sábado, 30 de novembro de 2024

MEDITAÇÕES PARA CADA DIA DA SEMANA (VII)

  

SÁBADO - SOBRE O PARAÍSO

Meu Deus, eu me arrependo de todo o coração por vos ter ofendido; peço-vos a graça de compreender as verdades que vou meditar e de inflamar-me de amor por Vós. Virgem Santíssima, Mãe de Jesus, rogai por mim.

I. Quanto mais espanta a consideração do Inferno, tanto mais consola a do Paraíso, que foi preparado por Deus para todos os que o amam e servem na vida presente. Para fazeres uma idéia dele, imagina uma noite serena. Que belo é o céu, com tanta multidão e variedade de estrelas! Umas são maiores que outras; enquanto algumas delas aparecem pelo Oriente, outras desaparecem no Ocidente, sendo muito variadas no que diz respeito ao tamanho, cor, etc. Mas todas elas se movem, na imensidão do espaço, com admirável harmonia e segundo a vontade de Deus, seu Criador.

Imagina ademais que a luz do sol te deixe ver durante um belo dia a lua e as estrelas que há no firmamento; imagina também tudo o que há de precioso no mar, na terra, nos diversos países, nas cidades e nos palácios dos reis e monarcas de todo o mundo; acrescenta a isto as mais finas bebidas, os alimentos mais saborosos, a música mais doce, a harmonia mais suave. Pois tudo isso é nada, comparado com a excelência dos bens e dos gozos do Paraíso! Quanto devemos desejar a posse daquele lugar, onde se gozam todos os bens, sem mescla alguma de mal! A alma bem-aventurada só poderá exclamar: 'Eu me saciarei com a visão da vossa glória' (Sl 16,15).

II. Considera, ademais, a alegria que tua alma sentirá ao entrar no Paraíso. Sairão a recebê-la teus parentes e amigos, e ali verás a nobreza e beleza dos querubins e serafins, de todos nos anjos e de todos os santos, que em multidão louvam ao seu Criador. Verás também os Apóstolos, o imenso número de Mártires, Confessores e Virgens, e ademais uma grande multidão de jovens que se conservaram puros e por isso cantam a Deus um hino de glória inefável. Ó quanto gozam naquele Reino os bem aventurados! Estão sempre alegres, pois não padecem o menor sofrimento, nem penas que venham turbar sua paz e contentamento.

III. Observa ademais, meu filho, que tudo isso não é nada em comparação com o grande consolo que sentirá a alma ao ver a Deus. Ele consola os bem aventurados com seu olhar amoroso e derrama em seu coração torrentes de delícias. Assim como o sol ilumina e embeleza todos os objetos onde chega sua luz, assim Deus ilumina com sua presença todo o Paraíso e cumula seus felizes habitantes com prazeres inexprimíveis.

Nele, como num espelho, verás todas as coisas, gozarás de todos os prazeres da mente e do coração. Quanto, no Monte Tabor, São Pedro viu uma única vez o rosto de Jesus radiante de luz, foi cumulado de tanta doçura, que fora de si exclamou: 'É bom para nós estar aqui!' (Lc 9,33). Que alegria será então o contemplar, não por um instante, mas para sempre, a vista daquela face divina que apaixona os anjos e os santos, e que embeleza todo o Paraíso!

E a formosura e a amabilidade de Maria, de quanto gozo inundará o coração dos bem aventurados! 'Como são amáveis as tuas moradas, Senhor Deus dos Exércitos!' (Sl 83,2). Por isso, todos os coros de anjos e todos os bem aventurados cantarão a sua glória, dizendo: 'Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus dos exércitos! A Ele toda a honra e toda a glória, por todos os séculos dos séculos'.

Coragem, pois, meu filho! Algo terás que sofrer neste mundo, mas não importa! O prêmio que te espera no Paraíso compensará infinitamente todos os males que tenhas padecido na vida presente. Que consolo será o teu quando te encontrares no Céu em companhia de parentes e amigos, dos santos e dos bem aventurados, e puderes exclamar: 'Estou salvo e estarei para sempre com o Senhor!' Então bendirás o momento em que deixaste o pecado, em que fizeste uma boa confissão e começaste e frequentar os sacramentos. Bendirás o dia em que, deixando as más companhias, te entregaste à virtude. E, cheio de gratidão, te voltarás ao teu Deus e lhe cantarás louvores e glórias por todos os séculos dos séculos. Assim seja.

(São João Bosco)