Uma certa noite estava Martinho Lutero no terraço de um hotel ao lado de Catarina Bora, sua companheira de pecado. A temperatura era suave, o céu estava lindo e milhares de estrelas brilhavam no firmamento. Catarina, cansada talvez daquela vida de remorso, voltou-se de repente para Lutero e lhe disse:
— 'Olha Martinho, como é lindo o céu!'
Àquelas palavras, Martinho exclamou com um suspiro profundo:
— 'Sim, Catarina, o céu é lindo, mas não é mais para nós!'
O infeliz sentia que ia perder o Paraíso, mas se confessava incapaz de ressurgir e morria pouco depois naquele mesmo hotel, dando mostras do mais terrível desespero.
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Teodoro Beza, sucessor de Calvino e chefe da reforma protestante, atingido por uma enfermidade mortal, foi visitado por São Francisco de Sales. Este com o seu zelo ardente tentou todos os meios possíveis para induzi-lo a abjurar o erro, voltar para o seio da Igreja Católica, e preparar-se para uma morte cristã.
'Impossível' repetia, suspirando, o doente de quando em quando 'impossível'. Por fim, como o Santo insistia para saber o porquê daquela palavra 'impossível', Teodoro com esforço, apoiou-se num cotovelo, puxou uma cortina que fechava uma alcova, e, mostrando uma mulher ali escondida: 'Eis aí', exclamou, 'a razão da impossibilidade de me converter e de me salvar'! Preferiu a morte e o inferno, mas não deixou o pecado.
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Na cidade de Spoleto, vivia uma jovem dissoluta, cuja existência era unicamente dedicada à vaidade e aos bailes. Aconselhada mais de uma vez a corrigir-se desprezava com soberba os avisos e fazia pouco caso deles. Sua própria mãe, orgulhosa da beleza e do brio da filha, sentia imenso prazer em vê-la cortejada por um bom número de amantes, e deixava as coisas correrem na esperança de encontrar um bom partido; de mais a mais acreditava que, passado o ardor da mocidade, ela acabaria sossegando.
Oh, mães cegas e imprudentes, que não só não se preocupam, mas ainda traem suas filhas, quando não são elas próprias que as arrastam à desonra e à ruína! E o que aconteceu? A infeliz moça caiu gravemente enferma. Pessoas sérias e respeitáveis da vizinhança aconselharam-na a chamar o sacerdote, a receber os sacramentos, preparar-se para a morte, enfim. Mas a pobre teimava:
— 'Qual, repetia, é impossível, que eu tão moça e bela, morra; eu não devo, não devo morrer!'
Por fim, veio o sacerdote; este por sua vez suplicava-lhe que tivesse juízo, que rezasse a Maria Santíssima porque a morte poderia surpreendê-la.
— 'Qual morte, qual nada! Eu devo é viver! Eu não posso, não quero morrer!'
Como a insistência aumentasse, por fim, percebendo que as forças começavam a faltar-lhe, com um esforço supremo, exclamou com ira:
— 'Pois bem, se é assim, se é que eu vou mesmo morrer, vem tu, satanás, e toma a minha alma para ti!' E, cobrindo o rosto com o lençol, entregou ao demônio a alma desesperada.
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Um cavalheiro vivia com uma moça de maus costumes. Aos que o aconselhavam abandoná-la, ele respondia sempre com um desdenhoso 'não posso'. Mas a morte chegou para desuni-los. O infeliz cavalheiro adoeceu gravemente, e, como estava nas últimas, chamaram um sacerdote para prepará-lo para dar o passo terrível. Tão caridoso e paciente foi o padre que o enfermo, humildemente, respondeu:
— 'Com prazer! Apesar de ter levado uma vida má, desejo ter uma boa morte com uma santa confissão'.
— 'O senhor quererá receber também os Sacramentos como um bom cristão?'
— 'É com prazer que os receberei, se vos dignardes de o administrar'.
— 'Mas isto não será possível se o senhor não despedir primeiro aquela moça'.
— 'Ah, isso, padre, eu não posso fazer'.
— 'E por que não pode? Pode e deve fazê-lo, meu caro senhor, se quiser salvar-se'.
— 'Mas eu repito não posso!'
— 'Mas o senhor não vê que, com a morte, tão próxima, será obrigado a deixá-la por força?'
— 'Não posso, padre, não posso!'
— 'Mas assim, eu não o absolvo, não lhe administro os sacramentos e o senhor perderá o paraíso, será precipitado no inferno!'
— 'Não posso!'
— 'Será possível que eu não posso obter do senhor outra palavra? Pense na sua honra, na sua estima se morrer excomungado'.
— 'Não posso', repetiu o infeliz pela última vez. E, agarrando a moça por um braço, puxou-a para si apertando-a com força ao peito, e assim, nos braços daquela mulher indigna, expirou.
(Excertos da obra 'Confessai-vos bem!' do Pe. Luiz Chiavarino)