segunda-feira, 9 de março de 2020

DICIONÁRIO DA DOUTRINA CATÓLICA (II)


ALTAR

É a mesa sobre a qual se faz o sacrifício da Missa. Pode ser fixo ou portátil. É fixo, se a mesa é uma só pedra, embora o suporte seja de alvenaria; é portátil, se sobre a mesa de alvenaria ou de madeira, é colocada uma pedra chamada pedra-de-ara, que é consagrada pelo bispo e contém relíquias de um santo mártir numa cavidade coberta e cimentada. Para a celebração da Missa o altar há-de estar coberto com três toalhas de linho, devendo a toalha superior tocar com as extremidades laterais no chão; há-de ter um crucifixo bem visível no meio, com duas velas de cera em castiçais aos lados. Sobre o altar não se deve pôr coisa alguma que não seja necessária para o Sacrifício da Missa ou que não sirva para ornato do mesmo altar. É uso colocar sobre a parte posterior do altar um degrau ou banqueta, na qual se põem os castiçais, o crucifixo e as flores; embora estas sejam permitidas como ornamento, não se deve esquecer que o melhor ornamento do altar é a limpeza e o asseio. O altar deve ter um supedâneo, isto é, deve haver junto ao altar um estrado do comprimento do mesmo e bastante largo para o celebrante da Missa poder fazer a genuflexão sem pôr o pé fora. O altar em que se conserva o Santíssimo deve ser o mais ornamentado de todos, para que o mesmo, desta forma, excite a devoção e piedade dos fieis. Não pode o crucifixo ser colocado diante da porta do sacrário, nem sobre o trono em que se costuma expor o Santíssimo na custódia. É proibido colocar sobre o altar outro lume que não seja o de cera. Com consentimento do bispo, pode colocar-se a imagem do Coração de Jesus por detrás do sacrário, mas é preferível que fique ao lado, se for possível. Sem licença do bispo, não é permitido colocar de novo, na igreja, quaisquer altares, imagens de santos ou transferir de lugar, uns e outros, nem abrir nichos nas paredes, destinados a imagens de santos. 

ALVA 

É uma veste de linho ou cânhamo, que o sacerdote põe sobre a batina em algumas funções litúrgicas, cobrindo-a totalmente. Pelo seu comprimento e brancura, a alva recorda ao sacerdote a perseverança nas boas obras, a gravidade que deve acompanhar as funções sagradas e a pureza com que deve subir ao altar. A alva era uma veste de dignidade entre a nobreza romana. A Igreja adotou-a porque não existe dignidade igual à do sacerdote. A alva deve ser benzida antes de começar a ser usada.

ANÁTEMA

É a pena de excomunhão aplicada solenemente pela Igreja ao cristão por algum crime grave que pratica. O cristão anatematizado fica excluído da comunhão dos bens espirituais da Igreja.

ANJOS 

São espíritos sem corpo criados por Deus para o louvarem, servirem, amarem e gozarem por toda a eternidade. Muitos, porém, tornaram-se soberbos, e Deus expulsou-os para o inferno, onde sofrem eternamente o castigo do seu pecado. A existência dos anjos é, muitas vezes, afirmada na Sagrada Escritura. A respeito dos anjos que pecaram, disse Jesus Cristo: 'Retirai-vos de mim, malditos, para o fogo do inferno que está preparado para o diabo e para os seus anjos' (Mt 25, 41). Quanto aos anjos fieis, disse: 'Os meus anjos vêem sempre a face de meu Pai que está nos Céus' (Mt 18, 10). Os anjos do Céu — anjos bons — protegem os homens contra muitos males, e cada pessoa tem um Anjo da Guarda, ao qual deve recorrer todos os dias, invocando-o em seu auxílio, para que o livre de cair em tentação e de ser vítima de algum perigo. Por isso devemos invocá-los e amá-los. Os anjos do inferno — anjos maus ou demônios — são inimigos da nossa alma, tentam-nos para o pecado afim de cairmos no inferno. Por isso devemos estar vigilantes contra a tentação e desprezá-la. 

ANTICRISTO

Nome pelo qual é designado aquele que será o chefe de todos os maus em malícia completa e cuja vinda, segundo o pensar dos teólogos, é um dos sinais do fim do mundo. O Apóstolo São Paulo chama-o de 'o homem do pecado', filho da perdição, que suscitará contra a Igreja a maior de todas as perseguições; que fará milagres falsos e aparentes, com os quais muitos hão-de ser enganados; que se assentará no templo de Deus, ostentando-se como se fosse Deus. Mas Jesus Cristo o matará com o sopro da sua boca e o destruirá com o esplendor da sua vinda (II Ts 2, 8). O Anticristo virá um pouco de tempo antes do fim do mundo e depois que o Santo Evangelho tiver sido pregado em todo o mundo e a todos os povos da terra (Mc 13). 

APOCALIPSE

É o último livro do Novo Testamento e, com ele, terminam as Sagradas Escrituras. Foi escrito pelo Apóstolo São João quando esteve degredado na ilha de Patmos, por ordem do imperador Domiciano. O Apóstolo prediz que a Igreja triunfará após o reinado do Anticristo e, como diz São Jerônimo: 'compreende tantos mistérios quantas são as suas palavras'. 

APÓCRIFOS

São os livros que certos autores consideram como inspirados pelo divino Espírito Santo, dando-lhes a mesma autoridade que aos Santos Evangelhos, mas que a Igreja não admite no número dos livros sagrados do Novo Testamento.

(Verbetes da obra 'Dicionário da Doutrina Católica', do Pe. José Lourenço, 1945)