terça-feira, 8 de maio de 2018

CATECISMO MAIOR DE PIO X (VI)

Os hebreus no deserto

48. Após a passagem do Mar Vermelho, os hebreus entraram no deserto, e em curto espaço de tempo poderiam ter chegado à terra prometida, a Palestina, se fossem obedientes à lei divina e às ordens de seu líder Moisés; mas havendo prevaricado e rebelando-se muitas vezes, Deus os entreteve quarenta anos no deserto, deixando morrer ali todos os que haviam saído do Egito, menos dois: Caleb e Josué. Durante todo esse tempo Deus os proveu para sua manutenção com uma espécie de geada branca em pequenos grãos, chamada maná, que todas as noites cobria a terra e de madrugada a recolhiam. Mas na noite anterior ao sábado, dia festivo para os judeus, o maná não caía, pelo qual recolhiam em dobro na madrugada de sábado. Para beber, Deus proveu-lhes de água, que muitas vezes brotou milagrosamente das rochas feridas pelo cajado de Moisés. Uma grande nuvem, que de dia os defendia dos raios do sol e de noite, transformando-se em coluna de fogo, iluminava e mostrava o caminho, acompanhava-os na viagem.

Os dez mandamentos da lei de Deus

49. No terceiro mês de sua saída do Egito, os hebreus chegaram ao pé do Monte Sinai. Foi lá, entre relâmpagos e trovões, que Deus falou e promulgou sua lei em dez mandamentos, escritos em duas tábuas de pedra, que entregou a Moisés no alto da montanha.

50. Mas quando desceu, depois de quarenta dias, falando com o Senhor, Moisés viu que os hebreus tinham caído em idolatria e adoravam um bezerro de ouro. Abrasado de santo zelo por tamanha ingratidão e impiedade, ele quebrou as tábuas da lei, reduziu o bezerro a pó e castigou com a morte os principais instigadores de tão grave pecado. Voltando a subir a montanha, ele implorou o perdão do Senhor, recebeu outras tábuas da lei, e quando desceu o povo caiu atônito ao ver que de seu rosto resplandeciam raios de luz que a transfiguravam de glória e esplendor.

O Tabernáculo e a Arca

51. Ao pé do Sinai, Moisés construiu, por ordem de Deus, e de acordo com as divinas prescrições, o Tabernáculo e a Arca. O Tabernáculo era uma grande tenda na forma de templo, que se erguia no meio do campo, quando os hebreus acampavam. A arca era um cofre de madeira preciosíssima, guarnecido por dentro e por fora de ouro puríssimo, onde foram colocados posteriormente as tábuas da lei, um vaso de maná do deserto e a vara florida de Aarão.

52. Muitas vezes os hebreus no deserto, por murmurações contra Moisés e contra o Senhor, atraíram para si graves castigos. Notável entre estes foi o das cobras venenosas, por cuja picada pereceu grande parte do povo; muitos, arrependidos depois, sararam das mordeduras mirando uma serpente de metal que, levantada por Moisés em uma haste, apresentava a figura da cruz. A virtude deste emblema era símbolo da virtude que havia de ter a Santa Cruz para curar as chagas do pecado. 

Josué e a entrada na terra da promissão

53. Depois de os haver detido por quarenta anos no deserto, Deus introduziu os homens na terra da promissão. Moisés viu de longe, mas não entrou, Josué lhe sucedeu no governo do povo.

54. Precedidos pela Arca, atravessaram o rio Jordão, cujas águas tinham parado para deixar livre a passagem pelo rio: tomaram a cidade de Jericó, subjugaram os povos que habitavam a terra de Canaã e a dividiram em doze partes, segundo o número de tribos. Então, Deus castigou por meio de seu povo os gravíssimos delitos daquelas nações. Estas tribos tomaram o nome de Rúben, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zebulom, Dã, Naftali, Gade, Aser, Benjamim, filhos de Jacó, e Efraim e Manassés, filhos de José. Mas a tribo de Levi não tinha outro território. Deus a chamou ao ofício sacerdotal e quis ser Ele mesmo sua porção e sua herança. Da tribo de Judá, segundo profetizara Jacó na hora da morte, nasceria mais tarde o Redentor do mundo.


55. Por aqueles tempos vivia na Idumeia um príncipe muito rico e justo, por nome Jó, o qual temia Deus e guardava-se de praticar o mal. Quis o Senhor fazer dele um modelo de paciência nas maiores dificuldades da vida, permitindo que Satanás o tentasse com tribulações sem precedentes. Em poucos dias lhe arrebataram suas imensas posses, a morte o privou de sua numerosa família e ele mesmo viu-se ferido em todo o corpo de úlceras malignas. Jó atribulado com tantas desgraças, não pecou por impaciência; caiu com a face por terra, adorou o Senhor, e disse: 'O Senhor me deu, o Senhor me tomou; bendito seja o nome do Senhor'. Deus, em recompensa à sua submissão, abençoou-o e devolveu-lhe a saúde, dando-lhe mais prosperidades do que antes. Tudo isso é descrito luminosamente em um dos livros sagrados intitulados Jó.

(Do Catecismo Maior de Pio X)