Em 24 de maio de 1452, a então já bastante desenvolvida cidade de Amsterdã foi praticamente devastada por um incêndio de grandes proporções, facilitado em larga escala pelas suas construções tipicamente de madeira com telhados de palha. O fogo destruiu não apenas moradias, mas também prédios públicos, igrejas e edifícios de maneira geral, causando enormes prejuízos e uma quase completa ruína da cidade.
Quando o incêndio atingiu a capela construída no local do milagre eucarístico de 1345 (Nieuwezijds Kapel ou 'Capela da Cidade Nova'), muitos moradores tentaram salvar a Hóstia Milagrosa da destruição pelo fogo, sem êxito, devido à rápida propagação das chamas. Toda a igreja desabou e foi reduzida a cinzas. Mas um segundo milagre iria envolver a Hóstia Milagrosa, mais de 100 anos depois. No dia seguinte, em meio aos destroços do incêndio, o baú-relicário que continha a Hóstia foi encontrado completamente intacto, contra todas as expectativas possíveis. A hóstia havia sido preservada do fogo uma segunda vez.
A renovação extraordinária do Milagre Eucarístico de Amsterdã elevou a cidade a centro de peregrinação religiosa de toda a Europa a partir de então e uma nova capela foi construída no local, substituindo a capela original. Durante o século XVI, porém, Amsterdã passou pela Reforma Protestante e, como consequência, muitas igrejas foram profanadas e muitos símbolos católicos foram roubados e destruídos, incluindo a própria Hóstia Milagrosa, furtada e nunca mais recuperada. Em 1578, a Nieuwezijds Kapel foi confiscada pelo governo protestante e o culto católico foi proibido. A capela foi readaptada para diferentes fins ao longo dos tempos, sendo completamente demolida em 1908.
(baú-relicário da Hóstia Milagrosa)
Os únicos objetos remanescentes do segundo milagre são o baú-relicário que continha a Sagrada Hóstia e documentos oficiais que atestam o milagre. Ainda hoje e todos os anos, a comunidade católica refaz a procissão solene em honra do milagre (a chamada Stille Omgang ou Procissão Silenciosa) que percorre em silêncio o mesmo trajeto original da procissão medieval, na véspera do Domingo de Ramos.

