quinta-feira, 28 de março de 2013

MEDITAÇÕES SOBRE A PAIXÃO DE JESUS (VI)


 JESUS MORRE NA CRUZ

1. Eis que o Salvador está prestes a morrer. Contempla, minha alma, aqueles belos olhos que se obscurecem, aquela face já pálida, aquele coração que palpita lentamente, aquele sagrado corpo que já se entrega à morte. Tendo Jesus experimentado o vinagre disse: ‘Tudo está consumado’ (Jo 19, 30). Põe ainda uma vez diante dos olhos todos os padecimentos sofridos durante sua vida, pobreza, desprezos, dores e, oferecendo então tudo a seu eterno Pai, disse: ‘Tudo está consumado. Meu Pai, eis já completa a redenção do mundo com o sacrifício de minha vida’. E voltando-se para nós, como para que respondamos, repete: ‘Tudo está consumado’, como se dissesse: ‘Ó homens, amai-me, porque eu fiz tudo e nada mais tenho a fazer para conquistar o vosso amor’.

2. Chega afinal a hora, e Jesus falece. Vinde, ó anjos do céu, vinde assistir à morte de vosso rei. E vós, Mãe dolorosa, chegai-vos mais à cruz e contemplai atentamente vosso Filho, pois está prestes a expirar. E Ele, depois de ter recomendado seu espírito ao Pai, invoca a morte, dando-lhe a permissão de tirar-lhe a vida. Vem, ó morte, lhe diz, depressa exerce o teu ofício, mata-me e salva as minhas ovelhas. A terra treme, abrem-se os sepulcros, rasga-se o véu do templo. Já lhe faltam as forças dos agonizantes, Jesus; pela violência das dores, foge-lhe o calor, fica inerte seu corpo, abaixa a cabeça, abre a boca e morre. ‘E tendo inclinado a cabeça, entregou o seu espírito’ (Jo 19, 30). A gente o vê expirar e, notando que não faz mais movimento, diz: ‘Está morto, está morto’. E a estes se alia também a voz de Maria, que diz por sua vez: ‘Ah, meu Filho, já estás morto.’

3. Está morto! Quem, ó Deus, está morto? Está morto o autor da vida, o Unigênito de Deus, o Senhor do mundo. Ó morte, tu foste o assombro do céu e da terra. Ó amor infinito! Um Deus sacrificar sua vida e seu sangue por quem? Por suas criaturas ingratas, morrendo num mar de dores e de desprezos para pagar as suas culpas! Ó bondade infinita! Ó amor infinito! Ó meu Jesus, vós morrestes, pois, pelo amor que me consagrastes. Não permitais, portanto, que eu viva um instante sequer sem vos amar. Eu vos amo, meu sumo bem, eu vos amo, meu Jesus, morto por mim. Ó Mãe das dores, Maria, ajudai a um servo vosso que deseja amar Jesus.

('A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo', de Santo Afonso Maria de Ligório)

quarta-feira, 27 de março de 2013

VIA SACRA (ESTAÇÕES V A VIII)

QUINTA ESTAÇÃO: CIRINEU AJUDA JESUS A CARREGAR A CRUZ

V. Pelo seu cansaço pelo qual obrigaram Cirineu a ajudá-lo.
R. Tende misericórdia de nós e do mundo inteiro.
O insulto partiu-me o coração, até desfalecer. Esperei por compaixão e nada! Por consoladores, e não os encontrei (Sl 69, 21).
À noite, vi Nosso Senhor crucificado. Das mãos, dos pés e do lado, corria o Preciosíssimo Sangue. A seguir, Jesus me disse: 'Tudo isto é pela salvação das almas. Reflete, Minha filha, sobre o que tu estás fazendo pela salvação delas'. 
Respondi: 'Jesus, quando olho para a Vossa Paixão, vejo que eu quase nada faço pela salvação das almas'. E o Senhor me disse: 'Fica sabendo, Minha filha, que o teu silencioso martírio de todos os dias, na total submissão à Minha vontade, leva muitas almas para o Céu. Quando te parecer que o sofrimento ultrapassa as tuas forças, olha para as Minhas Chagas e te elevarás acima do desprezo e do juízo dos homens. A meditação sobre a Minha Paixão te ajudará a te elevares acima de tudo' (Diário - 1184).
Jesus, dai-me as almas dos pecadores, que a Vossa misericórdia descanse neles. Tirai-me tudo, mas dai-me as almas. Desejo tornar-me uma vítima de expiação pelos pecadores. Transformai-me em Vós, ó Jesus, para que eu seja um sacrifício vivo e agradável a Vós. Desejo, a todo momento, dar-Vos satisfação pelos pecadores. (Diário - 908).
Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus, como fonte de misericórdia para nós, eu confio em vós!




SEXTA ESTAÇÃO: VERÔNICA ENXUGA O ROSTO DE JESUS 

V. Pela compaixão da Verônica que enxugou o Seu Rosto:
R. Tende misericórdia de nós e do mundo inteiro.
Não tinha beleza nem esplendor que pudesse atrair o nosso olhar, nem formosura capaz de nos deleitar (Is 53, 2).
Jesus surgiu, de repente, diante de mim, coberto de chagas por todo o corpo, os olhos cheios de sangue e lágrimas, o rosto todo desfigurado, coberto de escarros. Então, o Senhor me disse: 'A esposa deve ser semelhante ao seu esposo'. Compreendi a fundo essas palavras. Aqui não havia lugar para qualquer tipo de dúvidas. A minha semelhança com Jesus deve ser pelo sofrimento e pela humildade.
Cristo sofredor, saio ao Vosso encontro; como esposa Vossa, tenho que ser semelhante a Vós. O Vosso manto de ultrajes deve cobrir também a mim. Ó Cristo, Vós sabeis como desejo ardentemente assemelhar-me a Vós. Fazei que participe de toda a Vossa Paixão, que toda a Vossa dor se entorne no meu coração. Confio que completareis isso em mim, da maneira que julgardes apropriado (Diário - 1418).
Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus, como fonte de misericórdia para nós, eu confio em vós!


SÉTIMA ESTAÇÃO: JESUS CAI PELA SEGUNDA VEZ

V. Pela sua segunda queda:
R. Tende misericórdia de nós e do mundo inteiro.
Considerai, pois, aquele que suportou tal contradição por parte dos pecadores, para não vos deixar fatigar pelo desânimo. Vós ainda não resististes até o sangue em vosso combate contra o pecado (Hb 12, 3-4).
Hoje entrei no amargor da Paixão de Nosso Senhor Jesus; sofri tudo, em espírito. Conheci como é terrível o pecado, por menor que seja; conheci como atormentava a alma de Jesus. Eu preferiria sofrer mil infernos, a cometer ainda que fosse o menor pecado venial (Diário - 1016).
Compreendo agora que nada me pode deter no meu amor para Convosco, Jesus, nem o sofrimento, nem as contrariedades, nem o fogo, nem a espada, nem a própria morte. Sinto-me mais forte que tudo isso. Nada pode ser comparado com o amor. Vejo que as mínimas coisas, realizadas por uma alma que ame sinceramente a Deus, têm um valor imenso aos olhos dos Seus Santos (Diário - 340).
Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus, como fonte de misericórdia para nós, eu confio em vós!


OITAVA ESTAÇÃO: JESUS ENCONTRA AS MULHERES DE JERUSALÉM

V. Pelas palavras dirigidas às mulheres que dele se compadeceram:
R. Tende misericórdia de nós e do mundo inteiro.
Não choreis por mim; chorai, antes, por vós e por vossos filhos, pois eis que virão dias em que se dirá: 'Felizes as estéreis, as entranhas que não conceberam e os seios que não amamentaram. Porque se fazem assim com o lenho verde, o que acontecerá com o seco?' (Lc 23, 27-31).
'Meu Coração está repleto de grande misericórdia para com as almas, e especialmente para com os pobres pecadores. Oxalá possam compreender que Eu sou para eles o melhor Pai que, por eles, jorrou do Meu Coração o Sangue e a Água como de uma fonte transbordante de misericórdia. Para eles resido no Sacrário e, como Rei de Misericórdia, desejo conceder graças às almas, mas não querem aceitá-las. Ó como é grande a indiferença das almas para com tanta bondade, para com tantas provas de amor. O Meu Coração se enche somente de ingratidão, de esquecimento por parte das almas que vivem no mundo; para tudo têm tempo, apenas não têm tempo para vir buscar as Minhas graças' (Diário - 367).
'Antes de vir como justo Juiz, abro de par em par as portas da Minha misericórdia. Quem não quiser passar pela porta de misericórdia, terá que passar pela porta da Minha justiça...' (Diário - 1146).
Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus, como fonte de misericórdia para nós, eu confio em vós!

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MEDITAÇÕES SOBRE A PAIXÃO DE JESUS (V)


PALAVRAS DE JESUS NA CRUZ

1. Enquanto Jesus é ultrajado na cruz por aquela gente bárbara, Ele suplica por eles e diz: ‘Meu Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem’ (Lc 23, 34). Ó Padre eterno, ouvi vosso Filho bem amado, que, morrendo, vos roga que me perdoeis também a mim, que tantas vezes vos ofendi. Depois Jesus, voltando-se para o bom ladrão que lhe pede perdão, diz: ‘Hoje estarás comigo no paraíso’ (Lc 23, 46). Ó como é verdade o que diz o Senhor por Ezequiel que, quando um pecador se arrepende de suas culpas, Ele se esquece, por assim dizer, de todas as ofensas que lhe foram feitas: ‘Se, porém, o ímpio fizer penitência... não me recordarei mais de todas as suas iniquidades’ (Ez 18, 21). Ó se eu nunca vos tivesse ofendido, ó meu Jesus; mas, visto que o mal está feito, esquecei-vos, eu vos suplico, dos desgostos que vos dei e, por aquela morte tão cruel que sofrestes por mim, levai-me ao vosso reino depois de minha morte e, enquanto eu vivo, fazei que o vosso amor reine sempre em minha alma.


2. Jesus agonizando na cruz, com seus ombros dilacerados e sua alma sumamente aflita, procura quem o console. Olha para Maria; mas essa mãe dolorosa mais o aflige com suas dores. Busca conforto junto de seu Pai; mas este, vendo-o coberto com todos os pecados dos homens, também o abandona. Foi então que Jesus deu um grande brado: ‘Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?’ (Mt 27, 46). Este abandono do Pai eterno fez que a morte de Jesus fosse a mais amarga que jamais sofreu algum penitente ou algum mártir, pois foi uma morte toda desolada e privada de qualquer alívio. Ó meu Jesus, como pude viver tanto tempo esquecido de vós? Agradeço-vos o não vos terdes esquecido de mim. Eu vos suplico que me façais recordar sempre da morte cruel que suportastes por meu amor, para que eu nunca mais me esqueça do amor que tendes testemunhado.

3. Afinal, sabendo Jesus que seu sacrifício já estava consumado, disse: ‘Tenho sede’ (Jo 12, 28). E aqueles carrascos lhe puseram nos lábios uma esponja toda embebida no vinagre e fel. Mas, Senhor, vós não vos queixais de tantas dores que vos roubam a vida e agora vos queixais de sede? Ah, eu vos compreendo, meu Jesus, a vossa sede é sede de amor; porque vós nos amais, desejais ser amado por nós. Ajudai-me, pois, a expelir do meu coração todos os afetos que não são para vós: fazei que eu não ame outra coisa senão a vós e nada mais deseja senão cumprir a vossa vontade. Ó vontade de Deus, vós sois o meu amor. Ó Maria, minha Mãe, impetrai-me a graça de não querer outra coisa senão o que Deus quer.

('A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo', de Santo Afonso Maria de Ligório)

terça-feira, 26 de março de 2013

VIA SACRA (ESTAÇÕES I A IV)

PRIMEIRA ESTAÇÃO: JESUS É CONDENADO À MORTE

V. Por sua condenação à morte:
R. Tende misericórdia de nós e do mundo inteiro.
Pilatos perguntou: Que fizeste? Jesus respondeu: 'Para isto nasci e para isto vim ao mundo: para dar testemunho da verdade'. (cf. Jo 18,35-37). Pilatos procurava libertá-lo. Mas os judeus vociferavam: 'Se o soltas, não és amigo do César!' Ouvindo tais palavras, Pilatos o entregou para ser crucificado (Jo 19, 12-16).
Em determinado momento, Jesus me disse: 'Não te admires se, às vezes, és julgada injustamente. Eu, por teu amor, bebi por primeiro o cálice de sofrimentos não merecidos' (Diário - 289).
Ó como são enganosas as aparências e injustos os julgamentos! Ó quantas vezes a virtude sofre opressão só porque fica silenciosa. Conviver sinceramente com aqueles que sempre ferem, exige uma grande renúncia. A gente sente que está perdendo sangue, e não se veem as feridas. Ó Jesus, quantas destas coisas nos desvendará apenas o último dia. E que alegria, pois nenhum dos nossos esforços se perderá (Diário - 236).
Ó Pai bondosíssimo, como és misericordioso por julgares a cada um de acordo com a sua consciência e conhecimento, e não de acordo com as conversas dos homens (Diário - 1456).
Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus, como fonte de misericórdia para nós, eu confio em vós!



SEGUNDA ESTAÇÃO: JESUS TOMA A CRUZ AOS OMBROS

V. Pela cruz que lhe foi posta sobre os ombros:
R. Tende misericórdia de nós e do mundo inteiro.
Jesus disse aos seus discípulos: 'Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me'. (Mt 16, 24); 'Aquele que não toma a sua cruz e me segue não é digno de mim'  (Mt 10, 38).
À noite, quando me encontrava na cela vi, de repente, uma grande claridade e, no alto dessa claridade, uma grande cruz de cor cinza escura. Subitamente fui arrebatada para perto dessa cruz mas, olhando para ela, nada compreendia e rezava para saber o que isso devia significar. Nesse momento, vi o Senhor, e perdi de vista a cruz. Jesus estava sentado numa grande claridade até os joelhos, e de tal maneira que não os via. Jesus inclinou-se em minha direção, olhou bondosamente para mim e falou sobre a vontade do Pai Celestial. Dizia-me que a alma mais perfeita e santa é aquela que cumpre a vontade do Pai, mas não são muitas as almas assim (Diário - 603).
Ó meu Deus, nada desejo, a não ser o cumprimento da Vossa Vontade; não importa se será fácil ou difícil. Confio em Vós, Deus misericordioso, e desejo ser a primeira a demonstrar essa confiança que exigis das almas (Diário - 615).
Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus, como fonte de misericórdia para nós, eu confio em vós!


TERCEIRA ESTAÇÃO: JESUS CAI POR TERRA

V. Pela sua primeira queda:
R. Tende misericórdia de nós e do mundo inteiro.
Estou curvado, inteiramente prostrado... Meu coração palpita, minha força me abandona, a luz dos meus olhos já não habita comigo. Amigos e companheiros se afastam da minha praga (Sl 38, 7.11-12).
'Sou três vezes Santo e abomino o menor pecado. Não posso amar uma alma manchada pelo pecado, mas, quando se arrepende, não há limites para a Minha generosidade com ela. A Minha misericórdia a envolve e justifica. Com a Minha misericórdia persigo os pecadores em todos os seus caminhos, e o Meu Coração se alegra quando eles voltam a Mim. Esqueço as amarguras com que alimentaram o Meu Coração e alegro-Me com a volta deles' (Diário - 1728).
Ó Jesus, se eu pudesse tornar-me uma névoa diante de Vós, a fim de cobrir a Terra para que o Vosso olhar não visse os terríveis delitos. Jesus, quando olho para o mundo e sua indiferença para Convosco, lágrimas caem-me dos olhos sem cessar mas, quando olho para uma alma religiosa tíbia, então o meu coração sangra (Diário - 284).
Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus, como fonte de misericórdia para nós, eu confio em vós!

 

QUARTA ESTAÇÃO: JESUS ENCONTRA SUA MÃE SANTÍSSIMA

V. Pelas lágrimas de Sua Mãe que veio ao Seu encontro:
R. Tende misericórdia de nós e do mundo inteiro.
'Vós todos que passais pelo caminho, olhai e vede: há dor como a minha dor?' (Lc 1, 12).
À noite, vi a Mãe de Deus com o peito descoberto transpassado por uma espada, derramando lágrimas amargas e nos defendendo do terrível castigo de Deus. Deus quer nos aplicar um terrível castigo, mas não pode, porque a Mãe de Deus nos defende. Um medo terrível atravessou a minha alma. Se não fosse a Mãe de Deus, de pouco serviriam os nossos esforços. Intensifiquei meus esforços de orações e sacrifícios (Diário - 686).
Ó Maria, uma espada terrível transpassou hoje vossa santa alma. Além de Deus, ninguém sabe do vosso sofrimento. A vossa alma não se abate, mas é corajosa, porque está com Jesus. Doce Mãe, uni meu coração a Jesus, porque só então suportarei todas as provações e experiências e, só em união com Jesus, os meus pequenos sacrifícios serão agradáveis a Deus.
Mãe dulcíssima, ensinai-me a vida interior. Que a espada dos sofrimentos nunca me abale. Ó Virgem pura, derramai coragem no meu coração e velai por ele (Diário - 915).
Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus, como fonte de misericórdia para nós, eu confio em vós!

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MEDITAÇÕES SOBRE A PAIXÃO DE JESUS (IV)


JESUS NA CRUZ

1. Jesus na cruz. Eis a prova do amor de um Deus. Eis a última aparição que o Verbo encarnado fez sobre a terra; aparição de dor, mais ainda de amor. São Francisco de Paula, contemplando um dia o amor divino na pessoa de Jesus crucificado e entrando em êxtase, exclamou três vezes: ‘Ó Deus caridade! Ó Deus caridade! Ó Deus caridade!’ querendo com isso significar que não podemos compreender quão grande foi o amor de Deus para conosco, para morrer por nosso amor.

2. Ó meu querido Jesus, se vos contemplo exteriormente nessa cruz, nada mais vejo senão chagas e sangue. Se, porém, observo o vosso coração, encontro-o todo aflito e triste. Leio nessa cruz que vós sois rei, mas qual a insígnia de rei que ainda tendes? Eu não vejo outro espólio real senão esse madeiro de opróbrio; não vejo outra púrpura, senão a vossa carne dilacerada e ensanguentada; outra coroa, senão esse feixe de espinhos que vos atormenta. Ah, tudo isso, porém, vos consagra como rei de amor, sim, porque essa cruz, esses cravos, essa coroa e essas chagas são insígnias de amor.

3. Jesus, do alto da cruz, não nos pede tanto compaixão mas nossos afetos e, se procura compaixão, busca-a unicamente para que ela nos mova a amá-lo. Ele, por ser a bondade infinita, já merece todo o nosso amor, mas, posto na cruz, procura que o amemos ao menos por compaixão. Ah, meu Jesus, quem não vos há de amar, se vos reconhece pelo Deus que sois e vos contempla na cruz? Ó que setas de fogo vós disparais sobre as almas desse trono de amor. Ó quantos corações atraístes a vós dessa mesma cruz. Ó chagas de meu Jesus, ó belas fornalhas de amor, recebei-me no meio de vós, para que me abrase, não já no fogo do inferno por mim merecido, mas nas santas chamas de amor por aquele Deus que, consumido de tormentos, quis morrer por mim. Meu caro Redentor, recebei um pecador, que, arrependido de vos ter ofendido, vos deseja amar sinceramente. Eu vos amo, bondade infinita; eu vos amo, amor infinito. Ouvi-me, ó meu Jesus, eu vos amo, eu vos amo, eu vos amo. Ó Maria, ó Mãe do belo amor, impetrai-me mais amor para que me consuma de amor por esse Deus que morreu consumido de amor por mim.

('A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo', de Santo Afonso Maria de Ligório)

segunda-feira, 25 de março de 2013

INDULGÊNCIAS PLENÁRIAS DA PÁSCOA

No riquíssimo acervo das indulgências (ver links abaixo) concedidas pela Santa Igreja, especial concessão nos é dada (e aos fieis defuntos) por ocasião do Tríduo Pascal (Quinta-feira santa, Sexta-feira santa, Vigília Pascal) mediante a obtenção de indulgências plenárias nestes dias, nas seguintes condições:

Quinta-feira Santa

· Recitação ou canto do hino eucarístico 'Tantum Ergo' durante a solene adoração ao Santíssimo Sacramento que segue à Missa da Ceia do Senhor;

· Visita e adoração ao Santíssimo Sacramento pelo prazo de meia hora.

Sexta-feira Santa - 15 horas

· Participação piedosa da Veneração da Cruz na solene celebração da Paixão do Senhor.

Sábado Santo  

· Recitação do Santo Rosário.

Vigília Pascal - 21 horas

· Participação piedosa da celebração da Vigília Pascal, com renovação sincera das promessas do nosso Santo Batismo.

Condições adicionais:

1. Exclusão de todo afeto a qualquer pecado, inclusive venial.

2. Confissão sacramental, Comunhão eucarística e Oração pelas intenções do Sumo Pontífice. 

(i) estas condições podem ser cumpridas uns dias antes ou depois da execução da obra enriquecida com a Indulgência Plenária, mas é da maior conveniência que a comunhão e a oração pelas intenções do Sumo Pontífice se realizem no mesmo dia em que se cumpre a obra.

(ii) a condição de orar pelas intenções do Sumo Pontífice é cumprida por meio da oração de um Pai Nosso, Ave-Maria e Glória ou uma outra oração segundo a piedosa devoção de cada um.



MEDITAÇÕES SOBRE A PAIXÃO DE JESUS (III)


JESUS É PREGADO NA CRUZ

1. Apenas chegou o Redentor ao Calvário, triturado de dores e fatigado, arrancam-lhe as vestes já pegadas às suas carnes dilaceradas e arremessam-no sobre a cruz. Jesus estende seus sagrados braços e oferece ao mesmo tempo ao eterno Pai o sacrifício de sua vida, rogando-lhe que o aceite pela salvação dos homens. Os carrascos tomam, então, com fúria os cravos e os martelos e, atravessando-lhe os pés e as mãos, pregam-no na cruz. Ó mãos sagradas, que só com o vosso contato curastes tantos enfermos, por que vos pregam nessa cruz? Ó pés santos, que tanto vos cansastes para nos buscar a nós, ovelhas desgarradas, por que vos atravessam com tanta crueldade? Quando se fere um nervo do corpo humano, é tão aguda a dor, que ocasiona espasmos e delírios. Ora, quão grande terá sido a dor de Jesus, quando lhe foram atravessados os pés e as mãos, cheios de nervos e músculos, pelos duros cravos! Ó meu doce Salvador, tanto vos custou o desejo de ver-me salvo e de conquistar o meu amor e eu, ingrato, tantas vezes desprezei o vosso amor por um nada; agora, porém, o estimo acima de todos os bens.

2. Levantam a cruz com o crucificado e fazem-na cair com violência no buraco feito no rochedo. Esse buraco é em seguida entupido com pedras e madeira e Jesus fica pendente na cruz, para aí consumar sua vida. Estando Jesus já agonizando naquele leito de dores e achando-se tão abandonado e triste, procura quem o console, mas não encontra. Ao menos terão compaixão de vós, ó meu Senhor, os homens que vos veem morrer? Pelo contrário; vejo que uns o injuriam, outros zombam dele; estes blasfemam, aqueles o encarnecem, dizendo: ‘Desça da cruz se é o Filho de Deus. Salvou os outros e agora não pode salvar-se a si mesmo’ (Mt 27, 40). Ah, bárbaros, ele já está expirando, como é que assim gritais; ao mesmo tempo não o atormenteis com as vossas zombarias.

3. Vê quanto padece naquele patíbulo o teu Redentor. Cada membro sofre o seu tormento e um não pode aliviar o outro. A cada momento ele experimenta penas mortais. Pode-se dizer que durante aquelas três horas que Jesus agonizou na cruz, ele sofreu tantas mortes quantos foram os momentos que aí passou. Não encontra na cruz o mínimo alívio ou repouso. Se se apoia nas mãos ou nos pés, aumenta a dor, já que seu corpo sacrossanto está pendente dessas mesmas chagas. Corre, minha alma, e chega-te enternecida a essa cruz, beija esse altar, sobre o qual morre como vítima de amor por ti o teu Senhor. Coloca-te debaixo de seus pés e deixa que caia sobre ti aquele sangue divino. Sim, meu caro Jesus, que esse sangue me lave de todos os meus pecados e me inflame todo em amor para convosco, meu Deus, que quisestes morrer por meu amor. Ó Mãe das dores, que estais ao pé da cruz, rogai a Jesus por mim.

('A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo', de Santo Afonso Maria de Ligório)