(Cura d'Ars)
sábado, 16 de novembro de 2013
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
OS PRIMEIROS CRISTÃOS: SÃO PEDRO E A IGREJA DE ROMA
Quando São Pedro chegou a Roma, já ali existia uma florescente comunidade cristã. Ele mesmo escrevera em 58, quando da sua estada em Corinto: 'Graças dou ao meu Deus... porque a vossa fé é celebrada em todo o mundo' (Rom 1,8). Não sabemos quem tenha sido o primeiro pregador do Evangelho na capital. Provavelmente foram aqueles judeus que de Roma tinham ido à Festa de Pentecostes e tinham assistido o primeiro sermão de São Pedro (At 2,10). Pode ser também que tenham sido soldados da coorte itálica, que tinha a sua sede em Cesaréia. O centurião Cornélio, batizado por São Pedro, era desta coorte. A primeira notícia certa do cristianismo de Roma data dos últimos anos do imperador Cláudio (Suet. Claud. 25, 4). Havendo sérias perturbações da ordem política por causa do nome de Cristo, Cláudio mandou expulsar toda a colônia dos hebreus. Esta notícia de Suetônio é confirmada pelos Atos dos Apóstolos (At 18,2).
Mas, se é incerto que foi o primeiro pregador do Evangelho em Roma, é certo que o próprio príncipe dos apóstolos ali pregou, estabeleceu a sua sede episcopal e sofreu o martírio. Infelizmente, as notícias que temos de São Pedro são muito escassas. Os Atos dos Apóstolos, nos primeiros onze capítulos, só se referem à sua pregação em Jerusalém e outras partes da Palestina, até o batismo de Cornélio. A sua atividade durante os anos seguintes nos é quase completamente desconhecida.
Pilatos havia sido deposto por Vitélio, governador da Síria, que o havia enviado a Roma (Jos Ant 18 4,2). Marcelo, seu substituto, não chegara ainda quando Anás e Caifás, arrogando-se direitos que não lhes pertenciam, condenaram Estêvão e perseguiram os cristãos. O novo governador depôs do seu cargo o sumo sacerdote. A Tibério sucedeu Calígula que, para si mesmo, exigia um culto divino (Suet. Cal. 22). Os judeus, como súditos que eram deste monstro coroado, viam-se constrangidos também a adorá-lo. A resistência que opunham valeu-lhes as mais funestas consequências. Perseguidos eles mesmos, não puderam ser perseguidores. Por conseguinte, a Igreja gozava então de paz em toda a Palestina.
São Pedro aproveitou-se da ocasião para visitar as igrejas já fundadas. Em Lida, deu saúde a Enéias; em Jope, ressuscitou Tabita (At 9, 33-). Achava-se ainda em Jope quando teve a visão dos animais imundos, que o levou ao batismo de Cornélio e de toda a sua família (At 10, 1-). Entrementes, Calígula caiu morto pelo punhal dos conjuradores. Claúdio subiu ao trono (41 - 54). Os reis tributários felicitaram-no pela elevação e, entre estes, quem mais se distinguiu foi Herodes Agripa. Lembrando-se da sua antiga amizade, Cláudio, após a morte de Marcelo, confirmou-o rei de toda a Palestina (Jos., Ant. 19, 4, 1-2, 5,1), o que encheu de alegria os judeus; mas para os cristãos significava o início de novas perseguições.
A primeira vítima foi São Tiago, a quem Herodes mandou matar à espada (At 12, 1-2). Vendo que esta ordem agradava aos judeus, ordenou também a prisão de São Pedro, para que fosse morto depois da Páscoa. Mas um anjo veio restituir-lhe a liberdade, e Pedro partiu para outro lugar (At 12, 17). Para onde? Antioquia? Roma? Não o sabemos. Orígenes e outros escritores eclesiásticos atribuem-no a fundação da sede episcopal de Antioquia. Segundo antiga tradição, o apóstolo dirigiu esta igreja pelo espaço de sete anos. Mas não temos uma prova a favor da tradição. E nada impede admitir que de Jerusalém se tenha dirigido à Roma. é isto que nos diz outra antiga tradição transmitida por Eusébio (Eu 2,14) e outros escritores. Pelo decreto de Cláudio provavelmente teve de deixar de novo a capital. Certo é que, depois da morte de Agripa, voltou à igreja-mãe, presidiu o concílio dos apóstolos e encontrou-se com São Paulo em Antioquia. Depois de diversas viagens pelo Oriente e pela Grécia, estabeleceu-se definitivamente em Roma e dirigiu os destinos desta comunidade até a sua morte.
O primeiro a levantar uma dúvida contra esta tese católica [São Pedro ter estado em Roma] foi Marsílio de Pádua, sectário de Luís IV da Baviera, na luta contra o Papa João XXII (1316 - 1334). Negaram-na, em seguida, também Calvino e, no século XIX, ainda Baur, Lipsius e outros protestantes. Sobremaneira fortes tornaram-se as negações protestantes por ocasião do Concílio Vaticano. E ainda que a maioria dos protestantes, como Harnack, reconheçam o fato hoje em dia, há ainda quem ouse negá-lo, cego pelos preconceitos de uma historiografia tendenciosa.
Não Jerusalém, a cidade deicida, mas Roma tinha sido escolhida pela Providência Divina para ser a capital do reino de Deus na terra. Para Roma é que ela dirigiu os passos do primeiro papa. Realmente, há tantas provas da estada de São Pedro em Roma, e provas tão convincentes, que só um homem de má fé pode ainda duvidar dela. Já as palavras dos Atos dos Apóstolos (At 12, 17) designam, com muita probabilidade, a cidade de Roma. Se, em seguida, o mesmo apóstolo, em sua primeira epístola, chama 'Babilônia' o lugar de sua residência (I Pe 5,13), esta Babilônia não pode ser senão Roma. Aquela das margens do Eufrates, ainda que existisse, estava deserta, como nos diz Estrabão e Plínio, o Velho; e, conforme a narração de Josefo (Ant. 18, 9), judeus quase não havia mais nela. A Babilônia do Egito era apenas um pequeno castelo romano. Depois de ter São João Evangelista chamado Roma 'a grande Babilônia' (Apoc 16, 19; 17, 5; 18, 2-), toda a antiguidade cristã a conhecia por este nome, como Pápias atesta e, mais claramente, Clemente de Alexandria (Eus,. HE 2,15).
Pelo ano de 96, três decênios depois da morte de São Pedro, Clemento Romano escreveu aos coríntios: 'A esses santos varões (Pedro e Paulo), que ensinavam a santidade, se associou grande multidão de eleitos que, suplicados e atormentados pelo ódio, foram entre nós, de ótimo exemplo' (Cor 6,1). Do mesmo modo, Santo Inácio de Antioquia, nos primeiros anos do século II, supõe a existência dos príncipes dos apóstolos em Roma quando escreve: 'Eu não vos ordeno como Pedro e Paulo' (Rom 4,3). Eusébio conservou-nos o testemunho de Clemente de Alexandria (c. 150-215) e de Pápias, bispo de Hierapólis e discípulo de São João, segundo os quais São Pedro pregou em Roma e ali pregou o evangelho de São Marcos, escrito a instâncias da comunidade romana. Pápias acrescenta que São Pedro escreveu em Roma a sua primeira epístola (Eus. HE 2; 15; 6, 14). Dionísio de Corinto escreveu ao papa Sotero (165-74): 'Pedro e Paulo, assim como vieram à cidade de Corinto, plantando a nossa Igreja, com os seus ensinamentos, assim igualmente se foram à Itália, onde vos doutrinaram e sofreram o martírio ao mesmo tempo' (Eus. HE 2,25).
Dez anos depois, Santo Irineu fala da fundação da igreja romana pelos apóstolos Pedro e Paulo (Adv. Haer. 3,3,2) e o seu testemunho é de tão alto valor que, por si só, bastaria para confundir todos os adversários. Discípulo de São Policarpo e clérigo e bispo de Lião, conhecia a tradição do Oriente e do Ocidente; e não contente ainda, foi a Roma, a fim de estudar as origens e a doutrina da igreja da capital.
Contemporâneo de Santo Irineu foi Tertuliano que, pelo fim do século II, passou longos anos em Roma. Ele atesta a pregação e a morte de São Pedro em Roma (De Praesc., 32, 36). Pelo mesmo tempo, o presbítero romano Caio podia objetar, numa disputa com Proclo, chefe da seita catafrígia: 'Eu posso mostrar os troféus (sepulcros) dos apóstolos. Quer vás ao Vaticano, quer vás à Via Ostiense, encontrarás os troféus daqueles que fundaram esta Igreja' (Eus. HE, 2,25).
Com isso já nos achamos no campo da arqueologia. Tanto em cima da terra, como nas galerias subterrâneas, encontramos inúmeras vezes os nomes de Pedro e Paulo. Em medalhões, copos e paredes os achamos, às vezes acompanhados de suas imagens. A cadeira de São Pedro no cemitério de Priscila, as inscrições nas catacumbas de São Sebastião e os baixos relevos de muitos sarcófagos atestam bem altamente a estada de São Pedro em Roma. Aliás, nenhuma outra cidade jamais reclamou para si a honra de possuir os sepulcros dos príncipes dos apóstolos. Foi, pois, em Roma que São Pedro doutrinou e batizou. Foi em Roma também que governou a igreja, primeiro bispo da cidade eterna.
Efetivamente, para essa afirmação podemos aduzir número interminável de testemunhos históricos. Basta dizer que os autores de toda a antiguidade cristã estão de acordo em atestar o episcopado romano de Pedro, e que, com o nome de Pedro, todos os catálogos dos pontífices romanos abrem a lista de sucessão episcopal de Roma. Assim, o catálogo de Santo Irineu, o mais antigo e de irrefutável autenticidade (Adv. Haer. 3, 3, 3); assim, Eusébio na sua Crônica e na sua História da Igreja; assim o catálogo liberiano de 354; assim também o Index, i. é, um grupo de catálogos dos séculos V-VII; assim finalmente o Liber Pontificalis.
Segundo antiga tradição que remonta ao século IV ou talvez o século III, São Pedro foi bispo de Roma pelo espaço de vinte e cinco anos. São Jerônimo escreve que, no segundo ano do imperador Cláudio, 'Simon Petrus... Roman pergit ibiqui viginti quinque annis cathedram sacerdotale tenuit' (De Vir. ill. 1, cfr. Chron. 2). Colocando-se a morte do apóstolo no ano 67, este teria chegado à Roma no ano 42, precisamente depois de sua prisão em Jerusalém.
(Excertos da obra 'Compêndio de História da Igreja' de Frei Dagoberto Romão, Petrópolis, 1949)
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
SACERDÓCIO ETERNO
Lê-se no Concílio de Trento: Devemos reconhecer que entre todas as obras, ao alcance dos fiéis, nenhuma há mais santa que este mistério terrível [a celebração da Santa Missa]. Nem o próprio Deus pode fazer que haja no mundo uma ação maior e mais santa que a celebração duma missa. Ó, quanto mais excelente que todos os sacrifícios antigos o sacrifício dos nossos altares, em que a vítima oferecida não é já um touro ou um cordeiro, mas o próprio Filho de Deus!
Para a vítima, o judeu tinha um boi, escreve São Pedro de Cluny; o cristão tem Jesus Cristo; tanto este último sacrifício excede o primeiro, como Jesus Cristo excede a um boi. Depois ajunta que uma vítima servil era a única que convinha a servos, ao passo que aos amigos e aos filhos estava reservado o próprio Jesus Cristo, como vítima que nos libertou do pecado e da morte eterna. Tem pois razão São Lourenço Justiniano em dizer que não há oferenda nem maior em si mesma, nem mais útil aos homens, nem mais agradável a Deus, que a que se faz no sacrifício da missa.
Assim, São João Crisóstomo assegura que, durante a celebração da missa, está o altar cercado de anjos, reunidos para honrarem a Jesus Cristo, que é a Vítima oferecida neste augusto sacrifício. Que fiel poderá duvidar, pergunta por sua vez São Gregório, que no momento do sacrifício o Céu se não abra à voz do padre e numerosos coros de anjos não estejam presentes a este mistério em que Jesus Cristo se imola? E Santo Agostinho acrescenta que os anjos se aconchegam a rodear o sacerdote como servos, para o ajudarem nas suas funções.
Falando deste grande sacrifício do Corpo e Sangue de Jesus Cristo, o Concílio de Trento nos ensina que é o próprio Salvador que aí se oferece a seu Pai, mas pelas mãos do sacerdote, que escolheu para seu ministro, encarregado de o representar ao altar. E São Cipriano tinha dito antes: 'O padre ao altar ocupa o lugar de Jesus Cristo'. É por isso que, ao consagrar, o padre se exprime assim: 'Isto é o meu corpo; este é o cálice do meu sangue'. E o próprio Jesus Cristo disse a seus discípulos: 'Quem vos ouve, a mim ouve; quem vos despreza, a mim despreza'.
Ora, mesmo aos antigos levitas exigia o Senhor que fossem puros, só porque tinham por dever transportar os vasos sagrados: 'Purificai-vos, vós que levais os vasos do Senhor'. Sobre o que Pedro de Blois faz esta reflexão: 'Quanto mais puros devem ser os que trazem Jesus Cristo nas suas mãos e nos seus corações? E com quanta mais razão exigirá o Senhor a pureza dos padres da Nova Lei, encarregados de representar ao altar a pessoa de Jesus Cristo, para oferecerem ao Padre eterno o seu próprio Filho!' Tem pois justo motivo o Concílio de Trento, para querer que os padres celebrem este augusto sacrifício com a máxima pureza de consciência possível.
E é o que significa, nota o abade Rupert, a brancura da alba, de que a Igreja quer que o sacerdote se revista e cubra da cabeça aos pés, quando celebrar os divinos mistérios. É muito justo que o sacerdote honre a Deus com a inocência da sua vida, visto que Deus tanto o há honrado, elevando-o acima de todos os outros homens, e fazendo-o ministro seu, neste mistério sublime, como dizia São Francisco de Assis. Mas como deve o padre honrar a Deus? Será porventura trajando ricos vestidos, anafando a cabeleira com arte, ostentando punhos elegantes? Não, responde São Bernardo, é por uma vida irrepreensível, pelo estudo das ciências sagradas, e pelos trabalhos que empreender para glória de Deus.
(Excertos da obra 'A Selva' de Santo Afonso Maria de Ligório)
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
DOM BOSCO: 10 CONSELHOS AOS PAIS
1. Valorize o seu filho. Quando respeitado e estimado, o jovem progride e amadurece.
2. Acredite no seu filho. Mesmo os jovens mais 'difíceis' trazem bondade e generosidade no coração.
3. Ame e respeite o seu filho. Mostre a ele, claramente, que você está ao seu lado, olhe-o nos olhos. Nós é que pertencemos a nossos filhos, não eles a nós.
4. Elogie seu filho sempre que puder. Seja sincero: quem de nós não gosta de um elogio?
5. Compreenda seu filho. O mundo hoje é complicado, rude e competitivo. Muda todo dia. Procure entender isto. Quem sabe ele está precisando de você, esperando apenas um toque seu.
6. Alegre-se com o seu filho. Tanto quanto nós, os jovens são atraídos por um sorriso; a alegria e o bom humor atraem os meninos como mel.
7. Aproxime-se de seu filho. Viva com o seu filho. Viva no meio dele. Conheça seus amigos. Procure saber onde ele vai, com quem está. Convide-o a trazer seus amigos para a sua casa. Participe amigavelmente de sua vida.
8. Seja coerente com o seu filho. Não temos o direito de exigir de nosso filho atitudes que não temos. Quem não é sério não pode exigir seriedade. Quem não respeita, não pode exigir respeito. O nosso filho vê tudo isso muito bem, talvez porque nos conheça mais do que nós a ele.
9. Prevenir é melhor do que castigar o seu filho. Quem é feliz não sente a necessidade de fazer o que não é direito. O castigo magoa, a dor e o rancor ficam e separam você do seu filho. Pense, duas, três, sete vezes, antes de castigar. Nunca com raiva. Nunca.
10. Reze com seu filho. No princípio pode parecer 'estranho'. Mas a religião precisa ser alimentada. Quem ama e respeita a Deus vai amar e respeitar o seu próximo. 'Quando se trata de educação não se pode deixar de lado a religião'.
CARTAS A MEU PAI (I)
Pai:
hoje eu acordei sonolento e pouco animado e foi uma pequena vitória pular da cama de um salto só; penso que ter ficado estudando ontem até tarde não tenha sido uma escolha muito adequada. De qualquer forma, não vi meu Anjo da Guarda pela manhã e ele parece estar envolvido em mais uma de suas travessuras para comigo. Chamá-lo, chamei várias vezes, mas ele não deu sinal de presença. Tem hora que eu acho realmente que ele se encontra em algum outro lugar, fazendo outras coisas que não seja cuidar de mim. Mas como brigar com alguém que aparece e desaparece sem maiores explicações?
Assisti pouco à vontade as duas primeiras aulas, porque estava sonolento e o professor não estava também nos seus melhores dias. Tive a convicção de que uma equação que ele demonstrou estava errada ou, pelo menos, admitia outras variantes. Mas nem isso posso afirmar, tal o estado de embotamento que tomou conta de mim. Eu chamei meu Anjo baixinho várias vezes, sem sucesso. Se ele não fizer uma intervenção rápida, vou ter outra vez aquela famosa dor de cabeça de final de tarde. Com esse calor, então, isso é líquido e certo...
Eu vi H. passando pelo corredor na hora do intervalo. Ele me pareceu bem mais triste dos que nas últimas vezes. A doença da mãe o está prostrando por completo e ele parece desabar sem reação. Teria muito gosto em lhe dizer que esta provação é temporária e que a enfermidade dela tem forte cunho psicológico e passará logo e por completo. E que essa provação é teste para ele e não para a sua mãe; mas isso não posso fazer. Deus não tem muito apreço pelas almas tíbias e atua numa alma assim para acalentá-la com graças que ela não buscaria por si mesma. Mas ele continua não respondendo ao patamar da graça, prefere a lamentação e o desconforto humano, pura e simplesmente.
Almocei no restaurante de sempre; não se preocupe, minha alimentação está bem mais balanceada agora e, para meu desgosto e como sacrifício do dia, invoquei o bom Deus e comi...repolho! Quem disse que repolho não pode ser alimento da alma? Não engoli pedaços em lances, mastiguei-o com solicitude e bem devagar. Juro que não vou culpar o repolho pela minha dor de cabeça mais tarde. A. me cumprimentou de longe, sua alma brilha de forma especial e serena; ela será instrumento forte de Deus na vida de muitas pessoas. Quantas graças não serão recebidas por aqueles que a encontrarem nos restaurantes do mundo!
Mesmo com este calor, as aulas à tarde foram boas e bem interessantes. Eu procuro me adaptar ao modo de cada professor, e valorizar o seu trabalho cotidiano e tão belo. Rezei pela alma de N., definitivamente ele não sabe o que pode representar e se sustenta com tão pouco; a medida que vai ser julgado é imensa e tão pesada... L. me disse que ainda que eu lhe dissesse com todas as letras a insensatez dos seus atos, ela duvidava que isso pudesse fazer qualquer diferença. É verdade que há homens que se obstinaram no mal de tal forma que não parecem homens, mas o que é impossível a Deus?
Meu Anjo da Guarda sumiu. Chamei-o agora há pouco várias vezes, invoquei-o em meio a várias orações, incluindo as que ele próprio me ensinou. Nada! Vou dormir cedo e lhe conto amanhã, meu pai, se ele finalmente vai me encontrar no sono dessa noite. Ah, nada também de dor de cabeça, viu? Será que Meu Anjo veio e eu nem vi? Fiz um lanche reforçado e estudei o de sempre. Aquela equação estava errada mesmo, vou conversar com o professor. Tentei ligar para J., sem sucesso, só dá ocupado. Ele parece estar convencido de conseguir a conversão da moça que encontrou no trem para G. Que Nossa Senhora do Pilar lhe ilumine neste propósito.
E isso é tudo por hoje, na vida de um filho vosso no meio do mundo. Boa noite, pai. Com a vossa bênção, R.
('Cartas a Meu Pai' são textos de minha autoria e pretendem ser uma coletânea de crônicas que retratam a realidade cotidiana da vida humana entranhada com valores espirituais que, desapercebidos pelas pessoas comuns, são de inteira percepção pelo personagem R. As pessoas e os lugares, livremente designados apenas pelas suas iniciais, são absolutamente fictícios).
('Cartas a Meu Pai' são textos de minha autoria e pretendem ser uma coletânea de crônicas que retratam a realidade cotidiana da vida humana entranhada com valores espirituais que, desapercebidos pelas pessoas comuns, são de inteira percepção pelo personagem R. As pessoas e os lugares, livremente designados apenas pelas suas iniciais, são absolutamente fictícios).
domingo, 10 de novembro de 2013
HERDEIROS DA RESSURREIÇÃO DE CRISTO
Páginas do Evangelho - Trigésimo Segundo Domingo do Tempo Comum
Neste período final do Ano Litúrgico de 2013, os Evangelhos enfatizam de forma especial a Ressurreição de Cristo e a comunhão eterna do espírito e da carne. Um corpo glorioso, submetido à perfeição aos desígnios da alma, pois revestido da claridade infinita da glória de Deus, sem mancha de qualquer defeito ou corrupção, porque 'Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, pois todos vivem para ele' (Lc 20, 38).
A ressurreição de Cristo não é como a 'ressurreição' de Lázaro: Jesus passou pela Cruz e pelo Calvário, para vencer definitivamente a morte e nos abrir o caminho da plenitude da salvação eterna em corpo e alma gloriosos. Nesta esperança reside todo o tesouro da fé cristã: com Cristo, o Primogênito, as Portas dos Céus foram abertas para que os justos, na glória de corpo e alma, possam tomar lugar nas moradas eternas do Pai: 'Nosso Senhor Jesus Cristo e Deus nosso Pai, que nos amou em sua graça e nos proporcionou uma consolação eterna e feliz esperança, animem os vossos corações e vos confirmem em toda boa ação e palavra' (2 Ts 2, 16-17).
E diante a pergunta capciosa dos saduceus, seita religiosa apegada aos extremos formalistas da Lei e, portanto, incrédulos e relativistas, Jesus vai confirmar o abismo existente entre as realidades humanas e as realidades de Deus e da vida futura. No domínio da razão humana, a lógica é ditada pelas concessões aos domínios relativos. E, assim, na prescrição formal de uma garantia de descendência buscada por todos os meios possíveis, sete irmãos se casariam com a mesma mulher e todos morreriam sem deixar filhos. Qual deles seria o marido dessa mulher? No contexto algo inusitado da situação exposta, relativizado ao absurdo, a lógica daqueles homens moldava-se perplexa diante da incredulidade humana.
Mas a realidade divina não se molda pelos relativismos e perplexidades humanas. A sabedoria de Deus é o triunfo infinito da Verdade Absoluta. E Jesus lhes vai ponderar tais coisas: 'os que forem julgados dignos da ressurreição dos mortos e de participar da vida futura, nem eles se casam nem elas se dão em casamento; e já não poderão morrer, pois serão iguais aos anjos, serão filhos de Deus, porque ressuscitaram' (Lc 20, 35-36), ratificando a doutrina da ressurreição da carne vivenciada por Moisés na passagem da sarça ardente. Como herdeiros da ressurreição de Cristo, não teremos mais traço algum da miserável condição humana, uma vez transformados na raça dos eleitos dos Filhos de Deus.
sábado, 9 de novembro de 2013
POEMAS PARA REZAR (XIII)
AO MEU ANJO DA GUARDA
Pelos passos mal trilhados, pelos caminhos sem fim,
obrigado, Senhor, não os segui
pelas sombras do desespero, pelas trevas do desamor,
obrigado, Senhor, eu não as vi
pelos olhares mais perdidos, pensamentos sem razão,
obrigado, Senhor, pois foram vãos
pelos gestos mais irados, pelas sentenças malditas,
obrigado, Senhor, não saíram das minhas mãos
pelo mal que atormenta, pelo vício que destrói,
obrigado, senhor, morreram sós
pelos gritos enfurecidos, pelos sussurros de desdém
obrigado, Senhor, não lhes dei voz,
pela busca do mais ter, na voragem do prazer,
obrigado, Senhor, não eram teus,
pelo coração amargo, pela alma angustiada,
obrigado, Senhor, não foram meus.
Mas, Senhor, é justo dizer,
que a virtude de não errar assim,
nasceu de alguém que me fez viver
sem me roubar de mim.
Obrigado, Senhor,
Pelo meu Guia Protetor,
pelo meu Anjo da Guarda
Consolador.
Na vigília do meu ser
é meu outro eu
Anjo de Luz
que intercede em meu viver
como se fosse meu, só meu,
outro Jesus.
(Arcos de Pilares)
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