Na Sagrada Comunhão, tornamo-nos uma só
coisa com Cristo e esta união sacramental não implica apenas na mera união
física ente a hóstia e o nosso corpo: é a incorporação
mística e espiritual da nossa alma com Jesus, tornada possível através do nosso
contato físico com o seu sagrado corpo. Esta união íntima com Cristo ocorre sem qualquer esforço de nossa parte,
uma vez que se dá pela virtude do próprio sacramento. Esta união com Cristo, em
Cristo e por Cristo, torna-nos co-irmãos com todos os outros membros do seu
Corpo Místico e, por isso, a Eucaristia simboliza a nossa absoluta unidade com
Cristo e com sua Igreja. Muitos grãos de trigo se juntaram no pão que se
converteu no Corpo de Cristo. Muitos cachos de uva foram espremidos juntos para
encher o cálice que se tornou o Sangue de Cristo. Somos muitos em Um e este Um
é Cristo.
Um equívoco muito grave seria pensar
que esta união tão íntima com Deus exigiria, em termos estritos, um nível de
santidade de tal transcendência que somente os muitíssimos santos seriam
genuinamente dignos de receber a Sagrada Comunhão. A heresia do jansenismo sustentatava tais idéias e as difundiu por toda a Igreja,
somente sendo destruída por completo quando o Papa São Pio X promulgou o seu
famoso decreto sobre a comunhão freqüente. Com efeito, não devemos exigir de
nós mais condições do que aquelas que Jesus nos impõe: o que Ele nos pede é que
comunguemos freqüentemente para alcançarmos um contínuo crescimento
espiritual. Não precisamos ser santos para
comungar, mas a santificação nos exige comungar
freqüente e dignamente.
Mas o que seria este comungar
dignamente? Na enxurrada de tantas inovações e pseudo-adaptações aos 'tempos
modernos', é imperioso questionar e combater práticas abusivas que vulgarizam
ou denigrem os princípios da verdadeira devoção à Sagrada Eucaristia. Neste
sentido, é a própria presença viva de Cristo que deve nortear nossa conduta
eucarística, como tudo o mais no contexto de uma verdadeira vida cristã: fazer
cumprir a sua Santíssima Vontade.
O grave equívoco vigente de se buscar
adaptar a doutrina de Deus às nossas vidas em vez de se devotar humildemente as nossas vidas à Doutrina Santa de
Deus, constitui uma gravíssima afronta no ato eucarístico, uma vez que, neste
ato, quaisquer concessões humanas ilícitas ofendem diretamente o Santíssimo Corpo de Jesus. Lembremos que, para Deus, os tempos são
imutáveis e, por isso, suas doutrinas e as suas
Leis são eternas. O que muda ao sabor do vento e a toda hora são os costumes
dos homens arrogantes e rebeldes, a serviço de satanás. Assim, antes de se
rotular determinadas práticas como sendo ultrapassadas, obsoletas ou exageradas, é
preciso refletir, com prudência e discernimento, quando e como determinados procedimentos podem desqualificar ou não a dignidade da eucaristia como
centro de nossa vida cristã.
Este é o objetivo das abordagens apresentadas em vários textos sequenciais a serem publicados no blog (sempre aos domingos), sob a ótica dos ensinamentos do Evangelho, da sã
doutrina e das legítimas tradições da Igreja una, santa, católica e apostólica.
Que o Espírito Santo conceda a graça que elas sejam emanadas do mais profundo
amor cristão, sem espírito de crítica, julgamento ou desrespeito a quem quer
que seja, mas que possam servir de reflexão aos católicos autênticos no seu caminho de Vida Espiritual.
Eucaristia I: Primeira Parte (Primeiro Domingo de Agosto)
Eucaristia II: Segunda Parte (Segundo Domingo de Agosto)
Eucaristia II: Segunda Parte (Segundo Domingo de Agosto)