A JESUS, MODELO DE MORTIFICAÇÃO
Jesus, apenas nascido, quis ser recostado sobre palhas, para nos ensinar a mortificação dos sentidos. Assim inspirou sua Mãe a não conservá-lo nos seus braços suavíssimos e a determinou colocá-lo nesse duro leito, para sofrer mais, sentir o frio da gruta e a aspereza das palhas. Eterno amante das almas, amável Redentor, não vos satisfazem, bem vejo, a dolorosa Paixão que vos aguarda, e a morte cruel da cruz que vos preparam; quereis começar a padecer desde o primeiro momento da vossa existência!
Sim, porque desde o vosso nascimento quereis começar a ser o nosso Redentor e a satisfazer pelos meus pecados à divina Justiça. Escolheis palha por leito, para que me livreis do fogo do inferno, onde tantas vezes mereci ser precipitado. Chorais c gemeis nessa palha, para me obterdes de vosso Pai, pelas vossas lágrimas, o perdão das minhas faltas. Ah! quanto me afligem essas lágrimas, e me consolam também! Afligem-me porquanto, como poderia eu, sem penetrar-me de compaixão, ver-vos, menino inocente, sofrer tanto por crimes que não cometestes? Consolam-me porque nos vossos sofrimentos, vejo a minha salvação e o vosso imenso amor para comigo.
Mas, ó meu Jesus, não vos quero deixar chorar e sofrer sozinho; quero chorar convosco. Não vos peço, pois, consolação alguma nesta vida: é indigno delas quem teve a petulância de ofender-vos, ó Bondade infinita! Eu estou pronto a sofrer todas as cruzes que me enviardes; mas quero amar-vos, ó meu Jesus! Maria, fiel companheira de Jesus sofredor, de cujos padecimentos participastes, alcançai-me a força de suportar as minhas penas com paciência.
(A Divina Infância de Jesus, celebrada a cada dia 25 do mês, por Santo Afonso Maria de Ligório)
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