quarta-feira, 5 de agosto de 2020

TESOURO DE EXEMPLOS (13/15)


13. CRUZADA E SACRIFÍCIO

A Cruzada Eucarística tem por fim fomentar não só a devoção ao Santíssimo, mas também o zelo e o espírito de sacrifício. Num congresso de cruzadinhos, apresentou-seu um menino camponês, bem vestido e todo garboso, à frente de um verdadeiro batalhão de Cruzadinhos.

➖ Olá! Como é isso: como você conseguiu arranjar no seu povoado um tal grupo de rapazes? perguntou o zelador.
O rapazinho, embaraçado e fazendo girar o gorrinho, não sabia como responder.
➖ Diga-me, como começaste isso?
➖ perguntei a eles se queriam ser Cruzados
➖ E o que responderam?
➖ Que não queriam.
➖ E o que fizeste, então?
➖ Comecei a comungar por intenção deles.
➖ E então quiseram?
➖ Não, senhor.
➖ E que fizeste depois?
➖ Na comunhão, o Menino Jesus me inspirou que fizesse alguns sacrifícios...
➖ E aí quiseram?
➖ Então, sim.

14. VISITANDO O SANTÍSSIMO

Um sacerdote, que estava a rezar o ofício divino a um canto da igreja sem que o pudessem ver, foi testemunha de uma graciosa visita ao Santíssimo. Aproximaram-se da grade do altar dois meninos: Lino, de seis anos, e seu irmãozinho, de três. O maiorzinho tomou pela cintura o pequeno, ergueu-o e conservou-o de pezinho sobre a grade. Com a mão livre, tomou a mãozinha de seu irmão para persigná-lo e, em seguida, rezou com ele esta breve e bela oração: 'Meu Jesus, eu te amo de todo o meu coração'.  E repetiu estas últimas palavras, pondo a mão sobre o peito para indicar o coração. Terminada a oração, Lino explicou ao irmãozinho:

 Olha, o bom Jesus está dentro daquela casinha. As imagens que vês em cima são os retratos de Jesus e de sua santa Mãe.
O pequenino olhava atentamente com os seus olhos grandes e negros para a estátua de Nossa Senhora do Sagrado Coração e, de repente perguntou:
 Lino, o menino Jesus quer bem a mim também?
➖ Sim, respondeu Lino; olha como nos mostra o seu coração com a mão esquerda e, com a mão direita, nos indica sua Mãe.
 Por que, hein?
O maiorzinho, um pouco perplexo, não sabia como responder.
 Por quê? insistiu o pequeno.
Então Lino, lentamente e ainda indeciso, atreveu-se a balbuciar:
➖ Talvez o Menino Jesus queira que peçamos a sua mamãe licença para ficarmos com Ele.

15. UM MENINO DISTRIBUI A COMUNHÃO

Na guerra de 1914, que durou quatro anos, os exércitos  italiano e alemão pelejavam perto da povoação de Torcegno, no vale de Brenta. À meia-noite, entraram os alemães para ocupar a igreja e a torre e levaram consigo prisioneiros os sacerdotes locais, sem dar-lhes o tempo de retirar o Santíssimo da igreja. De manhã, antes da aurora, o povo recebeu ordem de evacuar o povoado, pois ia dar-se ali a batalha. Eram os habitantes cristãos fervorosos que amavam muito as suas roças, suas casas e mais ainda sua igreja. Mas não havia remédio; era preciso fugir.

 Salvemos ao menos o Santíssimo, todos disseram; mas como fazer isso se os padres haviam sido levados?

Lembraram-se então de escolher o menino mais inocente e angélico para abrir o sacrário e dar a comunhão a todos os presentes, consumindo-se assim todas as hóstias. Ao sair o sol, todo o povo estava na igreja, as velas acesas no altar e o menino revestido de alvas vestes. Subindo os degraus do altar com grande reverência, o menino estendeu o corporal, abriu a portinha e, tomando o cibório dourado, enquanto todos rezavam o 'Eu pecador', desceu até à grade e distribuiu as hóstias até esvaziar o cibório. 

Purificou logo o vaso sagrado com todo o cuidado, juntou as mãos e desceu os degraus do altar como um anjo. Levando Jesus no coração, todo o povo se apressou a fugir para os montes. Corriam lágrimas dos olhos de muitos, é verdade, mas a alma estava confortada com o manjar divino. Ao pequeno 'diácono' enviou mais tarde o Santo Padre Bento XV sua bênção e suas felicitações.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

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