domingo, 17 de setembro de 2023

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'O Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso' (Sl 102)

Primeira Leitura (Eclo 27,33 - 28,1-9) - Segunda Leitura (Rm 14,7-9)  -  Evangelho (Mt 18,21-35)

 17/09/2023 - Vigésimo Quarto Domingo do Tempo Comum

43. OS LIMITES DO PERDÃO 


Naquele tempo em que os homens ainda hesitavam nos domínios da graça, Pedro vai se aproximar de Jesus para inquirir ao Mestre sobre os limites do perdão: 'Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?' (Mt 18, 21). Ao propor a questão, Pedro também estabelece uma referência humana a este limite - 'sete vezes' - em termos de uma concepção firmada exclusivamente nos princípios frágeis da justiça e da tolerância dos homens. 'Sete vezes', na abordagem de Pedro, seria o limite imaginável e possível da capacidade humana de perdoar a manifestação continuada do erro.

A resposta de Jesus é desconcertante para uma medida humana do perdão: 'Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete' (Mt 18,22). 'Setenta vezes sete' não implica meramente o valor humano do perdão multiplicado por setenta vezes; nem apenas um número particularmente elevado de se aplicar o perdão em medida abastada. É mais do que isso; Jesus pressupõe o perdão nos limites insondáveis da misericórdia infinita de Deus; o perdão verdadeiro deve ser reflexo da misericórdia que não impõe contenção de medidas e nem marcos limites.

Para ilustrar com clareza meridiana este princípio da misericórdia infinita de Deus, Jesus apresenta, então, a parábola do servo devedor de imensa fortuna que, instado a reconhecer a sua dívida, suplica ao Senhor a concessão de alternativas para quitá-la nas condições mais favoráveis possíveis. Movido pela compaixão e confiante no firme propósito de correção do seu servo, o Senhor lhe concede o perdão integral de todas as suas dívidas. Mas, saindo dali, o réu confesso de uma fortuna diante de Deus torna-se o juiz implacável diante da dívida inexpressiva do próximo: não apenas não perdoa a dívida em aberto, como leva à prisão o devedor de ninharias. Ciente de procedimento tão perverso, o Senhor se indigna e condena o servo infame com todo o rigor de sua justiça.

E Jesus conclui a parábola reforçando em que consiste a verdadeira medida do perdão ao próximo: 'perdoar de coração ao seu irmão' (Mt 18, 35). Perdoar significa 'perdoar de todo coração', sem quaisquer remanescentes de mágoa, rancor, ressentimentos. Perdoar significa aniquilar o mal feito na mesma medida do esquecimento integral da ofensa recebida. Neste contexto de graça, o nosso perdão torna-se perfeito e, tangido por sentimentos sinceros de caridade e de compaixão, atrai sobre nós, em medida insondável, a misericórdia infinita de Deus.