sábado, 12 de agosto de 2017

O PENSAMENTO VIVO DE LÉON BLOY

'Quando se é um homem e se toca num princípio qualquer, é preciso esgotá-lo, sendo possível. Quando se toma uma certa direção, e não se é um imbecil ou um covarde, é preciso ir até o fim, não importa o que aconteça, ou então nunca se deveria ter tomado o bastão do viajante. Os corações valentes não param nunca no meio do caminho. Não tomam da Verdade isso, deixando aquilo, mas aceitam-na toda inteira, de modo a lhe serem fiéis até mesmo além da morte. Os semi-ordinários fazem-nos pena, e é um sentimento muito justo, pois todo erro não é senão um abuso da verdade. Mas, o que diremos de um homem honesto pela metade e, com mais razão, da metade de um cristão? Somente o que é Absoluto é verdadeiro'.

'O culto dos santos é sobretudo odioso para aquele inimigo (o Espírito do mal), porque os santos são uma carne mortal traspassada de glória, e porque, honrá-los é dedicar a essa divina Glória a mais perfeita das adorações. Ao mesmo tempo, os santos sustentam o mundo. Deus só fez a raça humana para que ela lhe desse Santos. E, quando essa raça não puder proporcioná-los mais, o universo se dissolverá como um pouco de poeira'.

'Só há uma tristeza: não se ser santo'.

'Falais em melhorar a condição dos que sofrem. Como podeis acreditar nessa possibilidade, se não tendes em vista senão o bem-estar material? E sois forçados a só ter isto em vista, posto que não tendes absolutamente nada a dar a suas almas. Ninguém fez tanto por eles, materialmente, quanto os homens de grande fé que a Igreja chama os Santos. Mas os santos sabiam que o corpo humano não é senão a aparência do homem e trabalhavam sobretudo por suas almas, as quais não morrem. Sabiam, também, que o Sofrimento é bom, sobrenaturalmente, para todos. E que o homem que não sofre ou não quer sofrer, é um filho deserdado do Filho de Deus que esposou a Dor, pois somente aquele que aceita sofrer, pode entrever o preço de sua alma'.

'Deus vos quer santo. Não digo virtuoso, nem honrado, o que basta aos burgueses. Mas, santo. E, a isso saberá vos obrigar, nem que seja à custa de terríveis dores'.

'Onde estão, hoje, as almas heroicas? Sei bem que o heroísmo pode ser encontrado, pelo menos em estado rudimentar, entre os nossos combatentes, mas o heroísmo integral, sem costura nem emenda, onde está ele? É o do cristão completo que tudo deu por amor de Deus antes de dar alguma coisa à pátria, e deve ser extremamente raro'.

'Nossa liberdade é solidária do equilíbrio do mundo, e é isso que é preciso compreender para não se ficar espantado com o profundo mistério da Reversibilidade, que é a designação filosófica do grande dogma da Comunhão dos Santos. Todo homem que produz um ato livre projeta sua personalidade ao infinito. Se dá de má vontade um vintém a um pobre, esse vintém fura a mão do pobre, cai, fura a terra, rompe os sóis, atravessa o firmamento e ameaça o universo. Se comete um ato impuro, obscurece talvez milhares de corações que não conhece, que correspondem misteriosamente a ele e que têm necessidade de que esse homem seja puro, como um viajante que morre de sede tem necessidade do copo de água do Evangelho. Um ato caridoso, um movimento de verdadeira piedade, conta em seu favor os louvores divinos desde Adão até o fim dos séculos, cura os doentes, consola os desesperados, apazigua as tempestades, resgata os cativos, converte os infiéis, protege o gênero humano'.

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

FOTO DA SEMANA

'A erva seca e a flor fenece, mas a palavra de nosso Deus permanece eternamente' (Is 40, 8) 

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

BREVIÁRIO DIGITAL - ILUSTRAÇÕES DE NADAL (V)

Sanatur Haemorrhoissa; suscitatur filia Iairi

31. Evangelho (Mt 9. Mc 5. Lc 8): A cura da mulher com fluxo de sangue e da filha de Jairo

Mittit Ioannes duos discipulos ad IESVM

32. Evangelho (Mt 11. Lc 7): João envia dois discípulos a Jesus

Incidit in latrones viator

33. Evangelho (Lc 10): A parábola do Bom Samaritano

Ungit pedes IESV Magdalena

34. Evangelho (Lc 7): Maria Madalena unge os pés de Jesus

De Samaritana

35. Evangelho (Jo 4): A Mulher Samaritana (1)

De eadem Samaritana

36. Evangelho (Jo 4): A Mulher Samaritana (2)

Filium Reguli sanat IESVS

37. Evangelho (Jo 4): João cura o filho do oficial

Mittit Ioannes duos discipulos ad IESVM

38. Evangelho (Mt 13. Mc 4. Lc 8): A Parábola do Semeador

Parabola de Zizaniis

39. Evangelho (Mt 13): A Parábola do joio e do trigo

Male accipitur IESVS in patria

40. Evangelho (Mt 13. Mc 6. Lc 4): Jesus é rejeitado em Nazaré

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

SOBRE A HUMILDADE

Deus curou a alguns de repente, sem lhes deixar vestígios das enfermidades passadas, como o fez a respeito de Madalena, a qual, em um instante, de uma enxurrada de água corrompida, foi transformada em fonte de água perfeita e límpida, e nunca mais, desde aquele momento, foi turbada. Mas também este mesmo Deus deixou em muitos de seus caros discípulos não poucos vestígios de más inclinações algum tempo depois de convertidos, para a maior utilidade deles. Assim o testemunha São Pedro, o qual, depois da sua primeira vocação, muitas vezes tropeçou em imperfeições e até uma vez caiu de todo e tão miseravelmente, quando negou o seu divino Mestre.
 
Diz Salomão que é insolente uma escrava que de súbito se faz senhora de casa (Pv 30,23). Se a alma, que por muito tempo foi escrava das paixões, se tornasse de um momento para outro uma perfeita senhora de si mesma, correria o perigo de se tornar orgulhosa e vaidosa. Há de ser pouco a pouco, palmo a palmo, que devemos adquirir este domínio, em cuja conquista santos e santas gastaram muitas dezenas de anos.

Ficai em paz e suportai com paciência as vossas pequenas misérias. Sois de Deus sem reservas; Ele vos conduzirá bem. Se vos não livra tão depressa de vossas imperfeições é para o fazer com mais utilidade para vós e exercitar-vos por mais tempo na humildade, a fim de que fique esta querida virtude bem arraigada em vossa alma. Sabeis que já muitas vezes vos disse que devíeis ser igualmente afeiçoados à prática da fidelidade para com Deus e à humildade; da fidelidade, para renovardes as resoluções de servir à bondade divina tantas vezes quantas as violardes, apesar de toda a vossa cautela em não as transgredir; da humildade, para, no caso de as violardes, reconhecerdes a vossa miséria e abjeção.

Aqueles que aspiram a ter um amor puro a Deus não tem tanta necessidade da paciência para com os outros quanto consigo mesmos. Para sermos perfeitos, precisamos suportar as nossas próprias imperfeições. Eu digo suportar com paciência e não amar nem acariciar. Desde sentimento é que se alimenta a humildade.

(São Francisco de Sales)

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

É paciente a caridade, pois tolera com serenidade as afrontas recebidas. É benigna porque retribui os males com bens generosos. Não é invejosa porque, nada cobiçando neste mundo, não tem por onde invejar os êxitos terrenos. Não se ensoberbece; deseja ansiosamente a retribuição interior, por isso não se exalta com os bens exteriores. Não age mal, pois somente se dilata com o amor a Deus e ao próximo, por isto ignora tudo quanto se afasta da retidão.

Não é ambiciosa porque, cuidando ardentemente de si no íntimo, não cobiça fora, de modo algum, as coisas alheias. Não busca o que não é seu, pois tudo quanto possui aqui considera-o transitório e alheio, sabendo que nada lhe é próprio, a não ser aquilo que permanece sempre com ela. Não se irrita, pois quando insultada, não se deixa levar por sentimentos de vingança, já que por grandes trabalhos espera prêmios ainda maiores. Não pensa mal, porque, firmando o espírito no amor da pureza, arranca pela raiz todo ódio e não admite na alma mancha alguma.

Não se alegra na iniquidade: o seu único anseio consiste no amor para com todos sem se alegrar com a perda dos adversários. Rejubila com a verdade porque, amando os outros como a si próprio, enche-se de gozo ao ver neles o que é reto como se tratasse do progresso próprio.

(São Gregório Magno)

domingo, 6 de agosto de 2017

A TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR

Páginas do Evangelho - Transfiguração do Senhor


'Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha' (Mt 17,1). Uma alta montanha, o Monte Tabor. Como testemunhas da extraordinária manifestação da glória celeste e da vida eterna em Deus, Jesus conduz os três apóstolos escolhidos para o alto, numa clara assertiva de que é por meio da profundo recolhimento interior e da elevação da alma muito acima das coisas do mundo é que podemos viver efetivamente a experiência plena da contemplação de Deus.

'E foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz' (Mt 17,2). No mistério da transfiguração do Senhor, os apóstolos testemunharam antecipadamente alguma coisa dos mistérios de Deus. Algo profundamente diverso da natureza humana, pois nascido direto da glória de Deus. Algo muito limitado da Visão Beatífica, posto que deveria atender sentidos humanos: 'nem o olho viu, nem o ouvido ouviu, nem jamais passou pelo pensamento do homem o que Deus preparou para aqueles que O amam' (1 Cor 2, 9). Ainda assim, algo tão extraordinário e consolador, que perturbou completamente aqueles homens e, ao mesmo tempo, os moldou definitivamente na certeza da vitória e da ressurreição de Cristo.

'Nisto apareceram-lhe Moisés e Elias, conversando com Jesus' (Mt 17, 3). A revelação da glória de Deus é atestada pela Lei e pelos Profetas, pelo Senhor da vida e da morte, pelos textos das Sagradas Escrituras. Naquele momento, se fecha a Lei e a morte (com Moisés) e se cumprem todas as profecias e se impõe a vida eterna em Deus (com Elias, que ainda vive). E, para não se ter dúvida alguma, Deus se pronuncia no Alto do Tabor em favor do Filho: 'Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o!' (Mt 17, 5).

Do alto do Tabor, a ordem divina ecoa pelos tempos e pelas gerações humanas a todos nós, transfigurados na glória de Deus pelo batismo e herdeiros do Tabor eterno: 'Escutai-o!' Como batizados, somos como os apóstolos descidos do monte e novamente envoltos pelas brumas e incredulidades do mundo. Pela transfiguração, entretanto, somos encorajados a vencer o mundo como Cristo, a superar a fragilidade de nossos sentidos, a elevarmos nosso pensamento às coisas do Alto, a manifestar em nós a glória de Deus como primícias do Céu, sob a divina consolação: 'Levantai-vos e não tenhais medo' (Mt 17, 7).