Amstelredam (Amsterdã) surgiu a partir de uma barragem construída no século XIII na foz do rio Amstel. O milagre eucarístico de Amsterdã ocorreu em 13 de março de 1345, quando a atual capital da Holanda não passava ainda de uma vila simplória conformada por um canal que contornava umas poucas ruas, casas e becos, alinhadas com cabanas de pescadores, uma igreja e um mosteiro. Numa casa simples às margens do canal, um pescador chamado Ysbrant Dommer, em seu leito de morte, fez chamar um sacerdote para receber os últimos sacramentos da Igreja. Após ouvir a confissão do homem, o padre o abençoou com os óleos da Extrema Unção e lhe deu a Comunhão.
Assim que o padre se foi, o pobre homem começou a tossir violentamente e, incapaz de qualquer contenção, acabou por vomitar a Hóstia recebida com todo o alimento do estômago. A Hóstia vomitada e ainda intacta foi lançada então em uma lareira acesa, desaparecendo em meio às chamas intensas, de acordo com o rito litúrgico medieval de se tratar a Eucaristia quando esta era expelida ou impossibilitada de ser consumida reverentemente.
No dia seguinte, porém, revolvendo-se as brasas e cinzas do fogo anterior, a Hóstia foi encontrada ainda perfeitamente intacta, sem quaisquer sinais de queima ou mudanças de forma ou de cor, mas tão somente branca, clara e brilhante como saída das mãos do sacerdote da comunhão. A Hóstia foi então recolhida cuidadosamente com um pano limpo e guardada em uma pequena arca, dando-se ciência então dos fatos ao sacerdote do dia anterior. Pedindo discrição a todos, o padre levou a Hóstia para a igreja paroquial de São Nicolau, colocando-a num píxide guardado no sacrário. Por espantoso que pareça, no dia seguinte, a Hóstia desapareceu do sacrário e foi reencontrada na pequena arca onde havia sido guardada originalmente. Levada novamente à Igreja, repetiu-se pela segunda vez o seu reaparecimento no local original onde fôra guardada.
A terceira vez que a Hóstia foi levada à igreja local ocorreu em meio a uma solene procissão e adoração eucarística, depois de ampla divulgação pública destes extraodinários eventos. As investigações oficiais, com amplo relato de testemunhas, foram conduzidas e atestadas pelo Bispo de Utrecht. Em carta pastoral, o bispo ratificou oficialmente como autêntico o milagre eucarístico ocorrido na pequena vila de Amsterdã, autorizando em seguida a exposição e a veneração pública da Hóstia. A casa do pescador - que recuperou a saúde - tornou-se local de peregrinação e, mais tarde, em 1347, foi transformada em capela (Heilige Stede ou 'Lugar Santo').
Com o grande afluxo de peregrinos, decidiu-se erguer um templo maior em local próximo, chamado Nieuwezijds Kapel (em tradução livre, Capela da Cidade Nova), construído entre 1347 e 1351, no então bairro do chamado 'lado novo' de Amsterdã, que passou a guardar a Hóstia Milagrosa em um baú-relicário, convertendo-se, assim, no santuário oficial do Milagre Eucarístico de Amsterdã. Deste modo, antes de Amsterdã ser conhecida internacionalmente como porto e cidade comercial, ela tornou-se um famoso local de peregrinação na Idade Média, graças a este milagre eucarístico.

