381. NA IGREJA ESTÁ A SALVAÇÃO
Terrível foi o dia em que Deus abandonou a terra às vinganças das águas do dilúvio. Toda a ordem do universo foi transtornada. Condensaram-se as nuvens umas sobre as outras com trovões espantosos e o mundo foi sacudido por grande convulsão. Os mares transbordaram; as cataratas do céu abriram-se e todos os seres viventes pereceram afogados. Incólume sobre a ruína universal, flutuava a arca de Noé.
Todos os que nela se haviam refugiado cantavam os louvores de Deus. Esta é a mais bela imagem da Igreja Católica, a Igreja de Jesus Cristo que, no meio do dilúvio universal dos erros e da fúria das perseguições, flutua incólume sobre os séculos, levando à eterna salvação os que nela se refugiam. Quem por sua culpa estiver fora da Igreja Católica não espere salvação como, fora da arca de Noé, ninguém se salvou, porque é a única verdadeira Igreja fundada por Jesus Cristo.
382. O GRANDE LIVRO
São Filipe Benício estava pregado em seu leito de morte e exclamava: 'Dai-me o meu livro, dai-me o meu livro!'
Os assistentes apresentaram um após outro todos os livros encontrados no quarto do enfermo, mas nenhum o satisfez. Finalmente, tendo alguém notado que o santo tinha os olhos voltados para o Crucifixo suspenso à parede, deram este a ele que, abraçando-o afetuosamente, exclamou: 'Este, sim, é o meu livro predileto, e será o meu testamento: eu o li e reli muitas vêzes e com ele quero acabar a minha vida'.
383. PENSAVA NA MORTE
Santa Adelaide, viúva de Lotário, rei da Itália, e depois do imperador Otão, o Grande, passou seus últimos anos de vida no mosteiro. Três dias antes de falecer terminou a confecção de sua veste mortuária e disse ao seu confessor: 'Eu a fiz toda com as minhas mãos, cada dia um pouco. Convinha que eu aparecesse em público com toda a magnificência imperial, com um longo manto de seda cintilante de ouro e prata; mas, regressando aos meus aposentos, trabalhava nesta veste para lembrar-me do meu fim último e não me deixar cegar pelo mundo. Vendo-a, tocando-a, dizia: 'Adelaide, pensa no caixão, na sepultura, nos vermes do cemitério!'
Pensa, também tu, meu irmão, na morte; pensa que os prazeres terminarão depressa, ao passo que as penas do inferno não terão fim.
384. OS SANTOS PERDOAM
Na vida de São Francisco de Sales lê-se o seguinte episódio. Um dia, quando o santo atravessava um pequeno bosque, acompanhado apenas de um sacerdote e um criado, um fanático que o odiava por causa de suas pregações contra a heresia, estando oculto atrás de uma moita, fez fogo contra ele para matá-lo. Felizmente errou o alvo e Francisco nada sofreu. As pessoas, que ouviram o tiro, acorreram e quiseram prender o assassino e entregá-lo à justiça. O santo, porém, manso e sorridente, procurou acalmar a gente, pedindo que deixassem em paz aquele pobre iludido e o assassino, vencido pela bondade do santo, converteu-se e abjurou da heresia.
385. RESPOSTA PREMIADA
Aos leitores de um jornal francês foi feita, há poucos anos, esta pergunta: 'Por que há na cadeia mais homens que mulheres?' O jornal recebeu as mais disparatadas respostas. No entanto, declarada digna de prêmio, foi a seguinte: 'Só Deus propriamente sabe o porquê; mas o que todos podem constatar é que nas ruas se veem mais rapazes do que moças e nas vendas mais homens que mulheres, mas nas igrejas muito mais senhoras do que cavalheiros'. Não confere?
(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)