quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

SALMO 50 (51)

Trata-se de um salmo penitencial, proclamado por Davi que, instado pelo profeta Natã, toma consciência da profundidade do seu pecado pelo adultério cometido com Betsabé e pelo homicídio de Urias, esposo dela.

Na descrição do teor deste salmo, sigamos João Paulo II: O salmista começa por pedir o perdão ao Senhor para as suas faltas: 'apagai os meus pecados, lavai-me de toda a iniquidade' (3-4). Como reconhece que é pecador e nasceu na culpa, mas sabe que Deus ama a sinceridade de coração, suplica-Lhe que o restabeleça na sua amizade (5-14). Depois promete que ensinará a outros pecadores os caminhos de Deus, mas para isso precisa que o Salvador o livre de cometer mais violências e ponha nos seus lábios um cântico de louvor e de ação de graças (15-17). Por fim, em atitude de sacrifício agradável a Deus, oferece-Lhe o seu espírito arrependido, enquanto espera que o Senhor reconstrua os muros de Jerusalém e restabeleça o culto sobre o altar do templo (18-21).

E ainda no propósito do salmo, ouçamos Santo Agostinho: 'Ninguém diga que Deus não perdoa certos pecados. Assim como este salmo torna cautelosos os que não caíram, de igual modo não quer que desesperem os que caíram. Qualquer que seja o que pecou, não duvide de fazer penitência pelo seu pecado. Não desespere da salvação. Ouça Davi a lamentar-se. Ouça-o clamar e clame com ele; ouça-o lamentar e lamente-se com ele; ouça-o chorar e junte as suas lágrimas às dele; ouça-o arrepender-se e alegre-se com ele. Se o pecado não pôde cortar-te o passo para o cometeres, não te corte a esperança do perdão'.

1. Ao mestre de canto. Salmo de Davi,

2. quando o profeta Natã foi encontrá-lo, após o pecado com Betsabé.

3. Tende piedade de mim, Senhor, segundo a vossa bondade. E conforme a imensidade de vossa misericórdia, apagai a minha iniquidade.

4. Lavai-me totalmente de minha falta, e purificai-me de meu pecado.

5. Eu reconheço a minha iniquidade, diante de mim está sempre o meu pecado.

6. Só contra vós pequei, o que é mau fiz diante de vós. Vossa sentença assim se manifesta justa, e reto o vosso julgamento.

7. Eis que nasci na culpa, minha mãe concebeu-me no pecado.

8. Não obstante, amais a sinceridade de coração. Infundi-me, pois, a sabedoria no mais íntimo de mim.

9. Aspergi-me com um ramo de hissope e ficarei puro. Lavai-me e me tornarei mais branco do que a neve.

10. Fazei-me ouvir uma palavra de gozo e de alegria, para que exultem os ossos que triturastes.

11. Dos meus pecados desviai os olhos, e minhas culpas todas apagai.

12. Ó meu Deus, criai em mim um coração puro, e renovai-me o espírito de firmeza.

13. De vossa face não me rejeiteis, e nem me priveis de vosso santo Espírito.

14. Restituí-me a alegria da salvação, e sustentai-me com uma vontade generosa.

15. Então aos maus ensinarei vossos caminhos, e voltarão a vós os pecadores.

16. Deus, ó Deus, meu salvador, livrai-me da pena desse sangue derramado, e a vossa misericórdia a minha língua exaltará.

17. Senhor, abri meus lábios, a fim de que minha boca anuncie vossos louvores.

18. Vós não vos aplacais com sacrifícios rituais; e se eu vos ofertasse um sacrifício, não o aceitaríeis.

19. Meu sacrifício, ó Senhor, é um espírito contrito, um coração arrependido e humilhado, ó Deus, que não haveis de desprezar.

20. Senhor, pela vossa bondade, tratai Sião com benevolência, reconstruí os muros de Jerusalém.

21. Então aceitareis os sacrifícios prescritos, as oferendas e os holocaustos; e sobre vosso altar vítimas vos serão oferecidas.