sexta-feira, 25 de maio de 2018

QUARENTENÁRIO DA SANTIDADE


(Quarenta chamadas ou instruções para se alcançar a santidade)

O conhecimento de Deus

1. Quando nos é dito que Jesus é seu Filho bem-amado, o Pai nos revela sua Vida; e quando nós cremos nesta revelação, nós participamos do conhecimento do próprio Deus (Cristo em Seus Mistérios, 1919, p.504)

A adoção filial

2. O Santo, o mais elevado nos céus é aquele que, aqui em baixo, foi mais perfeitamente criança de Deus, que fez frutificar abundantemente nele a graça de sua adoção sobrenatural em Jesus Cristo (Cristo em Seus Mistérios, 1919, p.375)

3. É para todas as crianças a adoção, para todos aqueles que são os irmãos de Jesus pela graça santificante, que o Espírito Santo foi dado. E porque este dom é divino e contêm todos os dons mais preciosos de vida e de santidade, sua efusão em nós é 'uma fonte de alegria que preenche o mundo inteiro' (Cristo em Seus Mistérios, 1919, p.574)

4. Seremos santos se formos 'crianças de Deus' e se vivermos como verdadeiras 'crianças' do Pai Celeste, dignas de nossa adoção sobrenatural (Cristo em Seus Mistérios, 1919, p.60)

O Espírito forma Jesus em nós 

5. Pela sua ação infinitamente delicada e soberanamente eficaz, o Espírito Santo forma Jesus em nós (Cristo em Seus Mistérios, 1919, p.575)

A humanidade de Jesus

6. Quando assistimos com espírito de fé a esta cena deliciosa de Betânia, sentimos em nossos corações que Jesus é verdadeiramente um de nós. Deus vivo por nós, em nós, conosco (Cristo em Seus Mistérios, 1919, p.492)

A humanidade de Jesus como uma Via

7. A Santa Humanidade de Jesus é a 'Via'. Sua potência para nos unir ao Verbo é infinita. Sejamos santos para a sua glória (Um Mestre da Vida Espiritual, Thibaut*, 1932, p.372)

A união do Cristo e a Fé

8. Quando se tem uma fé viva no Cristo, não se tem medo nem das dificuldades, nem das contradições, porque se sabe que o Cristo habita em nós pela fé e que nos apoiamos sobre Ele (O Cristo, Ideal do Monge, 1922, p.707)

A imitação do Cristo

9. A Vida espiritual consiste, sobretudo, em contemplar o Cristo para reproduzir em nós seu estado de Filho de Deus e suas Virtudes (O Cristo, Vida da Alma, 1917, p.85)

10. O Cristo é mais que um modelo, mais que um pontífice que nos obteve a graça de imitá-lO; é aquele que, por seu Espírito, age no íntimo da alma para nos ajudar a imitá-lo (O Cristo, Vida da Alma, 1917, p.85)

11. O Cristo é o modelo perfeito de nossa santidade. Deus encontra nEle todas as suas delícias. Ele as encontra em nós segundo o grau de nossa semelhança com Jesus (A união com Deus, Thibaut*, 1938, p.42)

O discípulo, outro Cristo: morto e ressuscitado

12. Tornar-se discípulo de Jesus na fonte sagrada, por um ato que simbolize sua morte e sua ressurreição: devemos reproduzir esta morte e esta ressurreição durante os dias que temos de passar aqui embaixo (O Cristo, Vida da Alma, 1917, p.158)

A união ao Cristo pela Eucaristia

13. É o sonho da alma de ser um com Aquele que ela ama. A comunhão, na qual a alma recebe o Cristo, realiza este sonho, transformando pouco a pouco a alma no Cristo (O Cristo, Vida da Alma, 1917, p.249)

14. Se o quisermos, a mudança admirável ainda continua, pois é também por Sua Humanidade que na Mesa Santa, o Cristo nos infunde a Vida divina. É comendo sua Carne e bebendo seu Sangue, nos unindo à Sua Humanidade, que chegamos à própria fonte da Vida eterna (Cristo em Seus Mistérios, 1919, p.429)

A Eucaristia compartilhada e o próximo

15. Quando comungamos, devemos sempre estar prontos a abraçar numa mesma caridade o Cristo e tudo é a Ele unido; pois a medida da doação do Cristo às nossas almas é aquela de nossa própria doação aos nossos irmãos (Cristo, Ideal do Monge, 1922, p.961)

16. Não tenho medo de dizer que uma alma que se entrega sobrenaturalmente, sem reservas, ao Cristo na pessoa do próximo, ama muito o Cristo e é por Ele infinitamente amada; ela fará grandes progressos na união com Nosso Senhor (Cristo, Vida da Alma, 1917, p.306)

17. O Cristo se tornou próximo, ou melhor, nosso próximo; é o Cristo que se apresenta a nós sob tal ou tal forma (O Cristo, Vida da Alma, 1917, p.304)

O amor

18. A Via mais certa, a mais curta, a mais luminosa, a mais doce também, é a Via do Amor. Mas, para andar nesta Via, é necessária uma coerência muito grande (A União com Deus, Thibaut*, 1938, p.20-21)

19. O amor é o que mede, em última instância, o valor de todos os nossos atos, mesmo os mais ordinários (Cristo, Ideal do Monge, 1922, p.737)

20. Tudo aquilo que Deus faz por nós tem o amor como motivação. O amor está no fundo da criação e de todos os mistérios da Redenção (Cristo, Ideal do Monge, 1922, p.931)

21. Nosso amor deve ser sobrenatural; a Verdadeira caridade é o amor de Deus que inclui num mesmo abraço, Deus e tudo o que está unido a Ele (Cristo, Vida da Alma, 1917, p.309)

22. Se entregar ao próximo, ou melhor, se entregar ao Cristo na pessoa de seus membros, é a Verdadeira prova de amor (A União com Deus, Thibaut*, 1938, p.256)

A espiritualidade beneditina e o Evangelho

23. A espiritualidade de São Bento procede diretamente do Evangelho; é isto que dá a ela este selo de grandeza e de simplicidade, de força e de suavidade que a caracteriza acima de tudo (Cristo, Ideal do Monge, 1922, p.725)

A Lectio Divina e o Evangelho

24. O conhecimento de Jesus e de seus estados se apoiam no Evangelho. Feliz a alma que se abre a cada dia! Ela bebe da própria fonte das águas vivas (Cristo em Seus Mistérios, 1919, p.352-353)

A oração

25. A oração é como uma expressão de nossa vida íntima de ‘crianças’ de Deus, o fruto de nossa filiação divina no Cristo, desenvolvimento espontâneo dos dons do Espírito Santo (Cristo, Vida da Alma, 1917, p.282)

26. Quando a graça e o amor ocupam toda nossa Vida, toda a nossa existência é como um hino perpétuo à glória do Pai celeste (Cristo, Vida da Alma, 1917, p.222)

A humildade

27. A humildade é a confissão prática e contínua de nossa miséria, e esta confissão atrai a atenção de Deus (Cristo, Vida da Alma, 1917, p.799)

28. A verdadeira humildade não nega os dons de Deus; ela os utiliza, mas ela os devolve com toda a glória Àquele que os cedeu (Cristo, Ideal do Monge, 1922, p.818)

O perdão, a pobreza, a fraqueza

29. Quanto mais nos empobrecemos, mais as riquezas inefáveis do Cristo encontram seu lugar em nós. Nossa miséria conhecida e confessada atrai generosidade (A União com Deus, Thibaut*, 1938, p.156)

30. Nada desarma a justiça de Deus a nosso respeito como a misericórdia que temos pelos outros (A União com Deus, Thibaut*, 1938, p.182)

31. Somos miseráveis e nossas misérias unidas àquelas de Jesus gritam ao nosso Pai celeste (A União com Deus, Thibaut*, 1938, p.111).

32. Adoro pensar após a comunhão que o Verbo eterno que está ‘no seio do Pai’ está igualmente em mim ‘no seio de um pecador’. Tal pensamento desencadeia em mim adoração e ação de graças (Um Mestre da Vida Espiritual, Thibaut*, 1932, p.412)

A santidade

33. Ninguém pode dizer: a santidade não é para mim. O que pode torná-la impossível? Deus a deseja para nós (Cristo, Ideal do Monge, 1922, p.617)

34. Para nós é uma ambição legítima tender com todas as nossas forças na busca por esta glória que Deus colocou em nossa santidade (Cristo em Seus Mistérios, 1919, p.608)

Maria

35. Maria participa de alguma forma, na autoridade do Pai eterno sobre a humanidade de ser Filho. Jesus poderia dizer de Sua Mãe o que ele disse de seu Pai dos Céus: 'Cumpro sempre o que Lhe agrada' (Cristo, Vida da Alma, 1917, p.317).

36. Vejo hoje que Maria foi perfeita em sua fé sublime aos pés da Cruz. Oh! Que Ela nos obtenha esta graça, símbolo de uma fé perfeita, mesmo na nudez da provação! (Um Mestre da Vida Espiritual, Thibaut*, 1932, p.397)

37. Devemos ser como Jesus 'Filhos de Deus' e 'Filhos de Maria'. Se nós queremos reproduzir sua imagem em nós, devemos ter esta dupla qualidade (Cristo, Vida da Alma, 1917, p.313)

38. Que pediremos nós a Maria? Senão, antes de tudo e acima de tudo, que Ela forme Jesus em nós, nos comunicando sua fé e o seu amor? (Cristo, Vida da Alma, 1917, p.324)

39. Os que não conhecem a Virgem, os que não a tem pela Mãe de Jesus um amor verdadeiro, arriscam a não compreender frutuosamente os mistérios da humanidade do Cristo (Cristo em Seus Mistérios, 1919, p.444)

Consagração à Trindade Santa 

40. Ó Pai eterno, prostrados em humilde adoração aos vossos pés, nós consagramos todo nosso ser à glória de vosso Filho Jesus, o Verbo encarnado. Vós o constituístes Rei de nossas almas; submeta a Ele nossas almas, nossos corações, nossos corpos, e que nada em nós não se mova sem a sua ordenação, sem sua inspiração. Que unidos a Ele, nós sejamos levados ao vosso Seio e consumidos na unidade de vosso Amor. 

Ó Jesus, nos una a vós na vossa vida toda santa, toda consagrada ao vosso Pai e às almas. Seja a nossa sabedoria, nossa justiça, nossa santificação, nossa Redenção, nosso tudo. Santificai-nos na verdade. Santo Espírito, Amor do Pai e do Filho, estabeleça-vos como uma fornalha de amor no centro de nossos corações e elevai sempre - como chamas ardentes - nossos pensamentos, nossas ações e nossas afeições, para o alto; até o interior do Seio do Pai. Que a nossa vida inteira seja uma Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Ó Maria, Mãe do Cristo, Mãe do Santo Amor, conformai-nos vós mesma segundo o coração de vosso Filho (Consagração de Dom Columba Marmion à Trindade Santa, em 25 de dezembro de 1908).

* Dom Raymond Thibault foi secretário de Dom Columba Marmion e reuniu os seus escritos, homilias e pregações em três obras: 'Cristo, Vida da Alma' (1917); 'Cristo em seus Mistérios' (1919) e 'Cristo, Ideal dos Monges' (1922). 'Um Mestre da Vida Espiritual' (1932) e 'A União com Deus' (1938) são obras de sua autoria sobre Marmion.

(Quarenta chamadas ou instruções para se alcançar a santidade, extraídas dos escritos do Beato Columba Marmion (1858 - 1923), abade irlandês do Mosteiro de Maredsous, na Bélgica e beatificado pelo papa João Paulo II em 3 de setembro de 2000)