segunda-feira, 16 de maio de 2016

FÁTIMA E O ROSÁRIO

A 13 de Maio de 1917, um domingo, enquanto levavam o rebanho a pastar na Cova da Iria, os três videntes de Fátima foram surpreendidos pela aparição de 'uma Senhora vestida de branco mais brilhante que o sol'.

A Senhora assim se apresentou: 'Não receeis. Não vos faço mal'. 'De onde é você?', disse Lúcia. 'Sou do céu'. 'E que quer de mim?'. 'Venho pedir-vos para virdes aqui seis meses consecutivos, no dia 13, a esta mesma hora. Depois dir-vos-ei quem sou e o que quero. Depois, voltarei aqui novamente pela sétima vez'. 'E também eu vou para o Céu?'. 'Sim, irás'. 'E a Jacinta?'. 'Também'. 'E Francisco?'. 'Sim. Mas deve recitar muitos Rosários...'. 'Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele vos quiser mandar, em reparação pelos pecadores que O ofendem, e de súplica pela conversão dos pecadores?'. 'Sim, queremos'. Então, num impulso íntimo que nos foi comunicado, ajoelhamo-nos e repetimos intimamente: 'Santíssima Trindade, eu Vos adoro. Meu Deus, meu Deus, eu Vos amo no Santíssimo Sacramento'. Passados os primeiros momentos, Nossa Senhora acrescentou: 'Recitai o Rosário todos os dias para obter a paz para o mundo e o fim da guerra'. Depois começou a elevar-se serenamente, subindo em direção ao oriente...' (Memórias da Irmã Lúcia).

No dia 13 de Junho, fiel ao encontro marcado previamente com as crianças, a 'Senhora vestida de branco mais brilhante que o sol' apresentou-se de novo e lhes disse: 'Quero que venhais aqui no dia 13 do próximo mês, que reciteis o Rosário todos os dias'. Quando Lúcia lhe pediu que os levasse todos para o Céu, a Senhora respondeu: 'Sim; Jacinta e Francisco, levo-os em breve, mas tu permaneces aqui algum tempo. Jesus quer servir-se de ti para que me dês a conhecer e me faças amar. Quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Coração Imaculado. A quem a aceitar, prometo a salvação; e estas almas serão amadas por Deus como flores destinadas por mim para honrar o seu trono'. 'Vou ficar aqui sozinha?' perguntou entristecida. 'Não, filha. E tu sofres muito? Não desanimes. Eu nunca te abandonarei. O meu Coração será o teu refúgio e o caminho que te guiará até Deus'. Quando pronunciou estas últimas palavras, abriu as mãos e transmitiu-nos, pela segunda vez, o reflexo daquela luz imensa, na qual nos víamos como que imersos em Deus. Parecia que Francisco e Jacinta estavam naquela parte de luz que se elevava para o Céu, e eu naquela parte que se difundia na terra. Diante da palma da mão direita de Nossa Senhora, havia um coração coroado de espinhos que pareciam cravados. Compreendemos que era o Coração Imaculado de Maria, ultrajado pelos pecados da humanidade, que pedia a reparação' (Memórias da Irmã Lúcia).

Em 13 de Julho, Nossa Senhora apareceu às crianças, que desta vez não estavam sozinhas, mas rodeadas por 3 ou 4 mil pessoas, que acorreram com a curiosidade de ver o que acontecia. De fato, apesar do compromisso que as crianças tinham assumido entre si para não revelar nada a ninguém, a pequena Jacinta dissera alguma coisa em relação ao próximo encontro com a 'Senhora' e a notícia difundira-se rapidamente nos arredores. Foi durante aquela aparição que Nossa Senhora disse às três crianças: 'Quero que venhais aqui no dia 13 do próximo mês, que continueis a recitar o Rosário todos os dias em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz no mundo e o fim da guerra, porque só ela os poderá ajudar'."Decidimos então rezar o nosso Rosário".

As três crianças não só aceitaram este pedido de Nossa Senhora, mas compreenderam que era com a oração assídua e com muitos sacrifícios que contribuiriam para a conversão dos pecadores, para a paz no mundo, então atormentado pelos horrores da Primeira Guerra Mundial, e para a mudança do que acontecia na Rússia ateia e comunista. A recitação frequente do Rosário tornou-se para eles uma necessidade interior que os estimulou a fazê-lo com fidelidade precisa, mesmo quando a situação se tornou para eles trágica e até cheia de apreensão e receio. Com efeito, estando naquela época Portugal dominado por governos maçônicos e abertamente anti-religiosos, o Administrador do Município de Vila Nova de Ourém (área na qual viviam as famílias das três crianças), decidiu por fim àquele movimento religioso que se tinha desenvolvido por causa deles. 

Na manhã de 13 de Agosto ele foi a Fátima e levou embora consigo os três pastorinhos para Vila Nova de Ourém. Ali aprisionou-os alternadamente na sua casa, ou na prisão municipal, ameaçando-os seriamente também de os matar tudo isto com a intenção de obter que eles lhe revelassem o segredo que Nossa Senhora lhes confiara. Na prisão, os detidos deram aos Pastorinhos o seguinte conselho: 'Dizei ao Presidente da Câmara esse segredo! Que vos importa se aquela Senhora não quer!' 'Dizê-lo, não!', respondeu Jacinta com vivacidade; 'prefiro morrer!'. 'Decidimos então recitar o nosso Rosário. Jacinta mostra uma medalha, que trazia ao peito, e pede a um preso que a pendure num prego da parede e, de joelhos diante da medalha, começamos a rezar. Os presos rezaram connosco, como sabiam; pelo menos permaneceram ajoelhados. Quando Francisco se apercebeu que um dos presos estava ajoelhado com o boné na cabeça, aproximou-se dele e disse-lhe: 'Você, se quer rezar, deve tirar o boné'. E o pobre homem deu-lho imediatamente e Francisco poisou-o sobre um banco. Merece uma especial atenção o fato de que são precisamente as crianças que guiam a recitação do Rosário. Elas fizeram-no antes de mais ajudando-se mutuamente para cumprir o que Nossa Senhora lhes tinha pedido. Elas cumpriram isso sem respeito humano e sem medo, mesmo quando se encontravam entre os encarcerados, e entre as pessoas de pouca reputação e educação.

... Foi com o convite que nos foi feito por aquelas crianças ...  que no mundo inteiro muitas pessoas, muitas famílias se reúnem para recitar o Rosário, tendo presentes de modo especial as intenções que Nossa Senhora recomendou aos pastorinhos de Fátima... Foi precisamente na escuta do convite que lhes foi feito por Nossa Senhora e do que ela recomendava, que os pastorinhos de Fátima não só recitaram com grande fidelidade o Rosário, mas intensificaram o espírito de sacrifício, oferecendo os seus sacrifícios e os notáveis sofrimentos físicos e morais segundo as intenções que a 'Senhora' lhes tinha recomendado: adorar e amar o Coração de Jesus, presente na Eucaristia e tão ofendido pelos pecados da humanidade e rezar e sacrificar-se pela conversão dos pecadores.

(Excertos de reflexão do Cardeal José Saraiva Martins - www.vatican.va)