sexta-feira, 7 de novembro de 2025

SOBRE AS ÚLTIMAS QUATRO COISAS (VI)

   

PARTE II - O JUÍZO FINAL

I. Sobre os Sinais que Precederão o Juízo Final

Jesus Cristo, Juiz dos vivos e dos mortos que, na sua primeira vinda apareceu na terra com toda  quietude e tranquilidade, sob uma forma gentil e humilde, voltará pela segunda vez para julgar os homens com grande majestade e glória.

Para que a sua vinda não nos encontre despreparados, Ele enviará antecipadamente muitos e terríveis sinais para nos alertar a abandonar nossa vida pecaminosa. Sobre esses sinais, Ele mesmo diz: 'Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; e, na terra, angústia das nações, os homens desfalecendo de medo e expectativa do que sobrevirá ao mundo inteiro' (Lc 21, 25-26)... Porque então haverá grande tribulação, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá. E, se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria' (Mt 24,21-22). Que anúncio terrível! Que profecia terrível!

Poderia haver alguma previsão mais terrível para nós do que esta que vem dos lábios da Verdade Eterna? Quando Deus estava prestes a destruir a cidade de Jerusalém, Ele anunciou sua queda por meio de vários sinais. Um cometa, semelhante a uma espada de fogo, brilhou sobre a cidade, e exércitos de guerreiros armados foram vistos lutando no ar. Jerusalém poderia, no último momento, ter interpretado corretamente esses sinais e feito penitência para a salvação. Mas Jerusalém não soube o tempo da sua visitação. Se Deus fez com que sinais tão maravilhosos aparecessem antes da destruição de uma única cidade, não anunciará Ele o fim do mundo que se aproxima e os castigos que virão sobre ele, por meio de sinais terríveis e assustadores? 

Há, portanto, todas as razões para acreditar que, um tempo considerável antes do Dia do Juízo Final, sinais temíveis aparecerão em toda a terra e nos céus. Cristo parece indicar isso nas palavras: 'Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; os homens definharão de medo e expectativa do que virá sobre o mundo inteiro'. Esses sinais se tornarão mais numerosos a cada dia, e os homens ficarão tão aterrorizados que, se Deus não encurtasse esses dias, até mesmo os eleitos começariam a se desesperar. Então, como diz São Jerônimo, os céus ficarão nublados com nuvens pesadas e uma tempestade terrível se levantará.

A força do vento derrubará os habitantes da terra e os lançará no ar; árvores serão arrancadas, casas ficarão sem telhado. Longos estrondos de trovões ressoarão nos céus, os relâmpagos, como serpentes de fogo, iluminarão o céu e, com suas línguas bifurcadas, brincando ao redor das moradias da humanidade, acenderão uma conflagração geral, em meio ao estrondo dos trovões. As águas do oceano ficarão tão agitadas que suas ondas se elevarão como montanhas, quase alcançando as nuvens. O rugido e a fúria das ondas varridas pela tempestade durarão algum tempo. Todos os animais da terra levantarão a voz, e seus uivos sombrios encherão o ar, de modo que os corações dos homens ficarão paralisados de terror.

No entanto, isso é apenas o começo da tristeza, diz-nos Nosso Senhor. O que acontecerá a seguir, Ele descreve com estas palavras: “Imediatamente após a tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua luz, as estrelas cairão do céu e os poderes do céu serão abalados' (Lc 21, 25-26). Este escurecimento do sol ocorrerá em plena luz do meio-dia. E assim como seus raios dourados iluminando a face da natureza alegram tanto os homens quanto os animais, a retirada repentina de sua luz causará tristeza e angústia a toda a criação. E isso ainda mais porque a lua deixará de brilhar, e sua luz suave e pacífica não mais iluminará as sombras da noite. Todas as estrelas que salpicam o firmamento e lançam um brilho sobre a terra desaparecerão de seu lugar habitual. Essa terrível escuridão causará tal alarme e angústia no coração de todas as criaturas vivas, tanto homens quanto animais, que o luto e o lamento serão universais.

Com o lamento de angústia que ascende dos habitantes da Terra, os uivos dos espíritos malignos no ar se misturarão em um concerto hediondo, pois eles perceberão por esses sinais que o Dia do Juízo Final está próximo; eles sabem que em breve terão que comparecer perante o rigoroso tribunal de Deus; eles sabem que serão lançados no Inferno por toda a eternidade. Daí sua fúria, sua raiva e seus delírios frenéticos.

Aqui podemos repetir as palavras ditas por Cristo: 'Este é apenas o começo da dor', e podemos acrescentar que não haverá fim para ela. Pois, após a terrível escuridão, tudo estará perturbado e em desordem, e os elementos serão liberados, de modo que os homens temerão que os céus caiam e a terra afunde sob seus pés. É isso que Cristo quer dizer quando afirma: ' Os poderes do céu serão abalados e as estrelas cairão do céu'. Pois, de acordo com a vontade divina, o firmamento com todas as suas estrelas, o sol com seus planetas, a atmosfera com seu véu de nuvens, serão tão fortemente abalados e feitos tremer que sons terríveis de colisões, quebras e explosões assustadoras serão ouvidos em todos os lugares. As estrelas serão expulsas de suas órbitas e, assim, os grandes poderes do céu entrarão em conflito uns com os outros.

Quais serão os sentimentos do homem que viver esses eventos? Como toda a humanidade, todos os seres criados lamentarão! O próprio Cristo nos diz que assim será: 'Na terra haverá angústia das nações, por causa da confusão do rugido do mar e das ondas; os homens definharão de medo e expectativa do que virá sobre o mundo inteiro' (Lc 21,25-26). E em outro lugar Ele diz: 'Haverá então grande tribulação, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá. E, se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria' (Mt 24, 21-22). Nosso Senhor não poderia ter usado expressão mais forte para descrever a miséria absoluta dos mortais infelizes do que dizer que eles definharão de medo e apreensão pelas coisas que ainda estão por vir sobre o mundo. 

Como é possível que os homens que estarão vivos naquela época não desanimem, não se desesperem, diante de tamanha miséria insondável? Mesmo a fé e a coragem de um apóstolo seriam duramente provadas para suportar tamanha infelicidade indescritível. Todos os homens terão a aparência de quem viu um fantasma. Seus cabelos ficarão em pé, seus joelhos baterão um no outro, eles tremerão de medo, seu terror os privará da capacidade de falar, seus corações morrerão dentro deles por causa da tribulação, perderão a razão e a consciência, ninguém ajudará o seu vizinho, ninguém confortará o seu próximo, ninguém trocará uma palavra com os seus amigos; apenas todos se unirão em choro e lamentação, e correrão para se esconder nas cavernas da terra.

Quando essa lamentação tiver durado algum tempo, o Deus da justiça porá fim à sua miséria, e tudo o que estiver sob o firmamento do Céu será destruído pelo fogo. Pois o fogo cairá do Céu e incendiará tudo com que entrar em contato. Em muitos lugares, também, chamas brotarão do solo e aterrorizarão os mortais infelizes a tal ponto que eles não saberão como escapar delas. Alguns buscarão abrigo em porões e cavernas, outros mergulharão em rios e lagos. As chamas devoradoras se espalharão tão rapidamente que as florestas serão incendiadas, e as cidades e vilas serão incluídas na destruição. Por fim, toda a Terra estará em chamas e ocorrerá uma conflagração geral, como nunca se viu ou se ouviu falar. O calor das chamas violentas será tão intenso que as pedras e rochas derreterão, e o mar e todas as águas da terra ferverão e se converterão em vapor.

Todos os homens então vivos, todos os animais da terra e todos os peixes do mar serão destruídos nesta conflagração universal. Assim, o mundo inteiro chegará a um fim terrível, e tudo nesta terra será consumido ou purificado pelo fogo. Depois que tudo isso acontecer, a aparência da terra será completamente renovada.

(Excertos da obra 'The Four Last Things - Death, Judgment, Hell and Heaven', do Pe. Martin Von Cochem, 1899; tradução do autor do blog)

quinta-feira, 6 de novembro de 2025

O MAIOR DE TODOS OS PECADOS

Se odiássemos o pecado como deveríamos odiá-lo; puramente, profundamente, valentemente, deveríamos fazer mais penitência, infligir em nós próprios maiores castigos, deveríamos chorar os nossos pecados mais abundantemente. Pois a suprema deslealdade para com Deus é a heresia. É o pecado dos pecados, a mais repugnante das coisas que Deus desdenha neste mundo enfermo. No entanto, quão pouco entendemos da sua enorme odiosidade! É a poluição da verdade de Deus, o que é a pior de todas as impurezas.

Porém, quão pouca importância damos à heresia! Fitamo-la e permanecemos calmos... Tocamo-la e não trememos. Misturamos-nos com ela e não temos medo. Vemo-la tocar nas coisas sagradas e não temos nenhum sentido do sacrilégio. Inalamos seu odor e não mostramos qualquer sinal de abominação ou de nojo. Entre nós, alguns simpatizam com ela e alguns até atenuam a sua culpa. Não amamos a Deus o suficiente para nos enraivecermos por causa da sua glória. Não amamos os homens o suficiente para sermos caridosamente verdadeiros por causa das suas almas.

Tendo perdido o tato, o paladar, a visão e todos os sentidos das coisas celestiais, somos capazes de morar no meio desta praga odiosa, impertubavelmente tranquilos, reconciliados com a sua repulsividade, e não sem proferirmos declarações em que nos gabamos de uma admiração liberal, talvez até com uma demonstração solícita de simpatia tolerante.

Por que estamos tão abaixo dos antigos santos, e até dos modernos apóstolos destes últimos tempos, na abundância das nossas conversões? Porque não temos a antiga firmeza! Falta-nos o velho espírito da Igreja, o velho gênio eclesiástico. A nossa caridade não é sincera porque não é severa, e não é persuasiva porque não é sincera.

Falta-nos a devoção à verdade enquanto verdade, enquanto verdade de Deus. O nosso zelo pelas almas é fraco, porque não temos zelo pela honra de Deus. Agimos como se Deus ficasse lisonjeado pelas conversões, e não pelas almas trêmulas, salvas por uma abundância de misericórdia.

Dizemos aos homens a metade da verdade, a metade que melhor convém à nossa própria pusilanimidade e aos seus próprios preconceitos. E, então, admiramo-nos que tão poucos se convertam e que, desses tão poucos, tantos apostatem.

Somos tão fracos a ponto de nos surpreendermos que a nossa meia-verdade não tenha tanto sucesso como a verdade completa de Deus. Onde não há ódio à heresia, não há santidade. Um homem, que poderia ser um apóstolo, torna-se uma úlcera na Igreja por falta de reta indignação.

(Excertos da obra 'O Preciosíssimo Sangue ou o Preço da Nossa Salvação', do Pe. Frederick William Faber)

quarta-feira, 5 de novembro de 2025

A CIÊNCIA DE DEUS (VIII)

A razão ou proporção áurea é uma constante real algébrica irracional, obtida pela divisão do comprimento total de um segmento dividido em duas partes (a e b) pela parte maior. Esse resultado é sempre constante, designada pela letra grega φ (phi - lê-se 'fi"), com valor aproximado de 1,61803398875. O matemático italiano Leonardo de Pisa, conhecido como Fibonacci (1170 - 1250) ratificou no Ocidente conhecimentos prévios de que, numa sequência de números crescentes em que um dado número é a soma dos seus dois precedentes [0,1,1,2,3,5,8,13,21,34,55,89,144,233,377…], ao se dividir qualquer número pelo anterior, o resultado tende sempre para o número φ, com aproximação cada vez maior quanto maiores forem os números [por exemplo, a razão entre 5 e 3 é 1,666, mas a razão de 377 por 233 é de 1,618025]. 


A razão áurea é recorrente na geometria, na anatomia humana e na natureza de maneira geral, sendo, por isso, chamada de 'número de Deus'. O segmento ab, com suas partes a e b, constituindo partes integrantes de uma única coisa, representam a Santíssima Trindade; a razão áurea não admite um valor racional assim como Deus não pode ser definido com palavras humanas; não pode ser alterado de valor assim como Deus é imutável. Quando se aplicam os princípios da Razão Áurea e da sequência de Fibonacci para as dimensões de um retângulo, obtém-se a chamada 'Espiral Áurea', que corresponde à linha traçada seguindo a direção dos quadrados formados nos retângulos áureos.


O 'número de Deus' expressa a perfeição da beleza, da geometria, do arranjo, da anatomia humana (distâncias entre as diferentes partes do corpo regidas pela razão áurea), nas artes e no universo como um todo. Como φ não é um número racional, esssa perfeição nunca pode ser obtida em completude, mas sempre com níveis maiores ou menores de aproximação (como nas razões entre os números da sequência de Fibonacci).






terça-feira, 4 de novembro de 2025

FRASES DE SENDARIUM (LXIII)

 

'Sem a cruz, não se encontra Cristo' 

(São João da Cruz)

Aprenda a levar a sua cruz de cada dia sem resmungos ou insatisfações e, para tornar ainda mais fácil o seu Calvário, suplica ao Pai encontrar no seu caminho muitos homens que não apenas arrastam cruzes atrás de si, mas que estejam crucificados nelas como Jesus!

segunda-feira, 3 de novembro de 2025

TESOURO DE EXEMPLOS II (51/56)


51. O QUE PODE O AMOR À FÉ CRISTÃ (I)

Em Damasco, na Síria, durante a perseguição religiosa de 1860, disseram os turcos a um menino cristão de catorze anos:
➖ Ou você se faz muçulmano, ou lhe cortamos a cabeça!
➖ Cortem-me a cabeça, se quiserem - respondeu o menino - mas eu sou e serei sempre cristão.
No mesmo instante aqueles bárbaros cumpriram a ameaça e a Igreja contou com mais um mártir.

52. O QUE PODE O AMOR À FÉ CRISTÃ (II)

Venâncio, rapaz de quinze anos, foi denunciado como cristão a Antíoco, governador da cidade de Camerino. Confessou a sua fé sem fazer caso de promessas nem de ameaças. O governador mandou açoitá-lo e depois metê-lo no cárcere. Para ali mandou um homem enganador e astuto, chamado Átalo, o qual disse que também fôra cristão, mas abandonara a fé por ver que era uma loucura privar-se dos bens presentes por uma esperança vã de futuros e deixar o que se possui pelo que nunca há de chegar. Repeliu-o Venâncio e desfez seus embustes.

Foi então o santo atirado aos leões que não lhe fizeram mal algum. Sofreu inauditos tormentos. Cansavam-se os verdugos de atormentá-lo, e ele não se cansava de padecer por Jesus Cristo. Por fim foi decapitado e entrou glorioso no céu. Sua festa celebra-se em toda a Igreja no dia 18 de maio.

53. O QUE PODE O AMOR À FÉ CRISTÃ (III)

Ao conde José Mlodeki, durante a feroz perseguição iniciada em 1863 pelo governo russo contra os católicos poloneses, despojaram-no de todos os bens, e logo lhe prometeram devolvê-los caso renunciasse á fé católica. Seus bens estavam avaliados em grande fortuna.
➖ À minha fé não se põe preço - respondeu altivamente - fiquem vocês com a minha fortuna; fico eu com a minha fé.

54. O QUE PODE O AMOR À FÉ CRISTÃ (IV)

São Francisco Solano, aos trinta anos de idade, foi um dia visitar Montilla, cidade que o vira nascer. Sua primeira visita foi à igreja paroquial de São Tiago. Ali, dirigindo-se a pia batismal, onde se tornara cristão, ajoelhou-se e rezou o Credo com a fronte apoiada sobre a pedra da pia.

55. O QUE PODE O AMOR À FÉ CRISTÃ (V)

João Henrique Fabre, um dos mais eminentes entomólogos, chamado o Homero dos insetos, dizia: 'Não posso afirmar que creio em Deus, porque eu o vejo. Sem Ele nada compreendo, sem Ele tudo são trevas. Antes me arrancarão a vida que a fé em Deus'.
E Newton inclinava a cabeça toda vez que os seus lábios proferiam o santo nome de Deus.

56. O QUE PODE O AMOR À FÉ CRISTÃ (VI)

Achando-se Schopenhauer, aquele grande renegado, em seu leito de agonia, ouviram-no exclamar: 'Meu Deus! meu Deus!'
Ao que o seu médico lhe perguntou:
➖ O que é isso? Em tua filosofia também há Deus?
➖ Ah! - respondeu o filósofo - nos sofrimentos, a filosofia sem Deus é insuficiente!

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos' - Volume II, do Pe. Francisco Alves, 1960; com adaptações)

domingo, 2 de novembro de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

'O Senhor é o pastor que me conduz, não me falta coisa alguma' (Sl 23)

Primeira Leitura (Jó 19,1.23-27) - Segunda Leitura (1Cor 15,20-24.25-28) - Evangelho (Lc 12,35-40)

  02/11/2025 - COMEMORAÇÃO DOS FIEIS DEFUNTOS

COM RINS CINGIDOS E AS LÂMPADAS ACESAS


No evangelho da missa deste domingo, a Igreja nos recorda que celebramos neste dia a vida e não a morte: 'Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim não morrerá jamais' (Jo 11,25 - 26). Embora peregrinos do Céu mergulhados nas penumbras da fé e nas vertigens das realidades humanas, vivemos na certeza de que, como Filhos de Deus e co-herdeiros de Cristo, somos peregrinos rumo ao Céu, na confiança absoluta de que seremos possuidores eternos da Plena Visão: 'Eu sei que o meu redentor está vivo e que, por último, se levantará sobre o pó; e depois que tiverem destruído esta minha pele, na minha carne, verei a Deus. Eu mesmo o verei, meus olhos o contemplarão, e não os olhos de outros (Jó 19,25 - 27).

As leituras do Evangelho de hoje podem variar bastante, contemplando textos de diferentes evangelistas. Tomando São Lucas como referência, o Evangelho nos recorda a necessidade da estrita vigilância diante a chegada do Senhor: 'Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar' (Lc 12,37) e ainda 'Ficai preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que menos o esperardes' (Lc 12,40). E, felizes de nós que tivermos os 'rins cingidos e as lâmpadas acesas' (Lc 12,35) porque seremos então, por inteiro, a Santa Igreja de Deus, o Corpo Místico de Cristo: nem mais peregrinos e nem mais sujeitos à Santa Justiça, mas tornados eleitos do Pai e herdeiros da Glória de Deus.

Nas leituras de São Mateus, por outro lado, o Evangelho nos conforta na certeza absoluta do que nos espera nesta Glória Celeste, vivendo a felicidade perfeita, e indescritível sob o ponto de vista das palavras e pensamentos humanos. Jesus nos fala dessa realidade transcendente na comunhão dos santos e na unidade da família de Deus: 'Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus' (Mt 5,12). Em contraponto à fidelidade e à fé dos que almejaram ser santos, Deus os recompensará com limites insondáveis de graça, pelas chamadas bem-aventuranças de Deus (Mt 5,3 -12).

Bem-aventurados os pobres de espírito, os simples de coração. Bem-aventurados os aflitos que anseiam por consolação. Bem-aventurados os mansos que se espelham no Coração de Jesus. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça. Bem-aventurados os misericordiosos, filhos prediletos da caridade. Bem-aventurados os puros de coração, transformados em novas manjedouras do Sagrado Coração de Jesus. Bem-aventurados os que promovem a paz e os que são perseguidos por causa da justiça. E bem-aventurados os que foram injuriados e perseguidos em nome da Cruz, do Calvário, dos Evangelhos e de Jesus Cristo porque serão os santos dos santos de Deus!

ALMA DO PURGATÓRIO

  

Alma do Purgatório, 
bendita alma do Purgatório,
que vive agora a pena do fogo purificador,
à espera de ir ao encontro de Deus:
imploro a Misericórdia do Pai para aliviar vossa agonia
e o sofrimento de vossa alma ainda sem Deus.

Alma do Purgatório, 
bendita alma do Purgatório,
que anseia encontrar quem já vos encontrou,
na plenitude de todos os tempos:
imploro que o Sangue e Água do Coração de Jesus
lavem as vossas imperfeições e vossos pecados.

Alma do Purgatório, 
bendita alma do Purgatório,
que tateia nas trevas ansiando a Luz
que esteve perdida em tantas manhãs de sol:
imploro ao Espírito Santo Consolador,
que seja abreviado vosso tempo para a Plena Visão.

Alma do Purgatório, 
bendita alma do Purgatório,
que lamenta as penitências não feitas
e o cálice das dores não provadas:
imploro à Santa Virgem Maria, mãe de Deus e nossa,
lançar o Santo Rosário em vosso socorro.

Alma do Purgatório, 
bendita alma do Purgatório,
que geme e agoniza desvarios e pecados
na tremenda dor que inteira vos devora:
imploro a todos os Santos e Santas
que intercedam por vós diante do Altíssimo.

Alma do Purgatório, 
bendita alma do Purgatório,
que tem dívidas a pagar em penas
por tantas graças que não foram recebidas: 
imploro aos coros de anjos e arcanjos,
que movam sem descanso suas asas sobre vós.

Alma do Purgatório, 
bendita alma do Purgatório,
imploro a vós, quando na Infinita Glória,
cercada por muitos a quem imploro agora:
Reze pela minha alma com tanta graça e zelo 
que um dia Deus não tenha que esperar por mim
no Purgatório.
(Arcos de Pilares)


DAS INDULGÊNCIAS AOS FIÉIS DEFUNTOS

Lembrem-se das indulgências especiais que podem ser concedidas às almas do purgatório, particularmente nestes dias:

Indulgência Parcial: concedida apenas às almas do purgatório e dada por meio do fiel que visitar devotamente um cemitério e rezar, mesmo em espírito, pelos defuntos.

Indulgência Plenária: concedida apenas às almas do purgatório e dada por meio do fiel que visitar devotamente um cemitério e rezar, mesmo em espírito, pelos defuntos, no período de 1 a 8 de novembro de cada ano.