sábado, 28 de agosto de 2021

A VIDA OCULTA EM DEUS: ALEGRIA NO SOFRIMENTO QUE CONDUZ A DEUS


Ó meu Deus, eu não posso proclamar-Vos excelso, liberal e glorioso apenas no momento em que Vós dignais a me visitar e a me fazer saborear a alegria de Vossa doce presença, mas também, e acima de tudo, quando quereis me abandonar e deixar-me sozinho em meio a escuridão, numa noite fria e sem fim. Seja o que façais comigo, sereis sempre excelso, liberal e glorioso. No cerne de todo sofrimento que provém de Vós, nele escondeis uma graça e uma alegria. Se eu for corajoso, se for capaz de compreender, de aceitar e amar, então a dor há de me arrancar de mim mesmo, me fazer atravessar o vazio, me elevar acima de tudo e me levar até Vós, para me exilar em Vossos braços e em Vosso coração. Sim, ó meu Deus, assim como existe um êxtase de alegria, existe também um êxtase de dor: 'Minha alma engrandece ao Senhor'.

O que importa o caminho que me conduz a Vós, ó meu Deus, desde que eu chegue até Vós? Não é ele o mais curto e seguro do sofrimento? Existe algum lugar do mundo que possa estar mais perto do Céu do que o Calvário? E, se para entrar na Vossa glória, Vós precisastes sofrer tanto, ó meu Jesus, como podemos esperar alcançá-la de outra forma? Mas, mais uma vez, o que isso realmente importa? Aproximar-me de Vós, ó meu Deus, juntar-me a Vós, ser levado à Vossa presença: tudo está aí e aí está tudo. Um único momento da vida divina nos faz esquecer tudo, esse é o cêntuplo que prometestes ao meu Deus e que já nos dais neste mundo. Deixai-me expressar a Vós a minha alegria, a minha felicidade, o meu deleite e graça em me sentir convosco e Vos ter em mim. Vós não me deveis nada. Melhor dizendo, deveis a mim sofrimentos. E, assim, dais a mim tudo o que eu preciso, e que eu compreendo, conclamo e usufruo em plenitude.

(Excertos da obra 'A Vida Oculta em Deus', de Robert de Langeac; Parte II -  A Ação de Deus; tradução do autor do blog)