segunda-feira, 28 de maio de 2012

DA VIDA ESPIRITUAL (12)

(diante de uma fotografia terrível das atrocidades da guerra, de uma criança voltando à antiga casa, destruída pelos bombardeios)

Viste, filho, o rosto crispado daquela criança em meio ao escarcéu de soldados e blindados, ante a visão messiânica do retorno ao velho portão de sua casa? Voltar ao refúgio que um dia foi a sua morada luminosa, o berço de sua infância despreocupada, a casa de manhãs de sol e pés no chão? Como voltar ao portal destas lembranças, se dela foram arrancados todos os sonhos e as momices da infância querida pela crueldade dos homens e o absurdo das guerras? Ela tem por cenário agora as ruínas de sua aldeia natal e sob os pés as minas e a dignidade de um povo. Reza, filho, por esta criança e por muitas outras mais, para que não busquem consolos nas estradas do mundo – porque sedimentarão apenas os instintos da vingança inútil – mas que, no esterco dos corações incensados de balas e granadas, floresça uma legião de almas incendidas dos caminhos do céu – herdeiros da nova raça e da nação santa dos Filhos da Luz.