Seguindo o exemplo de Jesus, conforme descrito no milagre da multiplicação dos pães (Mt 14, 14-21):
'Quando desembarcou, vendo Jesus essa numerosa multidão, moveu-se de compaixão [1] para ela e curou seus doentes. Caía a tarde. Agrupados em volta dele, os discípulos disseram-lhe: Este lugar é deserto e a hora é avançada. Despede esta gente para que vá comprar víveres na aldeia. Jesus, porém, respondeu: Não é necessário: dai-lhe vós mesmos de comer. Mas, disseram eles, nós não temos aqui mais que cinco pães e dois peixes. Trazei-os, disse-lhes Ele. Mandou, então, a multidão assentar-se na relva, tomou os cinco pães e os dois peixes e, elevando os olhos ao céu [2], abençoou-os. Partindo em seguida os pães, deu-os aos seus discípulos [3], que os distribuíram ao povo [4] Todos comeram e ficaram fartos [5], e, dos pedaços que sobraram, recolheram doze cestos cheios [6]. Ora, os convivas foram aproximadamente cinco mil homens, sem contar as mulheres e crianças'.
Ou seja:
[1] Fazer essa obra com um sincero afeto de compaixão, não só natural, mas sobrenatural, olhando a Cristo na pessoa do necessitado.
[2] Antes de alimentar o necessitado, levantar os olhos ao céu e consagrar a Deus a obra de misericórdia que se vai fazer; por uma puríssima intenção, buscar somente ou principalmente a sua glória divina.
[3] Dar o alimento assim que se conheça a necessidade, sem aguardar que o peçam para, desse modo, evitar ao pobre esse incômodo [de pedir].
[4] Dar indiferentemente a todos, segundo sua necessidade e sem parcialidade, a não ser em caso de necessidade, ou quando o exija a ordem da caridade.
[5] Dar com prudência, oferecendo ao pobre tal espécie de comida que sirva para satisfazer a sua necessidade e não para despertar a sua gula. O Senhor deu aos pobres pães e peixes, não perdizes e faisões.
[6] Dando com abundância, como fez Jesus. Depois de haver saciado o apetite daquelas pessoas, ainda sobraram doze cestos de pedaços de pão.
(Excertos da obra 'El Corazón de Jesús retratado em sus parábolas', de Ojea y Marquez, 1907)