70. SÃO JOSÉ CHAMA O PADRE PARA UM DOENTE
Certo dia, apresentou-se na casa paroquial um ancião desconhecido, pedindo ao padre que fosse socorrer uma agonizante. Ele mesmo o acompanharia até à casa. Como a rua era de má fama e a noite se aproximava, o padre desconfiou de alguma cilada, mas o ancião insistiu:
- É preciso que o senhor vá logo, porque se trata de administrar os sacramentos a uma velha senhora que está nas últimas.
Partiu o padre levando o Santíssimo e os Santos Óleos. A noite era glacial, mas o velho parecia não senti-lo; ia adiante até chegar a uma casa de péssima reputação; teve o padre um momento de vacilação e temor, mas o ancião animou-o dizendo:
➖ Eu o esperarei aqui.
Bateu o padre à porta repetidas vezes e, como não abrissem, o ancião deu umas pancadas esquisitas e a porta abriu-se imediatamente.
➖ O senhor entre, suba a escada, abra a porta do fundo do corredor e encontrará a agonizante.
Disse essas palavras com tal força e autoridade que o padre não vacilou mais. Encontrou estendida numa cama miserável uma mulher abandonada que repetia aos gritos:
➖ Um padre! um padre! Deixar-me-eis morrer sem um padre?
➖ Filha, aqui estou, sou o padre que a senhora chama. Um ancião foi buscar-me...
Ela não queria acreditar.
➖ Não, nesta casa não há ninguém que queira ir em busca de padre e não conheço tal ancião.
Afinal, convencida, acusou os pecados de sua longa vida de pecadora e, com tanta dor e arrependimento o fez, que o padre se admirou de encontrar tais sentimentos numa pessoa há tantos anos afastada de Deus.
Arrumou o padre a mesinha e acendeu as velas para o viático e a extrema unção. Nesse ínterim, várias pessoas entraram e saíram, parecendo não notar a presença do padre. Depois de administrar-lhe todos os sacramentos, perguntou-lhe o padre se havia conservado alguma prática religiosa que lhe mereceu tal benefício em tão grande necessidade.
➖Nenhuma, disse; a não ser uma oraçãozinha que rezava todos os dias a São José para que me concedesse uma boa morte.
Consolado, o padre assistiu ao último suspiro da convertida. Nem à porta nem no caminho encontrou o ancião, e ficou convencido de que este não era outro senão o misericordioso patrono da boa morte, o glorioso São José.
71. SÃO JOSÉ E AS CRIANÇAS
A. Nas horas em que não havia ninguém na igreja, notou o irmão sacristão que um menino de cinco anos vinha passar longo tempo diante do altar de São José. Ora encostado à grade, ora de joelhos e ora assentado, ali permanecia horas olhando para o santo. O bom irmão sentiu-se impelido a fazer esta breve invocação:
➖ Ó bom São José, ouvi a oração desse pequenino, não lhe recuseis a graça que vos pede com tanta piedade e inocência!
O pobrezinho rezava pela conversão do pai...
➖ Amiguinho, disse-lhe o sacristão, se você quer dirigir a São José uma bela oração, diga: 'São José, rogai por nós'.
Tomou o conselho ao pé da letra o menino e, trocando de oração, começou a ir e vir diante do santo e, ajoelhando-se, dizia: 'São José, rogai por nós; São José, rogai por nós!'. Nisso se ocupava quando chegou sua mãe para buscá-lo. Teve que sair. Duas horas depois, o papai, que havia doze anos não se confessava, entrou na igreja para reconciliar-se com Deus.
B. Um menino da diocese de Montpellier contava assim um favor que alcançara de São José: 'Quando brincava na esquina de uma rua, fui atropelado por um carro que me esmagou contra uma parede; meu corpo tornou-se uma massa informe. O médico não dava nenhuma esperança. Meus pais apressaram-se a chamar um padre para me dar a extrema-unção.
Uma religiosa amiga, muito devota de São José, enviou-me um cordão bento do santo. Pedia-me que me encomendasse a ele com fé e confiança. Assim o fiz. Dormi logo depois e tive um sonho muito esquisito. Parecia-me estar vendo São José, que garantia a minha cura. Anunciou-me, além disso, que eu seria padre. Despertei alegre e contente a visão à minha mãe. O sonho realizou-se. Até esta data estou bom e são... e não penso senão em ser um sacerdote...'
72. PADROEIRO DA BOA MORTE
São José teve a felicidade de morrer nos braços de Jesus e de Maria, e não pode deixar de vir com eles, visível ou invisivelmente, para receber os seus devotos. Numa paróquia de Lyon (França), vivia um piedoso ancião, muito devoto de São José, que não cessou durante cinquenta anos de pedir-lhe a graça de uma boa morte. Para isso rezava, pela manhã e à noite, fervorosas orações, jejuava e fazia alguma esmola todas as quartas-feiras. Para ele, o dia da festa de São José (19 de março) era o mais belo do ano.
A 15 de março de 1859, com a idade de 86 anos, caiu doente. Pediu imediatamente os santos sacramentos e recebeu-os com uma fé que comoveu a todos os assistentes. A 19 de março, mandou celebrar uma santa missa e pediu que lhe rezassem as orações dos agonizantes. O sacerdote estava a terminar a consagração, quando o doente, erguendo os olhos ao céu, cruzando os braços, pronunciou distintamente os santíssimos nomes de Jesus, Maria e José, e exalou suavemente o último suspiro. Sua alma voou para o céu precisamente no momento em que o sacerdote, no memento, ia pedir a Deus que recebesse as almas dos fiéis no lugar do refrigério, da luz e da paz eterna.
(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)
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