sexta-feira, 23 de maio de 2025

SOBRE AS MÁS CONFISSÕES

Uma só coisa pode viciar a nossa confissão e torná-la 'má' ou sacrílega: omitir consciente e deliberadamente a manifestação de um pecado que temos a certeza de ser mortal e que deveríamos confessar. Proceder assim é não querer cumprir uma das condições que Deus nos pede para nos conceder o seu perdão. Se não nos 'abrimos' a Deus, Deus não abrirá o seu tribunal ao perdão. O trágico de uma má confissão é que produz uma reação em cadeia de pecados. 

A não ser que – e até que - retifiquemos a confissão inválida, cada confissão e cada comunhão posteriores serão um novo sacrilégio e um novo pecado se acrescentará ao anterior. Com o passar do tempo, a consciência poderá insensibilizar-se, mas nunca poderá ter verdadeira paz. Felizmente, uma má confissão pode ser corrigida com facilidade, desde que o penitente decida emendar-se. 

Basta que diga ao sacerdote: 'Certa vez fiz uma má confissão e agora quero corrigi-la'. O confessor tomará esta declaração como ponto de partida e, interrogando com compreensão, ajudará o pecador a descarregar-se do seu pecado. É necessário sublinhar a frase 'interrogando com compreensão'. A nossa relutância em confessar uma ação vergonhosa será muito menor se tivermos presente que aquele a quem nos dirigimos está cheio de compreensão e afeto. 

O sacerdote sentado do outro lado da grade do confessionário não está cheio de si nem disposto a franzir o sobrolho a cada falta que lhe comuniquemos. Ele também é humano. Ele também se confessa. Em vez de nos desprezar pelo que temos a dizer-lhe, admirará a humildade com que estaremos vencendo a nossa vergonha. Quanto maior for o nosso pecado, mais alegria daremos ao sacerdote com o nosso arrependimento. Se o sacerdote chegasse a saber quem é o penitente, seu apreço por ele não diminuiria; ao contrário, aumentaria pela sinceridade e confiança depositada no confessor.

(Excertos da obra 'A Fé Explicada', de Leo Trese)