'... PADECEU SOB PÔNCIO PILATOS...'
Ecce Homo de Antonio Ciseri (1821 - 1891)
A passagem do Credo, símbolo da fé cristã, faz referência estrita ao homem que mandou executar Nosso Senhor Jesus Cristo, não para tirá-lo do limbo da história, mas para enfatizar que o cristianismo é realmente uma religião histórica e não apenas uma filosofia de cunho moral, nascida de um mistério de redenção ocorrido num lugar determinado do mundo - a Palestina e num tempo concreto da história - quando Pôncio Pilatos era o prefeito ('praefectus') da Judeia.
O que se sabe com certeza é que no ano 26 de nossa era, Pôncio Pilatos sucedeu Valério Grato no governo da região da Judeia, Samaria e Idumeia, então províncias romanas, já desposado de Cláudia Prócula, que tinha parentesco com o imperador Tibério (42 a.C. - 37 d.C.). Sua residência oficial era em Cesareia (cidade à beira-mar construída por Herodes, o Grande) mas, em eventos especiais, deslocava-se para o Pretório em Jerusalém com todo o seu regimento.
Dos poucos registros históricos disponíveis de sua administração, Flávio Josefo relata violentos entreveros com os judeus, particularmente quando Pilatos tentou introduzir em Jerusalém os estandartes de suas tropas com as insígnias de Tibério e quando quis utilizar os recursos do templo para construir um aqueduto de Belém até Jerusalém. Foi destituído do cargo pelo seu superior imediato, Lúcio Vitélio, governador da Síria, após violentos protestos devido ao massacre ocorrido no Monte Garazim, ao tentar conter uma rebelião dos samaritanos, no ano 35 da nossa era. Seu destino final é incerto, tendo sido feitas diversas conjecturas que vão desde o suicídio no exílio na França até uma eventual conversão ao cristianismo junto com a sua esposa Prócula.