sábado, 9 de março de 2019

50 JACULATÓRIAS DA ALMA PENITENTE (I)


1. Senhor Deus: eu sou a miséria, a ingratidão, a indignidade; sou um pecador vilíssimo, a quem não devia cobrir o Céu nem sustentar a Terra. Tende misericórdia de mim e salvai-me por amor de vossa bondade.

2. Pai, pequei contra o Céu e em vossa presença; não sou digno de me chamar filho vosso; fazei-me como qualquer de vossos mercenários.

3. Lavai-me, meu Senhor Jesus Cristo, nas correntes de Vosso precioso Sangue e limpai a minha alma das manchas de todo o pecado.

4. Desgarrei-me como ovelha perdida. Que seria de mim, ó bom Pastor, se não me buscásseis e tomásseis sobre os vossos ombros?

5. Eis aqui está à vossa porta o pobre; eis aqui o leproso e cego, e tolhido, e coberto de inumeráveis chagas. Não necessitam de médico os sãos, mas os enfermos; vinde e curai-me com a vossa palavra, para glória de vosso nome.

6. Que seria eu, Senhor, no meio dos meus vícios, e fora de vossa graça, senão um cão morto, coberto das moscas dos demônios, que em minha podridão se cevavam. Vistes minha miséria e vos apiedastes. Destes-me vida e misericórdia. Ó bendito seja tal amor!

7. Inclinai, Senhor, para mim os vossos amorosos olhos e apagai os meus pecados. Concedei-me a graça da renovação de meu espírito com uma vida totalmente conforme à vossa lei.

8. Deus meu; proponho firmemente, com o auxílio de vossa graça, não admitir jamais ofensa vossa. Ó não mais pecar, não mais desprezar vossos preceitos; guardá-los, sim, mais que as meninas dos meus olhos.

9. Senhor: que eu alcance de vós esta mercê; que, no ponto em que certamente hei de cair de vossa graça, antes caia morto de repente; porque viver com injúria vossa pior morte é que a mesma morte e maior desgraça que o inferno.

10. Jesus amorosíssimo, Jesus minha redenção e remédio: de tantas lágrimas que andando neste mundo chorastes, dai-me uma para que amoleça este coração, e o derreta pelos olhos. Dai-me uma lágrima vossa para que eu a apresente a vosso Eterno Pai em remissão dos meus pecados. 

[Excertos da obra 'Luz e Calor', do Pe. Manuel Bernardes (1644 - 1710)]