quarta-feira, 9 de junho de 2021

O MILAGRE DE JERUSALÉM


No dia 7 de maio de 351, um evento extraordinário ocorreu na cidade de Jerusalém: uma cruz luminosa apareceu no céu, sobre o Monte Calvário, à vista de todos. O então bispo de Jerusalém, São Cirilo, assim descreveu o portentoso milagre em carta enviada ao Imperador Constâncio [Constâncio II, governador do Império Romano do Oriente, entre 337 e 361]:

'No dia de Pentecostes (7 de maio), por volta das nove horas da manhã, apareceu no céu uma cruz luminosa que se estendia do Monte Calvário ao Monte Olivete (cerca de quatro quilômetros). Não foi visto apenas por uma ou duas pessoas, mas por toda a cidade. Não era, como se poderia acreditar, um daqueles fenômenos fugazes que se dissipam instantaneamente, mas brilhava por muitas horas diante dos espectadores e com tal brilho que os raios do sol não podiam diminuí-lo; isto é, brilhava mais que o sol, pois sua luz não o dissipava.

Todos os habitantes de Jerusalém, permeados por um santo temor e alegria espiritual, correram em massa para a igreja. Jovens e velhos, homens e mulheres, e até as virgens longe do mundo, cidadãos e estrangeiros, cristãos e infiéis, porque aqui há pessoas de todas as nações e crenças, a uma só voz publicaram os louvores a Nosso Senhor Jesus Cristo, o único Filho de Deus, verdadeiro autor de milagres; e reconheceram que a fé dos cristãos não se baseia em discursos persuasivos da sabedoria humana, mas em evidências claras da intervenção divina; e confessaram que não são apenas os homens que propagam essa fé, mas também o testemunho de Deus que a confirma com tais milagres.

Nós, que vivemos em Jerusalém e vimos o milagre com os nossos próprios olhos, dirigimos a Deus, Soberano Senhor do universo, as nossas homenagens de adoração e agradecimento, e continuaremos a prestar homenagem ao seu Filho Unigênito, ao mesmo tempo a partir destes lugares santos nós dirigimos nossos votos a você e os dirigiremos sempre, para a prosperidade de seu reinado feliz. Acreditamos que não nos era lícito guardar silêncio sobre um milagre tão óbvio; por isso, desde o dia em que se manifestou, resolvemos comunicar a maravilhosa notícia a um príncipe de tão excelente piedade para que, alicerçado na sólida fundação da sua fé, a notícia deste divino prodígio confirme e lhe dê maior confiança em Nosso Senhor Jesus Cristo'.

(Excertos da obra 'Apología del Gran Monarca', do Pe. José Domingo Corbató, 1904)