sábado, 2 de março de 2013

PRIMEIRO SÁBADO DE MARÇO



Mensagem de Nossa Senhora à Irmã Lúcia, vidente de Fátima: 
                                                                                                                           (Pontevedra / Espanha)

Em 10 de dezembro de 1925, logo depois do jantar, a jovem postulante Lúcia, então com 18 anos, voltou à sua cela e aí recebeu a visita de Nossa Senhora e do Menino Jesus. A Santíssima Virgem pousou a mão no ombro de Lúcia e mostrou-lhe um Coração cercado de espinhos que tinha na outra mão. Neste momento, assim falou o Menino Jesus:
‘Tem pena do Coração de tua Mãe Santíssima, que está coberto de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Lhe cravam, sem haver quem faça um ato de reparação para os tirar’.
Em seguida, a Santíssima Virgem revelou a Lúcia a grande promessa da Devoção dos Cinco Primeiros Sábados:
‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no primeiro sábado, se confessarem*, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação.’
* Com base em aparições posteriores, esclareceu-se que a confissão poderia não se realizar no sábado propriamente dito, mas antes, desde que feita com a intenção explícita (interiormente) de se fazê-la para fins de reparação às blasfêmias cometidas contra o Imaculado Coração de Maria no primeiro sábado seguinte.

Cinco Sábados para Reparação Contra:

Primeiro Sábado – as blasfêmias contra a imaculada conceição da Virgem Maria;
Segundo Sábado – as blasfêmias contra sua virgindade;
Terceiro Sábado – as blasfêmias contra sua maternidade divina, recusando ao mesmo tempo reconhecê-la como mãe dos homens;
Quarto Sábado – as blasfêmias daqueles que procuram publicamente por no coração das crianças a indiferença ou o desprezo, ou mesmo o ódio em relação a esta Mãe Imaculada;
Quinto Sábado – as ofensas dos que a ultrajem diretamente nas suas santas imagens. 

sexta-feira, 1 de março de 2013

PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DE MARÇO

Sexta 'Sexta-Feira' da Devoção

Eu te prometo, na excessiva misericórdia de meu coração, que meu amor onipotente concederá a todos os que comunguem nas primeiras sextas-feiras de mês, durante nove meses consecutivos, a graça da penitência final, e que não morram em minha desgraça, nem sem receber os Santos Sacramentos, assegurando-lhes minha assistência na hora final. 

Ó bom Jesus, que prometestes assistir em vida, e especialmente na hora da morte, a quem invoque com confiança vosso Divino Coração! Eu vos ofereço a comunhão do presente dia, a fim de obter, por intercessão de Maria Santíssima, vossa Mãe, a graça de poder fazer as minhas nove primeiras sextas-feiras, de modo a alcançar uma santa morte e a merecer a glória do céu. Amém.



Oração Final

Meu Jesus, eu vos dou meu coração, consagro-vos toda minha vida e em vossas mãos ponho a eterna sorte de minha alma. Eu vos peço a graça especial de fazer as minhas nove primeiras sextas-feiras com todas as disposições necessárias para ser participante da maior de vossas promessas, a fim de, um dia, estar convosco por toda a eternidade no céu. Amém.


ORAÇÃO REPARADORA AO SANTÍSSIMO SACRAMENTO

Divino Salvador Jesus! Dignai-vos baixar um olhar de misericórdia sobre vossos filhos, que reunidos em um mesmo pensamento de Fé, Reparação e Amor, vêm chorar a vossos pés suas infidelidades e a de seus irmãos, os pobres pecadores! Possamos nós, pelas promessas unânimes e solenes que vamos fazer, tocar o vosso divino Coração, e dele alcançar misericórdia para o mundo infeliz e criminoso e para todos aqueles que não têm a felicidade de vos amar! Daqui por diante, sim, todos nós vo-lo prometemos:

Do esquecimento e da ingratidão dos homens,
Nós vos consolaremos, Senhor!
Do abandono em que sois deixado no santo Tabernáculo,
Nós vos consolaremos, Senhor!
Dos crimes dos pecadores,
Nós vos consolaremos, Senhor!
Do ódio dos ímpios,
Nós vos consolaremos, Senhor!
Das blasfêmias que se vomitam contra vós,
Nós vos consolaremos, Senhor!
Das injúrias feitas à vossa divindade,
Nós vos consolaremos, Senhor!
Dos sacrilégios com que se profana o vosso Sacramento de amor,
Nós vos consolaremos, Senhor!
Das imodéstias e irreverências cometidas em vossa presença adorável,
Nós vos consolaremos, Senhor!
Da tibieza do maior número de vossos filhos,
Nós vos consolaremos, Senhor!
Do desprezo que se faz de vossos convites cheios de amor,
Nós vos consolaremos, Senhor!
Das infidelidades daqueles que se dizem vossos amigos,
Nós vos consolaremos, Senhor!
Do abuso de vossas graças,
Nós vos consolaremos, Senhor!
De nossas próprias infidelidades,
Nós vos consolaremos, Senhor!
Da incompreensível dureza de nossos corações,
Nós vos consolaremos, Senhor!
De nossa longa demora em vos amar,
Nós vos consolaremos, Senhor!
De nossa frouxidão em vosso santo serviço,
Nós vos consolaremos, Senhor!
Da amarga tristeza em que sois abismado pela perda das almas,
Nós vos consolaremos, Senhor!
Do vosso longo esperar às portas de nossos corações,
Nós vos consolaremos, Senhor!
Das amargas repulsas de que sois saciado,
Nós vos consolaremos, Senhor!
De vossos suspiros de amor,
Nós vos consolaremos, Senhor!
De vossas lágrimas de amor,
Nós vos consolaremos, Senhor!
De vosso cativeiro de amor,
Nós vos consolaremos, Senhor!
De vosso martírio de amor,
Nós vos consolaremos, Senhor!

Oração: Divino Salvador Jesus, que de vosso Coração deixastes escapar esta queixa dolorosa: "Eu procurei consoladores e não os achei", dignai-vos aceitar o pequeno tributo de nossas consolações e assistir-nos tão poderosamente com o socorro de vossa graça que, para o futuro, fugindo cada vez mais de tudo o que vos poderia desagradar, nos mostremos em tudo, por toda a parte e sempre, vossos filhos, os mais fiéis e devotados. Nós vo-lo pedimos por vós mesmo, que sendo Deus, com o Pai e o Espírito Santo, viveis e reinais nos séculos dos séculos. Amém.

POR QUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS


A Grande Revelação do Sagrado Coração de Jesus foi feita a Santa Margarida Maria Alacoque  durante a oitava da festa de Corpus Christi  de 1675...

         “Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia. Entretanto, o que Me é mais sensível é que há corações consagrados que agem assim. Por isto te peço que a primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa particular para  honrar Meu Coração, comungando neste dia, e O reparando pelos insultos que recebeu durante o tempo em que foi exposto sobre os altares ... Prometo-te que Meu Coração se dilatará para derramar os influxos de Seu amor divino sobre aqueles que Lhe prestarem esta honra”.


... e as doze Promessas:
  1. A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de meu Sagrado Coração.
  2. Eu darei aos devotos do meu Coração todas as graças necessárias a seu estado.
  3. Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias.
  4. Eu os consolarei em todas as suas aflições.
  5. Serei seu refúgio seguro na vida, e principalmente na hora da morte.
  6. Lançarei bênçãos abundantes sobre todos os seus trabalhos e empreendimentos.
  7. Os pecadores encontrarão em meu Coração fonte inesgotável de misericórdias.
  8. As almas tíbias se tornarão fervorosas pela prática dessa devoção.
  9. As almas fervorosas subirão em pouco tempo a uma alta perfeição.
  10. Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais empedernidos.
  11. As pessoas que propagarem esta devoção terão os seus nomes inscritos para sempre no meu Coração.
  12. A todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna.

    ATO DE DESAGRAVO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS 
    (rezai-o sempre, particularmente nas primeiras sextas-feiras de cada mês)

Dulcíssimo Jesus, cuja infinita caridade para com os homens é deles tão ingratamente correspondida com esquecimentos, friezas e desprezos, eis-nos aqui prostrados, diante do vosso altar, para vos desagravarmos, com especiais homenagens, da insensibilidade tão insensata e das nefandas injúrias com que é de toda parte alvejado o vosso dulcíssimo Coração.

Reconhecendo, porém, com a mais profunda dor, que também nós, mais de uma vez, cometemos as mesmas indignidades, para nós, em primeiro lugar, imploramos a vossa misericórdia, prontos a expiar não só as nossas próprias culpas, senão também as daqueles que, errando longe do caminho da salvação, ou se obstinam na sua infidelidade, não vos querendo como pastor e guia, ou, conspurcando as promessas do batismo, renegam o jugo suave da vossa santa Lei.

De todos estes tão deploráveis crimes, Senhor, queremos nós hoje desagravar-vos, mas particularmente das licenças dos costumes e imodéstias do vestido, de tantos laços de corrupção armados à inocência, da violação dos dias santificados, das execrandas blasfêmias contra vós e vossos santos, dos insultos ao vosso vigário e a todo o vosso clero, do desprezo e das horrendas e sacrílegas profanações do Sacramento do divino Amor, e enfim, dos atentados e rebeldias oficiais das nações contra os direitos e o magistério da vossa Igreja.

Oh, se pudéssemos lavar com o próprio sangue tantas iniquidades! Entretanto, para reparar a honra divina ultrajada, vos oferecemos, juntamente com os merecimentos da Virgem Mãe, de todos os santos e almas piedosas, aquela infinita satisfação que vós oferecestes ao Eterno Pai sobre a cruz, e que não cessais de renovar todos os dias sobre os nossos altares.

Ajudai-nos, Senhor, com o auxílio da vossa graça, para que possamos, como é nosso firme propósito, com a viveza da fé, com a pureza dos costumes, com a fiel observância da lei e caridade evangélicas, reparar todos os pecados cometidos por nós e por nossos próximos, impedir, por todos os meios, novas injúrias à vossa divina Majestade e atrair ao vosso serviço o maior número de almas possível.

Recebei, ó Jesus de Infinito Amor, pelas mãos de Maria Santíssima Reparadora, a espontânea homenagem deste nosso desagravo, e concedei-nos a grande graça de perseverarmos constantes até a morte no fiel cumprimento dos nossos deveres e no vosso santo serviço, para que possamos chegar todos à Pátria bem-aventurada, onde vós, com o Pai e o Espírito Santo, viveis e reinais, Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

PAPA EMÉRITO BENTO XVI

'Tu es Petrus et super hanc petram aedificabo Ecclesiam meam'


Tempus est optimus judex rerum omnium


(NÃO CONSTANDO DO VÍDEO) Caríssimos irmãos:

Convoquei-os para este consistório, não apenas para as três canonizações, mas também para comunicar a vocês uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Após ter repetidamente examinado minha consciência perante Deus, 

(INÍCIO DO VÍDEO) eu tive certeza de que minhas forças, devido à avançada idade, não são mais apropriadas para o adequado exercício do ministério de Pedro. Eu estou bem consciente de que esse ministério, devido à sua natureza essencialmente espiritual, deve ser levado não apenas com com palavras e fatos, mas não menos com oração e sofrimento. Contudo, no mundo de hoje, sujeito a mudanças tão rápidas e abalado por questões de profunda relevância para a vida da fé, para governar o barco de São Pedro e proclamar o Evangelho, é necessário tanto força da mente como do corpo, o que, nos últimos meses, se deteriorou em mim numa extensão em que eu tenho de reconhecer minha incapacidade de adequadamente cumprir o ministério a mim confiado. 

(SEGUNDA PÁGINA) Por essa razão, e bem consciente da seriedade desse ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério como Bispo de Roma, sucessor de São Pedro, confiado a mim pelos cardeais em 19 de abril de 2005, a partir de 28 de fevereiro de 2013, às 20h, a Sé de Roma, a Sé de São Pedro, vai estar vaga e um conclave para eleger o novo Sumo Pontífice terá de ser convocado por quem tem competência para isso.

Caros irmãos, agradeço sinceramente por todo o amor e trabalho com que vocês me apoiaram em meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. E agora, vamos confiar a Sagrada Igreja aos cuidados de nosso Supremo Pastor, Nosso Senhor Jesus Cristo, e implorar a sua santa mãe Maria, para que ajude os cardeais com sua solicitude maternal, para eleger um novo Sumo Pontífice. Em relação a mim, desejo também devotamente servir a Santa Igreja de Deus no futuro, através de uma vida dedicada à oração.'




 




quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

SOBRE A PENITÊNCIA

INTRODUÇÃO

A partir da quarta feira de cinzas começa a Quaresma e, com ela, recordamos o jejum de Nosso Senhor Jesus Cristo no deserto durante quarenta dias. Portanto, o caráter deste tempo é o da penitência. Daí a exortação ao jejum, à mortificação e de recolhimento; daí os convites mais prementes aos pecadores para que voltem a Deus, para que se purifiquem dos seus pecados e obtenham o perdão.

Entretanto, em muitos lugares, muitas pessoas de diferentes fés cristãs e inclusive muitos católicos questionam, dizendo: Para que a Quaresma e tanta oração e penitência? Jesus não morreu por todos e pagou todas as nossas dívidas? É um insulto acreditar que não foi o suficiente o que Ele fez para nos salvar a todos. Se já estamos salvos pela morte de Cristo, para que os seus pastores para nos evangelizar? ... Em resposta a essas objeções, somente nos cabe dizer que, como católicos, não devemos nos apegar ao que estes dizem, mas no que Jesus fez e disse. Pois Ele, o nosso único Redentor, é também o nosso mestre e modelo, e como católicos assim o cremos.

E assim é. O Evangelho de S. Mateus (4,2), que é a leitura da Igreja no primeiro domingo da Quaresma, nos diz que o Senhor passou 40 dias em oração e penitência. Por que não devemos de imitá-lO, à nossa maneira, nos quarenta dias da Quaresma?

Além disso, em certa ocasião, os discípulos de João e os fariseus perguntaram a Jesus: 'Por que os teus discípulos não jejuam?" E ele usou a comparação das bodas em que, em se estando com o esposo, não era este o tempo propício para se jejuar. 'Dias virão, porém, em que o esposo lhes será tirado, e então jejuarão.' (Mc 2, 20). Como a esposa de Jesus, a Igreja fez e faz depois de sua ascensão.

É verdade que Jesus morreu por todos e pagou toda a dívida do pecado, mas também nos deu por sua Igreja os meios de salvação. Não deveria, pois, os homens usá-los para obtê-la? Exigiu tão claramente que enviou os seus apóstolos para pregar a todas as nações, e fazer-lhes ver o que havia ordenado, dizendo: 'Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado.' (Mc 16,16). Quantos se condenaram ou se condenam por não crerem ou não cumprirem este mandato...

Por isso, quando os apóstolos começaram suas pregações, e os judeus, 'compungidos de coração', lhes perguntaram: 'O que devemos fazer ?' não responderam: 'Alegrai-vos, Jesus morreu por todos e sereis salvos' mas o que Pedro falou: 'Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados' (Atos 2, 38). Não lhes bastava a sua fé em Jesus Cristo pela pregação ouvida.

E Paulo ensinou coisas sublimes sobre a nossa redenção: 'Cristo morreu por nós ... deu a si mesmo em resgate por todos ... cancelou o decreto firmado contra nós, etc, etc. Ainda assim, ponderou a necessidade da fé para a justificação e a salvação. Ele certamente tinha uma fé muito grande e muito forte em Cristo, pois pregava que nada nem ninguém poderia separá-lo de seu amor (Romanos 8, 35-39).

Entretanto, disse aos coríntios: 'castigo o meu corpo e o mantenho em servidão, de medo de vir eu mesmo a ser excluído depois de eu ter pregado aos outros.' (I Cor 9, 27). Se peço penitência e que se mortifique, é para vencer e garantir a sua salvação! ... Em outra carta, ele diz que, se seus oponentes vangloriam de ser ministros de Cristo, assim também o era, e ainda mais do que eles, pelos trabalhos sofridos por Cristo, pelas muitas fadigas, repetidas vigílias, com fome e sede, freqüentes jejuns, frio e nudez!' (II Cor 11, 27). Antes ele havia assinalado que as privações devem marcar os ministros de Deus (II Cor 6, 5).

Mais ainda, o mesmo Apóstolo chega a dizer aos Colossenses: 'O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por seu corpo(místico) que é a Igreja.' (Col 1,24).

Isso nos mostra que, apesar de ter Cristo morrido por todos e ter satisfeito todos os nossos pecados, há que se padecer os membros de seu corpo místico, que somos nós. E é isso que deseja a Igreja na Quaresma: que o jejum, a abstinência e outras privações, nestes padecimentos do corpo místico de Cristo, possam assegurar, como diz São Pedro, nossa vocação e eleição, a nossa salvação por meio de boas obras; 'procedendo deste modo, não tropeçareis jamais; assim vos será aberta largamente a entrada no reino eterno' (2 Pe, 10-11).

Até agora temos tratado sobre a correta interpretação que a Igreja dá à penitência; agora vamos analisar o seu conceito, suas classes e sua importância como meio eficaz para realizar a nossa salvação. Para isso, a Igreja recorda-nos que, para se salvar, há dois caminhos: a inocência e a penitência. Para quantos, é este o único caminho! E por causa da importância do mesmo, vamos, com a ajuda de Deus, ilustrar das melhor maneira esta virtude.

A PENITÊNCIA

Esta pode ser considerada como Sacramento, ou como virtude ou ato de virtude; dela nos diz Santo Inácio em seus Exercícios Espirituais - é sentir dor pelos seus pecados, com a firme determinação de não cometer aqueles e nem outros mais. O Concílio de Trento a chama 'contrição': ' uma vez que que ocupa o primeiro lugar entre os atos do penitente, e consiste em uma dor intensa e ódio ao pecado cometido, com o propósito de não pecar mais.'

Dor dos pecados - Esta é um dos principais frutos da Quaresma: condoer-se, arrepender-se dos próprios pecados, com um sincero arrependimento que chegue, embora não se sinta, ao mais íntimo da alma. Para isso, é necessário que se peça ao Senhor e também considerar cuidadosamente o que é o pecado em si mesmo e em relação a Deus, e seus efeitos desastrosos sobre a alma. Quando olhamos os efeitos funestos de certas doenças do corpo, como não as abominarmos? ... Se pudéssemos ver o que faz o pecado na alma! ... O pior é que nem mesmo se quer pensar sobre isso! ... Daí o pouco fruto de nossas poucas confissões e o fracasso de certas 'conversões' ...

Propósito de não pecar - Novamente muitos têm a mesma dificuldade, pelo mesmo motivo de não considerar suficientemente a malícia e as punições do pecado. Às vezes acontece o que sucedeu à cidade de Nínive: seus habitantes aterrorizados ante a ameaça da destruição da cidade, correram a fazer penitência (Jonas 3, 5). Mas quanto tempo dura isso? ...

A PENITÊNCIA EFICAZ

Para isso, recordemos outra vez o que dizia São Paulo: ' castigo o meu corpo e o mantenho em servidão, de medo de vir eu mesmo a ser excluído depois de eu ter pregado aos outros.' (I Cor 9, 27). Se isso fazia São Paulo, o que nós devemos fazer? ... Para fazer uma penitência eficaz, é essencial:

Combater o pecado - 'Cada um é tentado, atraído e lisonjeado pela própria concupiscência", diz Santiago (I, 14). A raiz do pecado está em nós mesmos e a luta para evitá-lo deve começar pelo 'escravizar a carne', ou seja, dominar as próprias paixões. São Paulo chega a dizer que 'os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as paixões e concupiscências.' (Gal 5,24). Para isso, eles devem refrear seus instintos e sentidos, que são como janelas por onde entra a morte do pecado (Jer 9,21).

Reparar os efeitos do pecado - 'Fazendo frutos dignos de penitência'. Quais são esses frutos? ... Os que são diretamente contrários ao pecado: reparar o furto ou roubo com a restituição; contra a murmuração e a calúnia, com a restauração da honra e da reputação; da raiva e injúrias, com a humildade da satisfação; contra os pecados da inimizade e do ódio, com a sinceridade da reconciliação, e assim todos os demais. Assim como o remédio é aplicado para sarar a parte doente, a penitência visa corrigir o que está defeituoso. Tem-se a língua demasiado solta? ... Aplica-se a ela o remédio.

Evitar as ocasiões de pecado - Os moralistas distinguem a ocasião próxima e a remota, segundo a facilidade ou dificuldade de cair em pecado diante dela; a voluntária ou a fortuita, etc, etc... Se somos cuidadosos o suficiente para evitar ocasiões que colocam em risco a saúde ou a vida do corpo, por que não as da alma?

A PENITÊNCIA FALSA

Existem vários tipos de penitência falsa:

Penitência Suspeita - A penitência interna, ou seja, a contrição indispensável à confissão, é sempre sincera, verdadeira? Não se reduz, muitas vezes, a uma mera formalidade externa, superficial, inadequada? A rapidez que é praticada e a facilidade com que se volta a cometer os mesmos pecados não são sinais de que tal 'penitência' deixa a desejar? ...

Penitência Frágil - é aquela baseada em motivos sólidos. Durante a Quaresma, muitos se arrependem verdadeiramente, choram, lamentam e detestam os seus pecados e parecem ter um desejo sincero de evitá-los, mas se apoiam em uma sincera convicção de mudar suas vidas para se salvarem ou em impressões fugazes, que logo se desvanecem? ... 'A penitência que evita a ocasião de pecado traz consigo as nuances de uma penitência falsa'.

Penitências Inúteis - Muitos se queixam de que não podem manter o jejum, e às vezes com razão, por razões de trabalho. Porém, quanta 'penitência' é feita hoje em dia em dietas de emagrecimento, para garantir padrões de beleza, para preservar a saúde, em uma palavra, por puras razões temporais... se houvesse mais fé e amor de Deus, não haveria mais espírito de penitência e sacrifício? ...

Peço a Deus que estas reflexões os ajudem, queridos irmãos, para viver da melhor maneira e de acordo com a graça de Deus, esta Quaresma que está apenas começando. 

Sinceramente em Cristo,

Mons. Martin Davila Gandara (Superior de La Sociedad Sacerdotal Trento, tradução do autor)