reparação pelas ofensas contra a Santíssima Virgem e que afligem o Seu Coração Imaculado.

Querida madrinha, acho que somos afortunadas de poder dar a Nossa Querida Mãe do Céu esta prova de amor, pois sabemos que Ela deseja que lhe seja oferecida. Por mim, confesso que nunca estou tão contente como quando chega o primeiro sábado. Não é verdade que a nossa maior felicidade é pertencer completamente a Jesus e a Maria e amá-los a Eles e a Eles só, sem reserva? Vemos isto tão evidentemente nas vidas dos santos… eles foram felizes porque amavam, e nós, querida madrinha, devemos procurar amar como eles, não só para desfrutar de Jesus, que é de menos importância - porque se não desfrutamos de Ele cá em baixo, desfrutaremos de Ele lá em cima - mas para dar a Jesus e a Maria o consolo de ser amados... e que em troca desse amor eles possam salvar muitas almas'.

(Carta de Lúcia a sua madrinha, Dona Maria de Miranda, de 01 de novembro de 1927, dando-lhe ciência e a incentivando a praticar a devoção dos Cinco Primeiros Sábados ao Coração Imaculado de Maria)

SOBRE A DEVOÇÃO NO INÍCIO DE 2017

Em 13 de maio de 2017, completa-se um século da primeira aparição de Fátima. De hoje até esta data de relevância singular da cristandade, temos 5 Primeiros Sábados: 07 de janeiro, 04 de fevereiro, 04 de março, 01 de abril e 06 de maio. Será uma oportunidade extraordinária de atender os pedidos dos Imaculados Corações de Jesus e Maria e de fazer a Devoção dos 5 Primeiros Sábados (ver as orações correspondentes na Biblioteca Digital deste blog). As orações podem ser feitas de uma única vez ou parcialmente e em separado ao longo do dia.