terça-feira, 28 de setembro de 2021

SOBRE O PROPÓSITO DE NÃO PECAR

Muitos já se manifestaram - com absoluto rigor teológico - de que não devemos temer o demônio, mas sim o pecado, que nos deixa à mercê da ação de todos os demônios. Como cristãos no mundo, estamos sujeitos a todas as tentações e, infelizmente, a pecar contra Deus, num mundo em que a única evolução palpável é a de que o pecado não existe, o demônio não existe, o inferno não existe. 

E o mal existe; e para se manifestar e se manter presente, precisa desesperadamente do conluio dos homens, por meio de uma única via dolorosa: o pecado. Com o pecado, o homem coopera com a ação diabólica no propósito de aniquilar a obra divina da salvação. E como o pecado tornou-se artigo de uso imediato e contínuo, a humanidade hoje se vê como um todo emaranhada num redemoinho de fatos e situações que nos fazem crer que o homem desaprendeu de vez a sua condição de criatura de Deus. 

A simples percepção dessa crença já é um propósito de vida cristã. Mas é preciso mais, muito mais: e o melhor começo - ou recomeço - é o firme propósito da não submissão ao pecado, sem quaisquer concessões ou desculpas, pelo simples motivo de que buscar desculpas para o pecado cometido é um grande pecado. Somos filhos e filhas de Deus e Deus abomina o pecado. Como filhos e filhas de Deus, devemos abominar o pecado e nos livrar deles a qualquer custo, sob quaisquer contextos ou tentações. Se fosse fácil, o caminho para o Céu seria uma rodovia pavimentada de oito pistas; não é nada fácil e, por isso, é que a porta é estreita e para poucos.

O livre arbítrio nos concede a condição ímpar de viver por instintos e é isso exatamente o que faz um animal qualquer viver. Mas o livre arbítrio não nos foi concedido para sermos animais quaisquer, mas para manifestar, nas nossas ações e decisões cotidianas, a graça de sermos filhos e filhas de Deus. O livre arbítrio nos propõe uma clara distinção do bem e do mal, da ação e do indiferentismo, do poder das escolhas, de submeter ou não às tentações, de pecar ou não pecar. Como filhos e filhas de Deus, somos criaturas destinadas a cumprir nesta vida em tudo, com todos, o tempo todo, a Santa Vontade de Deus. Estamos realmente vivendo assim?

E precisamos viver assim, para nos afastarmos do pecado para nós e para os outros. Esse é o caminho da Cruz, esse é o caminho do Céu. Não cairmos diante as tentações, não submetermos o livre arbítrio aos caprichos do pecado. E, caso aconteça - e com que causalidade isso nos afronta! - fiquemos rapidamente de pé (eu diria, de joelhos) e, mediante uma firme contrição e uma boa confissão, retomemos a estrada segura do Senhor. 

Que nesse propósito, sejamos mais que ousados, sejamos visceralmente ambiciosos no sentido de sermos instrumentos da salvação para muitos - para todos! O aguilhão do pecado vai nos machucar e nos tornar propensos a cair, arrastar, respirar ofegantes, perder tempo, lamentar e... levantar! Por mim mesmo e pelos que Deus colocou em meu caminho, para sermos todos  redimidos pelo Sangue de Jesus no Calvário. Por isso, a estrada é tão estreita, sinuosa e difícil, e o esforço tem que ser enorme para manter juntos tanta gente, o tempo todo. Mas, no fim do caminho, iremos todos habitar nas moradas eternas do Pai. E que neste propósito, ó meu Deus, eu não seja jamais pedra de tropeço para ninguém, e não me atreva nunca a sucumbir ao pecado que, me afastando de Vós e me colocando à mercê de todo o mal, possa vir a me tornar criatura de mim mesmo e senhor do meu próprio - e tenebroso - destino.