segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

ORAÇÃO À SANTÍSSIMA TRINDADE

Ó meu Deus, Trindade que adoro, fazei com que eu me esqueça totalmente de mim, para me fixar em Vós: imóvel, pacífica, como se a minha alma já estivesse na eternidade. Que nada perturbe a minha paz, nem me leve a abandonar-vos, ó meu Imutável, mas que, em cada momento, possa penetrar cada vez mais na profundidade do vosso Mistério. Pacificai a minha alma, fazei dela o Vosso céu, a Vossa morada e o lugar de Vosso repouso. Fazei que nunca Vos deixe só, que esteja totalmente atenta a Vós, acordada em minha fé: uma adoradora perfeita, totalmente entregue à Vossa Ação criadora. 

Ó meu Cristo amado, crucificado por amor, como eu gostaria de ser a esposa do Vosso Coração! Encher-Vos de glória e amar-Vos até morrer de amor! Porém sinto a minha incapacidade. Por isso vos peço que me 'revistais de Vós mesmo', para identificar a minha alma com todos os movimentos da Vossa, para mergulhar, preencher e transformar-me em Vós, a fim de que a minha vida não seja senão uma irradiação da Vossa. Vinde a mim como Adorador, Reparador e Salvador.

Ó Verbo eterno, Palavra do meu Deus, quero passar a minha vida a escutar-Vos. Quero ser totalmente dócil aos Vossos ensinamentos, a fim de aprender tudo de Vós. E no meio da noite, do nada, da incapacidade, quero fixar-Vos sempre e permanecer sob a Vossa admirável luz. Ó meu astro amado, fascinai-me para que nunca mais me separe da Vossa irradiação. Ó Fogo consumidor, Espírito de amor, vinde a mim, para que se faça na minha alma como que uma encarnação do Verbo: que eu seja para Ele uma humanidade na qual renove todo o Seu Mistério. 

E Vós, ó Pai, inclinai-Vos para esta Vossa pobre e pequena criatura, cobri-a com a Vossa sombra, não vejais nela senão o Bem Amado no qual pusestes todas as Vossas complacências. Ó Trindade, meu Tudo, minha Beatitude, solidão infinita, imensidade em que me perco, entrego-me a Vós como uma presa. Sepultai-Vos em mim para que eu me sepulte em Vós, esperando vir a contemplar na Vossa luz a imensidão das Vossas grandezas.

(Beata Isabel da Trindade (1880-1906), monja carmelita)