Eu tenho te pedido
insistentemente atos de caridade, particularmente com teus irmãos que não
esperam mais gestos de fraternidade de ninguém; quanto mais pobres de atenção e
mais abandonados forem aqueles que recebam de ti uma palavra de conforto ou um
gesto de carinho, menos humano e mais divino torna-se o teu coração,
transformado em bela e simples manjedoura para o renascimento de Cristo entre
os homens! Fé e caridade num coração que ama verdadeiramente seus irmãos:
Cristo vivo e presente na alma deste coração!
domingo, 14 de outubro de 2012
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
GLÓRIAS DE MARIA: NOSSA SENHORA APARECIDA, PADROEIRA DO BRASIL
A história é bem conhecida: em 1717, Dom Pedro de Almeida Portugal e Vasconcelos (Conde de Assumar), efetivado como governador das Capitanias de São Paulo e Minas Gerais, viajou de navio de Portugal a Santos, com grande comitiva. Tomando posse do governo em São Paulo, seguiu rumo às minas de ouro em Minas Gerais, fazendo uma longa parada em Guaratinguetá, no período de 17 a 30 de outubro. Para a recepção do ilustre viajante, foram-lhe servidos os melhores pratos da culinária local, incluindo os saborosos pescados do Rio Paraíba do Sul.
Para a nobre tarefa de pescar uma grande quantidade de peixes, foram convocados os pescadores Domingos Alves Garcia, seu filho João Alves e Felipe Pedroso, cunhado de Domingos, entre outros. Entretanto, mesmo com o conhecimento enorme que tinham dos melhores pontos de pesca, não conseguiam nada. Mas algo extraordinário estava para ocorrer. Na rede lançada, surgiu primeiro uma pequena imagem em terracota de Nossa Senhora da Conceição, sem a cabeça, que foi recolhida e guardada com zelo pelos pescadores no fundo do barco. E eis que, numa nova investida, mais abaixo no rio, sem nada de peixe, veio a cabeça da imagem. Um objeto de dimensões tão reduzidas coletado do leito largo e vigoroso do Paraíba do Sul! E, surpresa ainda maior, novas investidas da rede trouxeram agora cardumes de peixes, em tão grande quantidade, repetindo-se, no largo do Porto de Itaguaçu, o milagre de Cristo no Mar da Galileia.
Cientes dos fatos extraordinários ocorridos, os pescadores locais recuperaram a imagem e passaram a venerá-la em suas casas, como imagem peregrina, até que a mesma foi colocada em pequeno oratório na casa de Atanásio Pedroso, filho de Felipe, e depois, com o culto já generalizado na ‘Nossa Senhora Aparecida’, erigiu-se uma pequena capela de sua devoção em Itaguaçu, com o apoio do Padre José Alves Vilela, pároco da Igreja de Santo Antônio de Guaratinguetá. Sob a sua coordenação, a devoção recebeu a aprovação episcopal e foi construída, então, a Igreja de Nossa Senhora Aparecida, no chamado Morro dos Coqueiros, inaugurada em 1745, apenas 28 anos após o achado da imagem. Em torno da igreja, implantou-se rapidamente uma comunidade que constitui hoje a cidade de Aparecida. A igreja tornou-se de imediato centro de romarias e de devoções marianas de toda a natureza.
Com a intensa participação popular e, pela ausência de sacerdotes no Brasil, optou-se pela solicitação de auxílio junto a comunidades religiosas europeias. Em 1894, com a chegada dos padres redendoristas alemães, as atividades religiosas, os cultos e as romarias tornaram-se muito mais organizados, favorecendo muito a rápida difusão da evangelização e a consolidação da igreja como santuário de frequente peregrinação. Tais eventos culminaram com a solene coroação da imagem de Nossa Senhora Aparecida em 8 de setembro de 1904 (com manto azul e coroa de ouro cravejada de diamantes e rubis, ofertados pela Princesa Isabel em visita ao santuário em 6 de novembro de 1888) e com a elevação do santuário à condição de Basílica Menor em 29 de abril de 1908. Em 16 de julho de 1930, o Papa Pio XI outorgou o título de Nossa Senhora Aparecida como Padroeira do Brasil. Em 1967, ano da comemoração do jubileu dos 250 anos da aparição da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, o Papa Paulo VI ofertou ao Santuário Nacional da Padroeira do Brasil uma Rosa de Ouro, ato repetido pelo Papa Bento XVI em 2007. O dia da Padroeira do Brasil é celebrado em 12 de outubro, feriado nacional.
As enormes e crescentes manifestações populares exigiram a construção de uma nova basílica, com dimensões e infraestrutura compatíveis com o maior centro de peregrinação espiritual do Brasil que se tornou Aparecida. Desta forma, entre 1955 e 1980, foi construída a atual Basílica, inaugurada a 04 de julho de 1980 pelo Papa João Paulo II e elevada a Santuário Nacional em 1984. Que continua a receber milhares de peregrinos, infindáveis romarias, em agradecimento, louvor e veneração à Virgem Padroeira do Brasil. Na Sala das Promessas, em meio a milhares de ex-votos, tem-se uma ideia da admirável senda de prodígios e milagres alcançados por tantos romeiros e fieis, pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida.
Em Aparecida, ao contrário de tantos outros centros de peregrinação mariana, a Virgem fez-se aparecer apenas sob a forma de uma pobre e pequena imagem de terracota de 38cm de altura, sem quaisquer visões, mensagens ou prodígios sobrenaturais, para falar aos simples, aos humildes, aos fracos, aos desvalidos, que as almas simples, despojadas de valores intrinsecamente humanos e entregues somente à confiança e à misericórdia de Deus por Maria, são as glórias dos Céus.
ORAÇÃO A NOSSA SENHORA APARECIDA
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
GALERIA DE ARTE SACRA - II
Há pouco, encerrou-se no Brasil, a maior exposição já ocorrida na América Latina de obras do artista italiano Michelangelo Merisi de Caravaggio, realizada em Belo Horizonte e em São Paulo. Caravaggio (1571-1610) foi um grande representante do estilo barroco e pintou temas religiosos com a chamada técnica do tenebrismo, efeito que usa o chiaroscuro de forma extrema. Com o título Caravaggio e Seus Seguidores, a exposição apresentou seis telas de Caravaggio e mais 14 trabalhos dos chamados ‘pintores caravaggescos’, como são chamados os artistas influenciados pelo italiano, que incluem artistas do porte de Artemisia Gentileschi, Bartolomeo Cavarozzi, Giovanni Baglione, Hendrick van Somer e Jusepe di Ribera. A galeria de arte sacra desta postagem mostra algumas das obras máximas de Caravaggio.
(O sacrifício de Isaac - Galleria degli Uffizi, Florença)
(A inspiração de São Mateus - San Luigi dei Francesi, Roma)
(A incredulidade de São Tomé - Neues Palais, Potsdam)
A TORRE DE BABEL
Durante o primeiro século da humanidade,
viveu um grande guerreiro chamado Nemrod ou Nimrod (descendente de Cuch, filho
de Cam, filho de Noé), que reinou sobre uma grande cidade. Por causa de seu
poder, força e habilidade como caçador de animais selvagens, ele se tornou um
herói e líder político entre o povo de sua tribo (Gn 10, 8-9). Sob a proteção de
Nemrod e seus guerreiros, o povo habitante da região de Senaar (na antiga
Babilônia) migrou quase que totalmente para a vila dominada por ele, concentrando-se ali as comunidades locais e promovendo, assim, um rápido crescimento
da cidade, mais intenso ainda após a construção de uma muralha em torno da mesma. Tal lugar tornou-se, então, a primeira grande cidade a ser construída
sobre a terra depois do dilúvio. E, com tal domínio e poder, Nemrod abandonou a
Deus e passou a fazer vanglória de si mesmo e a honrar falsos deuses como o
sol, serpentes e outros tipos de coisas (Rm 1,21-23).
(construção da Torre de Babel)
Tanto poder e glória levou Nemrod à
ideia de construir uma torre, ‘cujo ápice penetre os céus’ (Gn 11,4), para ser
o símbolo da fama e da unidade do seu povo e, assim, manter todos sob seu
controle absoluto, provocando temor e admiração aos seus vassalos. Pretendia
ele construir o maior templo já construído pelo homem, um monumento ao
deus-sol, fundamento de um centro de governo mundial. Milhares de servos se
dedicaram, então, trabalhando dia e noite como escravos, à construção da torre
gigantesca que foi construída, mais do que meramente de tijolos e de betume como argamassa,
com o mais duro orgulho humano.
E, então, Deus interveio. E os fez
confundir em suas linguagens de tal sorte que ninguém mais era capaz de entender uns aos outros. O desentendimento gerou discussões e conflitos de tal ordem que a
construção da torre teve de ser paralisada (Gn 11, 8). E foi por essa razão que
se deu o nome de Babel à construção, que significa ‘confusão’. E, na babel de
tantas e diferentes linguagens, incompreensíveis para os demais, cada grupo se dispersou
da grande cidade para diferentes lugares da região do Sinaar e por toda a
terra.
A grande cidade perdeu toda a pompa e
glória de outrora, mas a Bíblia não esclarece o destino final de Nemrod. Mas,
com certeza, foi ele o primeiro a promover o paganismo e a adoração do deus-sol
(Ishtar ou Astarte), sob influência direta do demônio. Ao longo da história da humanidade, as forças
do mal continuaram e continuam a maquinar, mais que uma mera torre física, a
construção de uma pseudo-religião universal e de uma nova ordem mundial, destinada
à plena superação do orgulho humano sobre os desígnios de Deus.
terça-feira, 9 de outubro de 2012
DOS 'MANUSCRITOS DO PURGATÓRIO'
No Purgatório, nossa única consolação, nossa única esperança, é Deus... aqui, todas as almas estão abismadas em Deus, na vontade divina e só Deus pode aliviar a dor que padecem...Todas as almas são torturadas, cada uma segundo a culpa que têm, mas todas têm uma dor comum que ultrapassa todas as outras: a ausência de Jesus, que é nosso alimento, nossa vida, nosso tudo! E estamos separados Dele por nossa própria culpa.
... Deus ama muito as almas simples. É preciso ir a Ele com grande simplicidade... deveis proceder para com Jesus como uma criancinha com a sua mãe, confiando na bondade Dele, entregando nas mãos divinas todos os vossos interesses espirituais e corporais... procurá-Lo sempre em tudo, agradá-Lo em tudo sem vos preocupardes com qualquer outra coisa.
Deus não olha tanto as grandes ações ou os atos heroicos, mas as ações simples, pequenos sacrifícios, desde que estas ações sejam feitas com amor. Quantas vezes um pequeno sacrifício, conhecido somente por Deus e pela alma que o praticou, torna-se muito mais meritório que outro que foi aplaudido! É mister sermos bem interiores, para não tomarmos para nós os elogios que nos fazem!
Deus procura almas vazias de si mesmas, para enchê-las de seu divino amor. Encontra muito poucas, porque o amor próprio não deixa lugar para Jesus. Não deixeis passar nenhuma ocasião sem vos mortificar... Nunca compreendereis bem a bondade de Deus; se alguém refletisse bem sobre isso algumas vezes, tornar-se-ia santo, mas não se conhecem bem a misericórdia e a bondade do Coração de Jesus neste mundo! Cada um as mede segundo o seu modo de ver... e, por isso, se reza tão mal.
Sim, poucas pessoas sabem rezar como Jesus o quisera. Falta-se à confiança e, no entanto, Jesus só nos ouve depois do ardor dos nossos desejos e na medida do nosso amor. Eis porque muitas das graças que se pedem ficam sem efeito. É preciso ver tudo como provindo da bondade de Jesus: o que aflige como o que consola. É o Amor que tudo faz para o nosso bem...Deus quer de nós o nosso amor apenas.
(O Manuscrito do Purgatório: revelações de uma alma do Purgatório - tradução do francês pelo Mons. Ascânio Brandão, Edições Paulinas, 1953).
domingo, 7 de outubro de 2012
GLÓRIAS DE MARIA: NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO
Alain de La Roche (1428 – 1475), pregador da ordem dominicana, na sua obra ‘Da Dignidade do Saltério’, narra a famosa aparição de Nossa Senhora a São Domingos de Gusmão em 1214, exortando o santo a pregar e recitar o ‘Saltério dos Leigos’ (Rosário) para a conversão dos hereges e para a salvação das almas. Por intercessão de Nossa Senhora do Rosário, São Domingos (mais tarde, fundador da ordem dominicana) esmagou a heresia albigense ou dos cátaros que avassalava então grande parte da Europa, com grandes perseguições à Igreja Católica.
A devoção ao Santo Rosário expandiu-se por todo o continente europeu nos anos seguintes e sustentou os extraordinários acontecimentos que refrearam o avanço muçulmano contra a Europa, mais de 350 anos depois. Em 07 de fevereiro de 1571, as forças da cristandade, reunidas pelo Papa São Pio V no golfo de Lepanto, derrotaram a esquadra muçulmana em muito maior poderio (que já tomara Constantinopla e a ilha de Creta e se encontrava às portas da Europa), levando à frente um estandarte do Santo Rosário, enquanto o mesmo era rezado em Roma e em vários lugares e paróquias, na intenção da vitória de Cristo. A estupenda e histórica batalha de Lepanto barrou a ascensão do Islã sobre a Europa cristã e deu origem à devoção de Nossa Senhora do Rosário, cuja festa é celebrada no dia 07 de outubro de cada ano. ‘Non virtus, no arma, non duces, sed Maria Rosarii victores nos fecit’ (Nem as tropas, nem as armas, nem os comandantes; foi Nossa Senhora do Rosário que nos deu a vitória).
A palavra ‘Rosário’ significa ‘coroa de rosas’ (do latim rosarium). Ao depositarmos estas coroas de flores ao pé da Santa Virgem do Rosário, tornamo-nos repositórios de toda espécie de graças de Deus, abrasamo-nos no amor a Cristo e nos preservamos de todas as ações diabólicas. Nas palavras de São Luís Maria Grignion de Montfort:
‘Ainda que vos encontrásseis à beira do abismo ou já tivésseis um pé no inferno; ainda que tivésseis vendido vossa alma ao diabo; ainda que fôsseis um herege endurecido e obstinado como um demônio; cedo ou tarde vos converteríeis e salvaríeis, desde que rezeis devotamente todos os dias o Santo Rosário até a morte, para conhecer a verdade e obter a contrição e o perdão de vossos pecados.’
ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO
Nossa Senhora do Rosário, dai a todos os cristãos a graça de compreender a grandiosidade da devoção do Santo Rosário, no qual se junta, à recitação da Ave-Maria, a profunda meditação dos santos mistérios da Vida, Morte e Ressurreição de Jesus, vosso Filho e nosso Redentor. São Domingos, apóstolo do Rosário, acompanhai-nos com a vossa benção, na recitação do terço, para que, por meio desta devoção à Maria, cheguemos mais depressa a Jesus e, como na batalha de Lepanto, Nossa Senhora nos leve à vitória em todas as lutas da vida; por seu Filho, Jesus Cristo, na unidade do Pai e do Espírito Santo. Amém!
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