Uma só coisa pode viciar a nossa confissão e torná-la 'má' ou sacrílega: omitir consciente e deliberadamente a manifestação de um pecado que temos a certeza de ser mortal e que deveríamos confessar. Proceder assim é não querer cumprir uma das condições que Deus nos pede para nos conceder o seu perdão. Se não nos 'abrimos' a Deus, Deus não abrirá o seu tribunal ao perdão. O trágico de uma má confissão é que produz uma reação em cadeia de pecados.
A não ser que – e até que - retifiquemos a confissão inválida, cada confissão e cada comunhão posteriores serão um novo sacrilégio e um novo pecado se acrescentará ao
anterior. Com o passar do tempo, a consciência poderá
insensibilizar-se, mas nunca poderá ter verdadeira paz.
Felizmente, uma má confissão pode ser corrigida com facilidade,
desde que o penitente decida emendar-se.
Basta que diga ao
sacerdote: 'Certa vez fiz uma má confissão e agora quero corrigi-la'. O confessor tomará esta declaração como ponto de partida e,
interrogando com compreensão, ajudará o pecador a descarregar-se do seu pecado.
É necessário sublinhar a frase 'interrogando com
compreensão'. A nossa relutância em confessar uma ação
vergonhosa será muito menor se tivermos presente que aquele a
quem nos dirigimos está cheio de compreensão e afeto.
O
sacerdote sentado do outro lado da grade do confessionário não
está cheio de si nem disposto a franzir o sobrolho a cada falta que
lhe comuniquemos. Ele também é humano. Ele também se
confessa. Em vez de nos desprezar pelo que temos a dizer-lhe,
admirará a humildade com que estaremos vencendo a nossa
vergonha. Quanto maior for o nosso pecado, mais alegria daremos
ao sacerdote com o nosso arrependimento. Se o sacerdote
chegasse a saber quem é o penitente, seu apreço por ele não
diminuiria; ao contrário, aumentaria pela sinceridade e confiança
depositada no confessor.
(Excertos da obra 'A Fé Explicada', de Leo Trese)