'O Senhor está perto da pessoa que o invoca!' (Sl 144)
Primeira Leitura (Is 55,6-9) - Segunda Leitura (Fl 1,20c-24.27a) - Evangelho (Mt 20,1-16a)
24/09/2023 - Vigésimo Quinto Domingo do Tempo Comum
44. NAS VINHAS DO SENHOR
Estamos na fase final da pregação pública de Jesus; depois da longa preparação dos discípulos e das premissas do seu Evangelho, aproxima-se o momento do sacrifício do Cordeiro Imolado para a salvação do mundo. Resta ao Senhor pouco tempo para consolidar, entre os seus, os fundamentos da Igreja e das realidades do Reino dos Céus. E, numa parábola magnífica, Jesus nos ensina que Deus nos chama a todos à perfeição e concede o mesmo prêmio de salvação eterna, independentemente de quando os seus escolhidos encontraram definitivamente o caminho da graça.
'O Reino dos Céus é como a história do patrão que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha. Combinou com os trabalhadores uma moeda de prata por dia, e os mandou para a vinha' (Mt 20, 1-2). Desde o batismo, desde a primeira hora, desde 'a madrugada' dos tempos, somos chamados a partilhar e compartilhar a glória de Deus nas vinhas do Senhor, como fieis da Igreja, como discípulos do Cristo, como filhos de Deus. No mundo dos homens, desde o batismo nos tornamos herdeiros potenciais da graça, operários da messe a caminho do Céu.
Mas o mundo nos empurra e confunde a caminhada da graça; as aspirações humanas nos tolhem e retêm os propósitos de santificação. Ficamos à mercê dos tempos e dos contratempos. Deus não nos abandona nunca e, como o patrão persistente e incansável, volta pela manhã, pelo meio-dia, pela tarde, pelo final do dia, à espera do 'sim' filial, pela conversão definitiva, pelo retorno do filho pródigo. Na parábola dos operários da vinha, todos receberam igualmente o mesmo prêmio, o mesmo pagamento, mesmo os que foram chamados por último: 'cada um deles também recebeu uma moeda de prata' (Mt 20, 10). Porque a medida da justiça de Deus não é feita pelas medidas humanas: a misericórdia de Deus é infinita para os que O amam; todos os trabalhadores foram contemplados com o mesmo salário, porque todos responderam prontamente ao chamado à vinha e tornaram-se, assim, herdeiros comuns da mesma graça: a vida eterna em Deus.
Ainda assim, nas sementeiras da graça, fomentaram-se os espinhos da discórdia e da inveja, por parte dos operários que se julgaram injustiçados com o pagamento equivalente: 'Estes últimos trabalharam uma hora só, e tu os igualaste a nós, que suportamos o cansaço e o calor o dia inteiro’ (Mt 20, 12). Pelo olhar da inveja humana, a misericórdia infinita de Deus teria que ter dimensões paralelas e distintas; a inveja obscurece o valor da graça daquele que a recebeu mais cedo pela concessão da mesma graça concedida ao que chegou mais tarde a ela nos caminhos da vida e, tantas vezes por isso, 'os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos' (Mt 20, 16). Porque a inveja mata e aniquila as sementes da graça recebida e é a caridade comum entre todos que produz, em todos, os mesmos frutos de vida eterna, nas vinhas do Senhor.