22. DAI-ME JESUS! E SEREI BOAZINHA...
Entre os meninos e meninas mais pequeninos, puros e bons, costuma Jesus Menino escolher seus pajens (cruzadinhos) para que o acompanhem aonde quer que vá. Uma dessas crianças foi Santa Gema Galgani, uma santa de nossos tempos que, durante toda a sua vida, recordava com prazer as primeiras práticas que tivera com Jesus Sacramentado, sendo ainda muito pequena.
'O rosto de minha mãe, depois de receber a comunhão' - dizia - 'ficava radiante de alegria e meu coração batia mais depressa, quando ela me chegava a seu peito, dizendo: Gema, aproxima-te de meu peito para dar um beijo em Jesus'.
Desde aquela idade, não cessava de pedir às suas professoras e aos capelães que lhe dessem o seu Jesus. Eles olhavam para ela e sorriam, pois, apesar de ter nove anos, era tão pequena que parecia ter apenas seis. Naquele tempo, o Papa não havia dado ainda o decreto da comunhão dos pequeninos e exigiam-se, para eles, as mesmas instruções e conhecimentos cabais: 'Tem paciência', diziam-lhe, 'até que tenhas a idade requerida'.
Mas Gema pedia, pedia sem se cansar: 'Dai-me Jesus, dai-me... E vereis que serei boazinha, não pecarei mais e serei bem comportada. Dai-me Jesus, porque me parece que não poderei viver sem Ele!'. Estes belos sentimentos de um coração tão puro e amante moveram seus superiores a apressar o dia feliz e suspirado e satisfazer as ânsias dela de apertar Jesus ao peito. Gema tornou-se realmente, em sua vida pobre e humilde, uma grande santa que mereceu as honras do altar.
23. UM MÁRTIR DA CONFISSÃO E DA EUCARISTIA
Em 1927, dominavam no México os inimigos da Igreja Católica. Os ministros de Jesus cristo eram perseguidos, presos e fuzilados sem compaixão. Do número desses mártires, foi o ancião Pe. Mateus Correa. Estava em casa de um amigo, num dos bairros mais radicais, quando o foram chamar para atender um pobre índio que queria receber os últimos sacramentos. Apesar do perigo que corria, o padre quis cumprir com esse dever de caridade.
Tomando consigo o Santíssimo, dirigiu-se com um amigo à casa do doente. Escolheram de propósito os caminhos menos frequentados mas, assim mesmo, os soldados de Calles os surpreenderam e, vendo que o padre levava consigo o Santíssimo, quiseram arrancá-lo dele à fôrça para o profanar. Mas o Pe. Correa foi mais esperto que os soldados consumindo imediatamente a sagrada partícula, dizendo a eles:
➖ Matai-me se quiserdes; mas a Jesus não profanareis.
Depois de maltratarem cruelmente o pobre padre, levaram-no à cidade de Valparaíso, onde o meteram em cárcere. Acusado de cumplicidade com os Cristeros, que combatiam nos arredores, detiveram-no ali até que o General Ortiz o levou consigo à cidade de Durango. Ali chegaram a 4 de fevereiro e, já no dia 6, o padre foi julgado pelo general em pessoa. Vários outros presos iam ser fuzilados. Dirigindo-se ao Pe. Correa, disse o general:
➖ Ouça primeiro a confissão desses bandidos, pois vão pagar logo os seus crimes.
Ouviu-lhes o padre a confissão e preparou-os para uma boa morte. Tendo terminado, o general lhe perguntou:
➖Agora me diga o que estes canalhas lhe contaram.
Erguendo-se o padre com nobre altivez, respondeu:
➖ Nunca, isso nunca!
➖ Não vai me dizer?
➖ Não, nunca!
➖ Então será fuzilado com os outros.
➖ Fuzile-me se quiser, mas o segredo da confissão não o violarei jamais.
O infame general mandou matá-lo e, assim, o grande mártir selou com o próprio sangue a sua fé e os seus sagrados ministérios.
24. A COMUNHÃO DÁ FORÇA
Estava a avozinha no terreiro, assentada à sombra de uma viçosa parreira, quando ouviu ser chamada:
➖ Vovozinha?
A avó levanta os olhos, um pouco surpreendida pois, até aquela hora, a netinha não lhe mostrara muita atenção; era atenta, mas não afetuosa.
➖ Que queres, filha?
➖ Vovó, eu queria saber porque você tem uma perna de pau. Você a perdeu em combate?
➖ Não, Lina; mas isso não é pergunta para a sua idade. Não foi uma bala de canhão, que me cortou a perna, nem mesmo um acidente.
➖ Então, o que foi?
➖ Simplesmente uma enfermidade, um tumor no joelho. Um dia o médico declarou que era preciso cortar a minha perna.
➖ Ah vovó, eu quisera antes morrer.
➖ Eu também.
➖ Por que, então, aceitou que a cortassem?
➖ Lina, não era possível; não vivia só para mim. Morrer quando se quiser, é luxo... e, algumas vezes, é covardia. Eu tinha de olhar para quatro filhinhos, que necessitavam muito de mim.
➖ Mas, para a cortar, fizeram você dormir?
➖ Não, eu não quis; tinha muito medo de não acordar e abandonar os meus filhos. E, afinal, se se tem de sofrer, é porque Deus o quer ou permite.
➖ Cortaram a sua perna, assim, viva?
A boa velhinha, só em recordar o que se passara, estava pálida.
➖ Filhinha, antes da dolorosa operação, pedi o pão dos fortes, recebi a santa comunhão e pedi a Jesus Sacramentado paciência e coragem. O seu papai segurava a minha mão e até ele, pobrezinho, quase que desfaleceu.
➖ Vovozinha, então foi a comunhão que lhe deu forças. Oh! como Jesus é bom!
(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)
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