domingo, 27 de janeiro de 2013

JESUS NA SINAGOGA DE NAZARÉ


A dimensão messiânica de Jesus é revelada no Evangelho deste terceiro domingo do Tempo Comum aos moradores da aldeia de Nazaré, onde Jesus vivera até a juventude, como o filho do carpinteiro.  Quase ao término do segundo ano de sua pregação pública e após o batismo por João, Jesus retorna às suas origens para proclamar aos seus conterrâneos que Ele é o Messias prometido das Escrituras. E aí vai experimentar, se não pela primeira vez, talvez a rejeição mais dolorosa, pois oriunda daqueles que lhe eram mais próximos, mais conhecidos, que com Ele conviveram cotidianamente por quase trinta anos. 

E naquele sábado, Jesus encontrava-se novamente na sinagoga de Nazaré. O filho do carpinteiro estava de volta à sua pequena cidade natal, amparado pelo conhecimento generalizado da enorme fama de suas pregações e dos seus milagres por toda a Galileia, como nos relata São Lucas: 'sua fama espalhou-se por toda a redondeza' (Lc, 4,14). É possível imaginar a enorme expectativa daquele povo, que deve ter lotado a sinagoga de Nazaré, para ouvir o filho que portava agora tão grande fama e admiração. Depois das orações preliminares e da leitura de uma passagem da Torá, Jesus foi convidado a comentar um trecho de um dos profetas e Lhe foi entregue o rolo de Isaías. 

Jesus abriu o livro profético nas passagens relativas às previsões messiânicas (Is 61, 1ss). Na sua oratória, embora não se tenha transcrição alguma do conteúdo de sua fala, Jesus certamente explicou com suma riqueza de doutrina e de detalhes o texto de Isaías, conforme o testemunho do evangelista:  'E todos davam testemunho em seu favor, e admiravam-se das palavras de graça que saíam da sua boca' (Lc, 4,22). Á margem o tesouro da doutrina exposta, aquele evento proclamava a chegada do Ungido, do Messias revelado pelos tempos nas Sagradas Escrituras. E a portentosa revelação é explicitada nas palavras finais do Mestre: 'Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabaste de ouvir' (Lc, 4, 21).

Mas os seus, ainda que admirados de sua pregação e oratória, não vão entendê-Lo. Eles O têm apenas no espectro da perplexidade e de certa admiração: o mero artesão que conheciam tinha adquirido um elevado grau de sabedoria e conhecimento das Escrituras. Mas não o reconhecem e não vão segui-Lo. Naquele dia histórico em Nazaré, os seus não foram capazes de apreender a admirável revelação messiânica de Jesus e  seu chamado de Filho de Deus. Da certeza de que um profeta não é bem recebido em sua terra (Lc 4, 24), Jesus não foi acolhido pelos seus e, por isso, 'não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles' (Mt 13, 58). Para os homens de Nazaré daquele tempo, Jesus foi apenas uma sombra de admiração, tolhida pela incredulidade e covardia de tantos que preferiram, por puro preconceito, a 'se encher de ira' e perder o convite à plena conversão: 'Não fiqueis tristes, porque a alegria do Senhor será a vossa força' (Ne, 8, 10).