As aparições de Nossa Senhora em Fátima/Portugal em 1917 a três humildes crianças, Jacinta e Francisco Marto (ambos falecidos ainda na infância, logo após as aparições, em 20/02/1920 e 04/04/1919, respectivamente) e Lúcia dos Santos (mais tarde a Irmã Lúcia do Imaculado Coração), à época com 7, 9 e 10 anos, respectivamente, constituem uma referência notável dentre as revelações marianas, estabelecidas de modo admirável numa mensagem de cunho universal, mundialmente conhecida como Segredo de Fátima. Estas aparições são descritas e analisadas detalhadamente na página Fátima em 100 Fatos e Fotos publicada neste blog.
Nesta postagem particular, são realçados os aspectos muito especiais relativos ao simbolismo das datas e números associados às aparições de Fátima. Por que Nossa Senhora fez as suas aparições no dia 13? Por que em 1917? Por que foram seis aparições, entre os meses de maio e outubro de 1917? Nada do Céu vem por acaso, nada é mera coincidência. Nossa Senhora explicitou muitas coisas - avisos e advertências de extrema gravidade - aos homens dos tempos atuais, mas também reteve outras revelações menos claras e menos explícitas, que requerem ser desveladas além dos tempos específicos e do cenário das aparições.
Nossa Senhora apareceu às crianças sempre no dia 13 de cada mês (a quarta aparição ocorreu em 19 de agosto, em função da prisão e transferência das crianças até a localidade de Ourém, que foram impedidas, assim, de estarem presentes na Cova da Iria, na data de 13 de agosto, previamente recomendada por Nossa Senhora). Por que no dia 13, e não no dia 12 ou 15? A natureza específica desta data é claramente entendida à luz do Livro do Apocalipse, o livro das revelações por excelência:
'Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas' (Ap 12,1)
As revelações de Fátima traduzem uma dualidade extraordinária do plano divino da salvação: a ligação unívoca da Mãe de Deus e da Santa Igreja de Deus, entre Nossa Senhora e a Igreja de Cristo, fundada em Pedro e nos Doze Apóstolos - as doze estrelas que encimam a cabeça da Virgem de Fátima. Nossa Senhora (revestida de sol, como na sexta aparição) reunida com os Doze Apóstolos (1 + 12 = 13) é a ratificação nos tempos de todos os homens da civilização cristã nascida sob as graças do Espírito de Deus manifesto sobre a Igreja Reunida no Cenáculo de Jerusalém. Nossa Senhora é a rainha dos Apóstolos, rainha da Igreja de Cristo. A mensagem é clara: a Rússia e o mundo só serão convertidos pela devoção à Virgem e à Igreja, ao papado, ao sucessor de Pedro: este é o primado do plano divino da salvação. As heresias e o mal se alastram quando se viola e se deturpa essa união da dualidade da graça: e é por isso que o ecumenismo e o protestantismo têm a mesma raiz diabólica, que consiste como premissa a mesma rejeição ao papado e a mesma rejeição a Maria.
Vejamos agora a questão do ano: 1917, no cenário agreste das montanhas e vales da Serra do Aire e da aldeia de Aljustrel, nas proximidades de Fátima. Poder-se-ia, preliminarmente, analisar o contexto desta data no viés mais específico da política e da situação da Igreja em Portugal à época. Mas a chave é buscar essa abordagem no contexto muito mais geral da história humana da própria civilização cristã. E, mais uma vez, recorrer ao Livro do Apocalipse:
'Depois apareceu outro sinal no céu: um grande Dragão vermelho, com sete cabeças e dez chifres, e nas cabeças sete coroas' (Ap 12,3)
O Dragão vermelho, com sete cabeças (sete vertentes do mal) e dez chifres (o mal criado, proclamado, difundido e amplificado à décima potência), tem símbolo 17 = 7 + 10 e será dominado pelo triunfo do Imaculado Coração de Maria. O Dragão vermelho representa o comunismo e o ateísmo marxista que, utilizando os valores do mundo, obstruem e se revoltam contra Deus e a civilização cristã. O simbolismo do mal no número 17 prospera e se regurgita na Reforma Protestante (1517), no nascimento da maçonaria moderna (1717) e na revolução russa de 1917.
Nas aparições de 1917, Nossa Senhora revelou-se a Senhora do Rosário (sexta aparição) e mostrou ser a oração do Rosário (terceira aparição) o instrumento dado aos homens para vencer o dragão vermelho e o pecado. O Rosário ensinado pela Virgem Maria a São Domingos de Gusmão e rezado pelas tropas cristãs que venceram os turcos otomanos na Batalha de Lepanto (7 de outubro de 1571). No dia 07/10 (7 + 10 = 17), dia que a Igreja comemora as glórias de Maria como Nossa Senhora do Rosário, devoção proclamada pela Igreja a partir de 1717.
Eis aí as revelações de Fátima expressas segundo uma segunda dualidade: de um lado, o dragão vermelho com suas sete cabeças e dez chifres, ou seja, Satanás e as falanges do inferno; de outro lado, Maria, a Rainha do Santo Rosário, que esmaga o dragão infernal e que triunfa sobre toda a iniquidade.
As aparições se desenvolveram entre 13 de maio e 13 de outubro de 1917: um período singular de tempo constituído por 153 dias. Este número é referido explicitamente no evangelho de São João: 153 peixes grandes foram coletados na rede puxada por Pedro do lago de Tiberíades e 'a rede não se rompeu' (Jo 21,12). Sim, 153 peixes grandes (ou seja, iguais) conformando a plenitude da graça da salvação concedida a todos os homens, sem exclusão de raça, nação ou língua. Essa pesca milagrosa seria (ou será) o resultado extraordinário da conversão da humanidade (e da Rússia em particular) a partir da dualidade de Nossa Senhora e do papado, que a Igreja ousou duvidar. Pesca milagrosa (conversão do mundo) ainda possível, se tangida pela oração frequente das 153 ave-marias do Rosário, como exaustivamente pedida por Nossa Senhora de Fátima. E, 'por fim, o meu Imaculado Coração triunfará', quando o homem novo redivivo tornar-se, enfim, a perfeição da criatura inserida no domínio pleno da Trindade Santa de Deus.
153 é número triangular perfeito, soma de todos os primeiros 17 algarismos (a pesca milagrosa que salva a todos, desde os que sempre estiveram em Deus - os grandes profetas e santos do número 1 até os que estavam sobre o pleno domínio do dragão vermelho do número 17). É o somatório da unidade de Deus três vezes santo: (1 x 1 x 1), da plenitude da graça concedida, assimilada e alcançada (3 x 3 x 3) e da solicitude perfeita da humanidade ao plano divino da salvação, compartilhada na plenitude da graça tal como os 5 peixes distribuídos pelo Senhor à multidão faminta: (5 x 5 x 5). Em Fátima, encontra-se em tudo o selo firmado de Deus!
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