sexta-feira, 25 de setembro de 2020

DICIONÁRIO DA DOUTRINA CATÓLICA (XII)


IDOLATRIA

É o culto de adoração prestado a uma criatura. A idolatria é um erro muito antigo. A Sagrada Escritura fala da idolatria no livro do Gênesis, (Cap. 30, 1-), dizendo que Raquel furtara os ídolos a seu pai; na verdade Labão chamava-lhes os seus deuses e Jacó chamou-lhes deuses estranhos e abomináveis. A idolatria existe ainda nas regiões onde o Evangelho não é conhecido. Os homens que ignoram Deus inventam deuses a seu capricho, quer sejam os astros ou os animais, ou qualquer outra criatura, e prestam-lhes culto de adoração, sentindo a necessidade de um ser que lhes seja superior e que os proteja. A idolatria é o mais grave dos pecados. Proibiu-a Deus na Antiga Lei, dizendo: 'Não tenhas deuses estranhos, não adores as imagens que fizeres' (Ex 20, 3).

IGREJA CATÓLICA 

É a sociedade de todos aqueles que, sendo batizados, professam a doutrina de Jesus Cristo e obedecem à Autoridade do Papa, Vigário de Jesus Cristo na terra. Foi instituída por Jesus Cristo e confiada aos seus Apóstolos, para que fosse conservada, propagada e praticada em todos os tempos e em todas as nações a religião divina, como Jesus mesmo a ensinou. Para que a igreja fundada por Jesus Cristo se conservasse sempre a mesma até ao fim dos tempos e se tornasse católica ou universal, o próprio divino Fundador deu-lhe um governo composto de um chefe supremo, que é o papa, e chefes inferiores, que são os bispos, e ministros, que são os sacerdotes, em obediência ao papa. É missão da Igreja ensinar a todos os homens a doutrina que Jesus mandou aos seus Apóstolos que pregassem, e administrar os sacramentos que Jesus instituiu para os homens poderem conseguir a vida eterna. Por isso a Igreja goza do privilégio da infalibilidade, e os homens não conseguem a vida eterna se não quiserem obedecer à Igreja. Foi esta a ordem de Jesus Cristo aos seus Apóstolos: 'Assim como meu Pai me enviou, assim eu vos envio' (Jo 20, 21): 'ide, ensinai todas as nações' (Mt 28, 19). 'Eu estou convosco todos os dias até à consumação dos séculos' e 'Quem vos ouve a mim ouve, quem vos despreza a mim despreza' (Lc 10, 16). A Igreja é constituída do seguinte modo: o papa é o chefe supremo; os bispos são os chefes imediatamente inferiores, escolhidos pelo papa para governarem as dioceses que ele lhes designa; os sacerdotes são os auxiliares dos bispos no governo das paróquias. Dignidades que concorrem mais ou menos para a perfeição do governo da Igreja: os cardeais, os patriarcas, os primazes, os metropolitas, os vigários gerais e os cônegos. Finalmente, os fieis, a cuja salvação eterna dedicam a vida todas aquelas entidades. Além da Igreja Católica existem outras sociedades religiosas chamadas igrejas, ensinando doutrinas opostas, mas afirmando cada uma ser a verdadeira Igreja. Nenhuma delas pode ser a verdadeira Igreja porque cada uma tem como fundador alguém que nasceu e viveu muitos séculos depois de Jesus Cristo ter fundado a sua Igreja.

IGREJA GREGA 

Começou a existir no século IX, quando a Igreja Católica já tinha 800 anos de vida. Foi fundada por um homem ambicioso chamado Fócio, que pretendeu ser Patriarca de Constantinopla. Como o papa não aprovasse tal pretensão, Fócio e os seus sectários separam-se da união com a Igreja Católica e formaram uma igreja à parte. Dividida em várias igrejas que se espalham pelas nações orientais, cada uma governada por um chefe com o título de patriarca, e todos em oposição com o papa, e com algumas verdades da doutrina católica.

IGREJA PROTESTANTE

Apareceu no século XVI, tendo como chefe Lutero, sacerdote alemão que se revoltou contra o papa por ter condenado os seus erros em matéria religiosa. A igreja protestante começou a existir quase 1600 anos depois de Jesus Cristo ter fundado a sua Igreja ou a Igreja Católica. Como, porém, a igreja fundada por Lutero não tem um chefe, está dividida em várias seitas religiosas, sem unidade de doutrina nem de disciplina, dizendo-se todas elas igrejas cristãs ou dizendo-se cada uma a verdadeira Igreja de Jesus Cristo, o que é evidentemente falso.

INCARDINAÇÃO 

É a inscrição ou admissão de um clérigo na diocese para o serviço da qual foi ordenado. O clérigo fica incardinado pela recepção da Prima Tonsura e não pode mudar de diocese sem autorização do seu próprio bispo e aceitação do bispo da diocese para onde pretende mudar. A licença para mudar da diocese onde está incardinado chama-se EXCARDINAÇÃO. Pela profissão religiosa o que a faz fica excardinado, e pertence à Ordem em que fez profissão.

/ ENCARNAÇÃO 

É o mistério de Deus Filho feito homem ou a união da natureza divina com a natureza humana na Pessoa do Verbo divino, da qual união resultou Jesus Cristo, Deus e homem. O modo porque foi feita a Encarnação é indicado pelas palavras que o Anjo Gabriel dirigiu à Virgem Maria de Nazaré, dizendo-lhe que o Divino Espírito Santo a cobriria com a sua sombra, e que ela daria à luz um filho que seria chamado Jesus, porque a Deus nada é impossível (Lc 1, 30-38). O fim que Deus se propôs na Encarnação foi a salvação dos pecados e a manifestação da sua justiça, da sua bondade, da sua virtude, do seu poder, da sua sabedoria e do seu amor aos homens, como diz o Evangelista São João: 'Deus amou tanto os homens que lhes deu seu Filho único, para que todo o que crê nele não pereça mas tenha a vida eterna' (Jo 3, 16); e o Apóstolo São Paulo escreveu: 'É verdade certa que Jesus Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores' (I Tm 1, 15). A fé no mistério da Encarnação é o princípio do caminho que nos conduz ao Céu.

INCENSAÇÃO 

É o ato de incensar com o turíbulo em algumas funções litúrgicas. Incensa-se a Sagrada Hóstia, incensam-se os ministros do altar, o povo, o livro do Evangelho, e o altar nas missas cantadas, assim como vários objetos que têm relação com o culto religioso. A incensação é ao mesmo tempo um símbolo das nossas orações, subindo ao céu como se eleva o suave perfume do incenso e uma demonstração de honra devida a Deus, a quem servem as pessoas e os objetos incensados.

INDEX

 Dá-se este nome ao catálogo dos livros condenados pela Igreja, como prejudiciais para a Fé ou para os costumes, e cuja leitura e posse a Igreja proíbe aos fiéis.

INDIFERENTISMO RELIGIOSO 

Proclama que os homens podem ter a religião que lhes aprouver, porque todas são agradáveis a Deus, tanta esperança devendo nós ter na salvação eterna dos filhos da Igreja Católica como na daqueles que morrem fora dela. Conclusão: praticar a verdadeira religião ou uma religião falsa ou não praticar nenhuma é para o indiferentismo coisa igual. É uma aberração da inteligência.

INDISSOLUBILIDADE DO MATRIMÔNIO 

Consiste em não poder romper-se o vínculo matrimonial senão pela morte de um dos esposos. Foi o que
Jesus Cristo afirmou quando disse, falando do matrimônio: 'O que Deus uniu, o homem não separe' (Mt 19, 6). E também disse: 'Aquele que repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra a sua primeira mulher; e se a mulher repudiar o seu marido e casar com outro comete adultério' (Mc 10, 11 - 12). De sorte que o matrimônio válido e consumado não pode ser dissolvido por nenhuma autoridade humana e por nenhuma causa.

INDULGÊNCIA 

É a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa, remissão concedida do tesouro da Igreja pela Autoridade eclesiástica, aos vivos por modo de absolvição, e aos defuntos por modo de sufrágio. O tesouro da Igreja é constituído pelas satisfações de Nosso Senhor Jesus Cristo, da Virgem Maria e dos santos. A indulgência é plenária, se é intenção de quem a concede remir toda a pena temporal; a indulgência é parcial, se a intenção é remir uma parte da pena temporal. Só o papa pode conceder indulgência plenária; o bispo pode conceder indulgências parciais. Só aproveitam as indulgências àquele que faz o que é exigido para as lucrar. A indulgência plenária só pode ser lucrada uma vez cada dia, embora se repitam os atos prescritos para as lucrar, a não ser que outra coisa seja determinada. A indulgência parcial, a não ser que o contrário seja expresso, pode ser lucrada mais de uma vez cada dia, tantas vezes quantas forem repetidos os atos para as lucrar.  Ninguém pode aplicar em benefício dos vivos as indulgências que lucrar; pelas almas do Purgatório podem ser aplicadas todas as indulgências concedidas pelo Sumo Pontífice, a não ser que determine o contrário.

INDULGÊNCIAS APOSTÓLICAS 

Chamam-se as que o Sumo Pontífice costuma aplicar aos objetos de devoção por ele benzidos, objetos que não sejam de chumbo, estanho, vidro ou outra matéria que facilmente se possa quebrar. As mesmas indulgências podem ser aplicadas por qualquer sacerdote que obtenha concessão da Santa Sé. Não podem ser indulgenciados os objetos de matéria que quebre ou se deteriore facilmente, como são os crucifixos e as medalhas de estanho, chumbo ou outra matéria frágil. Todavia os Terços do Rosário, ainda que de chumbo, madeira e mesmo de vidro ou cristal sólido, podem ser indulgenciados, e não perdem as indulgências pelo fato de quebrar a cadeia ou de se perderem algumas contas; neste caso substituem-se por outras e não precisam de nova bênção ou de ser novamente indulgenciados. As indulgências anexas a terços ou a outros objetos somente cessará quando estes deixarem completamente de existir ou forem vendidos.

INFALIBILIDADE 

É um privilégio que Deus concede à Igreja, por virtude do qual não pode errar quando, pela voz do papa, propõe aos homens doutrina de Fé ou de Moral, como necessidade de crer e de praticar para entrar no Céu. Esta verdade foi definida no Concílio do Vaticano I e é fundada nas palavras de Jesus Cristo, dizendo ao Apóstolo Pedro, depois de constituí-lo chefe da Igreja: 'Eu roguei por ti, a fim de que a tua fé não desfaleça; uma vez convertido confirma os teus irmãos', que eram os outros Apóstolos (Lc 22, 32). E aos Apóstolos em união com Pedro disse: 1Eu estarei convosco até à consumação dos séculos' (Mt 28, 20). E ainda: 'Quem vos ouve a Mim ouve' (Lc 10,16). É um fato histórico que a Igreja nunca errou no seu ensinamento em matéria de Fé ou de Moral. De sorte que ou o papa só ou os bispos em união com o papa, quando ensinam doutrina de Fé ou de Moral como sendo doutrina que todos os fiéis devem crer e praticar para entrar no Céu, por todos deve ser aceita como verdade infalível, pois em tal caso o papa não pode errar, por virtude de um auxílio divino.

INTERDITO 

É uma censura pela qual a Igreja proíbe em certos lugares e a certas pessoas os Ofícios divinos, alguns sacramentos e sepultura eclesiástica. É pessoal, se a proibição afeta diretamente a pessoa acompanhando-a em toda a parte; e tanto pode afetar uma pessoa como uma associação de pessoas. É local, se afeta diretamente um lugar, de sorte que as pessoas só não podem celebrar os Ofícios divinos nesse lugar. O interdito geral sobre o território ou sobre as pessoas de uma diocese ou de uma nação só pode ser lançado pelo papa; o interdito geral sobre uma paróquia ou sobre o povo de uma paróquia, assim como o particular, local ou pessoal, pode ser lançado pelo bispo.

INVOCAÇÃO DOS SANTOS 

É o pedido que fazemos aos santos para que roguem a Deus por nós e conosco, pela intercessão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Invocamo-los e confiamo-nos ao seu patrocínio, porque esperamos que, como santos, serão atendidos mais favoravelmente do que nós.

(Verbetes da obra 'Dicionário da Doutrina Católica', do Pe. José Lourenço, 1945)