O tempo é uma nuvem sinistra, carregada de tempestades, de raios e trovões; é uma nuvem que toma todas as formas e desaparece. A Sagrada Escritura compara o tempo:
👉 a uma balança que sobe e baixa
👉 a uma gota de orvalho ao amanhecer
👉 à fumaça
👉 à sombra
👉 a uma flor que murcha logo
👉 a um grão de areia
👉 ao nada
👉 a uma teia de aranha
👉 a um fantasma
👉 à vaidade (Sl 38, 7)
👉 ao vento
👉 a uma rápida torrente que logo seca
👉 a um mensageiro rápido
👉 a um navio que corta as ondas
👉 a um pássaro em pleno voo
👉 a uma flecha lançada (Sb 5, 9-12)
... e os meios para se empregar bem o nosso tempo (de viajante ou estrangeiro nesta terra):
👉 o cristão deve recordar que é estrangeiro na terra; e há de portar-se como um estrangeiro
👉 o viajante tudo vê, sem, contudo, apegar-se a nada; e o mesmo há de fazer o cristão
👉 o viajante vai e acede a outro lugar; recordemos que é preciso que façamos o mesmo
👉 o viajante dirige retamente ao seu objetivo, contentando-se com o alimento e o vestuário; não se ocupa senão de sua viagem: assim devemos agir também nós
👉 o estrangeiro deseja sua pátria; imitemo-lo
👉 o viajante sofre com calor, fome, sede etc.; o mesmo nós devemos também fazer
👉 o viajante procura não ter tropeços nem dificuldades; por isso conduz-se com honradez e justiça; a ninguém insulta; porta-se convenientemente com todo o mundo: tal é também o dever do cristão
👉 o estrangeiro considera a todos os homens como estranhos, seu coração está em sua pátria, seu espírito com seus parentes, seus filhos, seus amigos: tal deve ser também a conduta do homem que crê
👉 o viajante leva uma capa e um bastão; o cristão deve levar sua cruz e revestir-se da capa da oração, da penitência e da modéstia; deve revestir-se de Jesus Cristo
👉 o viajante não vai inutilmente sobrecarregado; leva somente o necessário: o bom exemplo do tempo exige também isto no cristão
👉 o viajante não se detém em seu caminho, senão avançando para chegar ao final de sua viagem; façamos o mesmo.
(Cornelius à Lapide)