domingo, 12 de agosto de 2012

EUCARISTIA - II


2. A SAGRADA COMUNHÃO

Na Sagrada Comunhão, tornamo-nos uma só coisa com Cristo e esta união sacramental não implica apenas na mera união física ente a hóstia e o nosso corpo: é a incorporação mística e espiritual da nossa alma com Jesus, tornada possível através do nosso contato físico com o seu sagrado corpo.  Esta união íntima com Cristo ocorre sem qualquer esforço de nossa parte, uma vez que se dá pela virtude do próprio sacramento. Esta união com Cristo, em Cristo e por Cristo, torna-nos co-irmãos com todos os outros membros do seu Corpo Místico e, por isso, a Eucaristia simboliza a nossa absoluta unidade com Cristo e com sua Igreja. Muitos grãos de trigo se juntaram no pão que se converteu no Corpo de Cristo. Muitos cachos de uva foram espremidos juntos para encher o cálice que se tornou o Sangue de Cristo. Somos muitos em Um e este Um é Cristo.

Um equívoco muito grave seria pensar que esta união tão íntima com Deus exigiria, em termos estritos, um nível de santidade de tal transcendência que somente os muitíssimos santos seriam genuinamente dignos de receber a Sagrada Comunhão. A heresia do jansenismo sustentatava tais idéias e as difundiu por toda a Igreja, somente sendo destruída por completo quando o Papa São Pio X promulgou o seu famoso decreto sobre a comunhão freqüente. Com efeito, não devemos exigir de nós mais condições do que aquelas que Jesus nos impõe: o que Ele nos pede é que comunguemos freqüentemente para alcançarmos um contínuo crescimento espiritual. Não precisamos ser santos para comungar, mas a santificação nos exige comungar freqüente e dignamente.

Mas o que seria este comungar dignamente? Na enxurrada de tantas inovações e pseudo-adaptações aos 'tempos modernos', é imperioso questionar e combater práticas abusivas que vulgarizam ou denigrem os princípios da verdadeira devoção à Sagrada Eucaristia. Neste sentido, é a própria presença viva de Cristo que deve nortear nossa conduta eucarística, como tudo o mais no contexto de uma verdadeira vida cristã: fazer cumprir a sua Santíssima Vontade.

O grave equívoco vigente de se buscar adaptar a doutrina de Deus às nossas vidas em vez de se devotar  humildemente as nossas vidas à Doutrina Santa de Deus, constitui uma gravíssima afronta no ato eucarístico, uma vez que, neste ato, quaisquer  concessões humanas ilícitas ofendem diretamente o Santíssimo Corpo de Jesus. Lembremos que, para Deus, os tempos são imutáveis e, por isso, suas doutrinas e as suas Leis são eternas. O que muda ao sabor do vento e a toda hora são os costumes dos homens arrogantes e rebeldes, a serviço de satanás. Assim, antes de se rotular determinadas práticas como sendo ultrapassadas, obsoletas ou exageradas, é preciso refletir, com prudência e discernimento, quando e como determinados procedimentos podem desqualificar ou não a dignidade da eucaristia como centro de nossa vida cristã.

Este é o objetivo das abordagens apresentadas em vários textos sequenciais a serem publicados no blog (sempre aos domingos), sob a ótica dos ensinamentos do Evangelho, da sã doutrina e das legítimas tradições da Igreja una, santa, católica e apostólica. Que o Espírito Santo conceda a graça que elas sejam emanadas do mais profundo amor cristão, sem espírito de crítica, julgamento ou desrespeito a quem quer que seja, mas que possam servir de reflexão aos católicos autênticos no seu caminho de Vida Espiritual.

Eucaristia I: Primeira Parte (Primeiro Domingo de Agosto)
Eucaristia II: Segunda Parte (Segundo Domingo de Agosto)