16. MENINOS MÁRTIRES
O acontecimento que vamos narrar, passou-se na Rússia, nos piores tempos do comunismo que vem varrendo do seu território todas as religiões, mormente a católica. Numa vila, perto de Petrogrado, havia um asilo de órfãos com uma capela católica. Os vermelhos (comunistas) fecharam a casa alegando que não havia recursos para sustentá-la e expulsaram o capelão.
Aqueles maus soldados tiveram a sinistra ideia de converter a capela em salão de baile e, como a mesma estava fechada, resolveram arrombar a porta e profanar o que havia dentro. Tomaram essa resolução numa cantina, onde casualmente três meninos católicos ouviram a conversa. Compreenderam que se tratava de profanar a casa de Deus e logo tomaram a resolução de defendê-la do melhor modo que pudessem.
À noite, os três meninos e mais alguns colegas penetraram na igreja por uma janela e montaram guarda junto do altar. Os soldados, tendo arrombado a porta e penetrado a capela, ordenaram que os meninos saíssem imediatamente nenhum, porém, se moveu e nem se arredou do seu lugar. Os perversos comunistas atiraram, então, e mataram dois meninos. Quiseram, em seguida, arrastar os outros para fora, mas os meninos preferiram morrer a deixar de 'proteger com seus corpos a casa de Deus'. Os comunistas, ainda mais furiosos, dispararam de novo e o sangue daqueles inocentes escorreu pelos degraus do santo altar. A mãe de um deles, tomando nos braços o filho agonizante, perguntou-lhe:
➖ Meu filho, o que fizeste?
➖ Defendemos a Jesus - respondeu - e os maus não se atreveram a tocar nEle.
17. O PRIMEIRO MÁRTIR DA EUCARISTIA
Era nos primeiros tempos do cristianismo. Os cristãos eram perseguidos, lançados às feras e mortos. Quase todos procuravam antes receber a santa comunhão. Os sacerdotes tinham de esconder-se porque eram os mais procurados pelos inimigos. Um dia, depois de celebrar os divinos mistérios nas catacumbas, o padre, voltando-se para os fiéis reunidos, mostrou-lhes a Hóstia e disse:
➖Amanhã muitos dos nossos serão conduzidos às feras. Quem de vós, menos conhecido do que eu, poderá levar-lhes secretamente o Pão dos fortes?
A estas palavras, aproxima-se um menino de dez anos, chamado Tarcísio, que parecia ter roubado. aos anjos a pureza da alma e a formosura do rosto e, ajoelhando-se diante do altar, estendia os braços para o sacerdote sem pronunciar palavra, parecendo querer dizer:
➖ Eu mesmo levarei Jesus aos irmãos encarcerados.
➖ És muito pequeno - disse o padre - como poderei confiar-te tamanho tesouro?
➖ Sim, padre; justamente por ser pequeno me aproximarei dos mártires sem que ninguém desconfie.
Falava com tanto ardor e candura que o padre lhe confiou os 'Mistérios de Jesus'. O pequeno, radiante de alegria, aperta ao peito o seu tesouro e diz:
➖ Antes que me façam em pedaços ninguém haverá de o arrebatar de mim.
Partiu pressuroso para o cárcere mas, ao atravessar a praça, eis que um grupo de rapazes o cerca e quer obrigá-lo a tomar parte em seus brinquedos.
➖ Não posso - dizia Tarcísio - não posso, estou com pressa.
Os outros, vendo que ele conservava as mãos sobre o peito, suspeitaram tratar-se dos mistérios dos cristãos. Gritando como possessos, lançaram por terra o pobrezinho, deram-lhe golpes , atiraram-lhe pedras, deixaram-no prostrado. O sangue corria dele, principalmente da boca, mas as mãos não se desprenderam do peito.
Nisto passou por ali um oficial cristão, por nome Quadrato que, saltando no meio dos rapazes, dá golpes à direita e à esquerda e dispersa a quadrilha malfeitora. Como uma mãe carinhosa, toma com todo o respeito o pequenino mártir da Eucaristia e leva-o em seus robustos braços até às catacumbas onde o sacerdote, ao ver o menino, não pôde conter as lágrimas. Tarcísio, o defensor de Jesus, expirou ali mesmo em seguida.
18. A HONRA DE AJUDAR À MISSA
Foi em 1888, ano jubilar do Santo Padre Leão XIII. Num dos altares da Basílica de São Pedro, encontravam-se dois sacerdotes: um era prelado romano e cônego da Basílica Vaticana; o outro era o bispo duma diocese italiana, vindo a Roma para assistir às festas jubilares. O prelado romano, que se dispunha para celebrar a missa, olhava inquieto ao redor, porque seu ajudante não aparecia. O bispo, que estava ajoelhado ali perto, aproximou-se com grande simplicidade e disse:
➖ Permita-me, Monsenhor, que seja eu o ajudante de sua missa?
➖ Não, Excelência, não o permitirei: não convém a um bispo se fazer de coroinha.
➖ Por que não? garanto-lhe que darei conta.
➖ Disso não duvido, Excelência; mas seria muita humilhação. Não, não o permitirei.
➖ Fique tranqüilo, meu amigo. Depressa ao altar e comece: Introibo...
Dito isto, o bispo ajoelhou-se e o prelado teve que ceder. Assistido por seu novo ajudante, o prelado romano prosseguia a sua Missa com uma emoção sempre crescente. Terminada a Missa, o celebrante se desfez em agradecimentos perante o bispo. Aquele pio e humilde ajudante, vinte anos mais velho que o prelado romano, era a glória da diocese de Mântua, Dom José Sarto, o futuro Papa Pio X, hoje canonizado por Pio XII. Para o Cruzadinho, amigo fervoroso de Jesus Eucarístico, não deve haver honra nem glória maior do que poder ajudar devotamente o sacerdote aos pés do altar.
(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)
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