sábado, 6 de fevereiro de 2021

ONDE ESTÃO OS CATÓLICOS?

'quem guardar os preceitos da Lei, mas faltar em um só ponto, se tornará culpado de toda ela' (Tg 2,10)


Onde estão os católicos? Escondidos em cavernas nas montanhas? Protegidos por couraças no fundo dos mares? Fazendo retiros espirituais em mosteiros e lugares ermos e pouco acessíveis? Ou estão instalados em casamatas à prova de fogo e tempestades? 

Onde estão os católicos? Por que não se ouvem mais as suas vozes, por que não se veem mais as suas obras? Estarão todos investidos de anonimato, incensados de penumbras, reféns de isolamentos? Por que não gritam mais pelas ruas e praças das cidades, por que não incendeiam de fé e caridade legiões de homens, por que se esquivam entre esquinas e passagens como sombras fugidias?

Onde estão os católicos? Para erguer em passeatas o estandarte de Cristo, para defender e lutar pela Igreja de Cristo, para expor e impor à humanidade a verdade e a doutrina de Cristo? Poderiam estar nos desertos, quem sabe nas catacumbas de agora ou exilados em florestas e pântanos? Presos talvez? Escravizados por hordas de bárbaros invencíveis? Flagelados em alguma ilha remota e desconhecida? Martirizados em campos de concentração? 

Onde estão os católicos? Por que não são vistos nas ruas, nas praças, nos livros, nas artes, na ciência, em procissões e nem nos templos fechados? O que aconteceu aos homens de fé cristã, eivados de sacramentos, impulsionados pela caridade e o amor ao próximo, alimentados pela sagrada eucaristia, detentores do culto e glória a Deus no Santo Sacrifício da missa, fortalecidos pela oração constante e herdeiros das moradas eternas? 

Onde estão os católicos? Sacerdotes, religiosos e leigos que professam um só batismo e uma só religião, uma Igreja una, santa, católica e apostólica regida pelo primado de Pedro, uma doutrina que tem por estandarte a Cruz de Cristo, tangida pelos mistérios da encarnação do Filho do Homem e pelas torrentes de graças emanadas à humanidade de todos os tempos, no curto espaço de tempo entre uma Sexta Feira de Provação e um Domingo de Ressurreição? 

Eles estão nas ruas e praças? Seriam por acaso estes tontos que se envaidecem de andar sem rumo, ensandecidos de tibieza e envilecidos pela indiferença? Não, definitivamente não. Eles estão em cavernas? Mas as cavernas estão vazias porque hoje lobos e ovelhas se comprazem juntos em apriscos ao ar livre, locupletados de ecumenismo. Nos desertos deste mundo então? Os desertos são apenas desertos, porque os que buscavam Deus no silêncio agora querem viver longe de Deus em meio ao vozerio dos homens. As prisões já não os molestam, o martírio é uma ficção religiosa distante e impensável; é o pecado que mora ao lado mas, de tal forma deixou de ser percebido, que é sumamente admitido apenas como uma concepção obsoleta e insossa.

Tudo e a única coisa que um católico deveria ter medo imponderável é justamente o pecado. Que faz perder a alma e a vida eterna. Que torna inútil ao homem a redenção de Cristo. Que transforma em fuligem todas as conquistas e obras humanas. Que transforma em farinha de vermes o culto ao corpo, à beleza e ao prazer dos sentidos. Que nos leva de herdeiros das moradas eternas ao destino do inferno.  

Onde estão os católicos? Eles estão no mundo, nas ruas e praças, no vozerio dos homens, no cotidiano do viver por viver, vestidos de galas e risos, covardes ou tíbios, insensatos ou sonolentos, vendidos ou sendo comprados a prestações, quase todos submergidos, emaranhados e escondidos pelas densas trevas do pecado que não mais julgam existir. Por isso não são mais vistos, porque já não são mais católicos, mas apenas crentes de suas próprias convicções e atributos humanos, cada vez mais tolerantes com o mal e com o avanço da iniquidade, reféns da apostasia e traidores contumazes da sã doutrina da Igreja e de Cristo (e bastaria um til fora da Verdade que é o Cristo para a perdição de todos eles!).  

Onde estão os católicos? Se calarem todos, as pedras falarão. Se perderem todos, os santos e os mártires ressuscitarão. Se o mundo inteiro submergir no pecado, a Santa Igreja faz morada entre as nuvens do céu. Ainda que tudo possa parecer que é tudo, haverá um pequeno resto para testemunhar o triunfo final da Igreja de Cristo sobre os portais do inferno. Sejamos as pedras, sejamos os santos e os mártires, sejamos as nuvens do céu: os católicos de hoje e de sempre, incensados de fé e perseverantes na graça. Ainda que sejamos os últimos ou ainda que sejamos poucos, sejamos aqueles que responderão ao Senhor da Vinha quando este voltar a esta terra em busca do tesouro da fé autêntica dos verdadeiros Filhos de Deus: 'Onde estão os católicos?' E ainda que sejamos muitos de muitos poucos - ainda que sejamos o pequeno resto, que seja uma só a nossa fé e a nossa voz na resposta de todos: 'Aqui!'