Nada é mais óbvio do que isso: a espada da divisão dividiu o mundo inteiro em duas partes antagônicas e visceralmente opostas: bem e mal, virtude e pecado, Cristo e Anticristo. São dois exércitos imensos, dotados de armas poderosas e eficientes, marcados pelo confronto de inimigos mortais. Trata-se do triunfo de um diante do aniquilamenro do outro; há vida para quem vencer e morte para quem perder. Mas não há meio termo, pois não há a mínima possibilidade de coexistência de ambos: um proclama a Verdade e o outro quer o inferno de verdade.
Três coisas a ponderar. A primeira, mais óbvia do que a situação já tão óbvia, é que o Bem e a Verdade triunfarão - 'Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará': as palavras de Nossa Senhora em Fátima ratificam as próprias palavras de Jesus: 'Edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela' (Mt 16,18); a Igreja de Cristo é invencível e nenhum poder espiritual ou humano conseguirá destruí-la. O que será destruído é o mal, o aporte da iniquidade, os cultores do pecado e de todas as misérias humanas.
A segunda coisa a ponderar é que a subserviência e a ingenuidade de legiões em campo de batalha são equívocos terríveis e fatais. Não se recolhem espadas contra espadas desembainhadas. Não se removem escudos contra arcos retesados. Não se permite às tropas cair em sono pesado contra inimigos à espreita. O ecumenimo é uma farsa e uma insensatez tremenda. Conciliar com quem nos odeia mortalmente é fingir que o sol e as trevas podem ser irmãs siameses da mesma hora do dia. Não há 'nós' entre os habitantes da terra, movidos pela música suave e insípida de ideias comuns de um idílio religioso, político, social ou ambiental. Somos apenas e tão somente 'uns' e 'outros'.
A terceira coisa a ponderar é que, na guerra de fim de mundo em campo aberto que vivemos hoje, o exército do mal atua dos dois lados. E a matança maior é interna e ocorre nas flanges do primeiro exército, pelos infiltrados do exército inimigo. E a arma maior - a que mais mata - chama-se tolerância agindo com a mais extrema intolerância. Em nome de um novo conceito de liberdade, de democracia, de direitos humanos, da verborragia da mãe terra ou das mudanças climáticas, do globalismo à ideologia de gênero, e por mais algumas centenas de palavras ressignificadas de vazios, um exército clama pelo diálogo, pela paz, pela interação, pela fraternidade e fomenta, na semântica ensandecida da iniquidade, a guerra e a matança desenfreada da doutrina de Cristo. E ai de quem ousar impor-se contra a abominação de uma tolerância universal! A face diabólica desta falsa tolerância está exposta, nua e crua, diante de todos, em todos os lugares do mundo, basta olhar em volta.
Jesus também disse: 'Onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração' (Mt 6,21). Que o tesouro dos homens de Cristo, hoje e sempre, seja o testemunho inabalável e perseverante da Verdade, sem trejeitos de ambiguidade e servilismos, sem a traça e a ferrugem, sem tolerância e afagos com os inimigos que nos podem matar a alma. A couraça, o escudo e a espada que moldam um soldado do exército de Cristo não se moldam por figurinos quaisquer, mas são armas poderosas de combate, do 'bom combate' da verdadeira santidade, forjadas num coração que ama a Deus acima de todas as coisas.