'Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes e preservastes minha vida da morte!' (Sl 29)
27/06/2021 - Décimo Terceiro Domingo do Tempo Comum
31. A FÉ QUE MOVE MONTANHAS
O Evangelho desse domingo nos revela o encontro de duas mulheres com Jesus: uma jovem - a filha de Jairo - que morre para então ser tocada pelo Senhor da Vida; a outra - mulher adulta que padece de um fluxo de sangue - que, morta pela dor e pelo sofrimento de uma enfermidade prolongada, será resgatada igualmente pelo Senhor da Vida. A primeira será levantada dos umbrais da morte: 'Menina, levanta-te!' (Mc 5,41), enquanto a segunda há de ser curada de sua enfermidade de muitos anos: 'Filha, a tua fé te curou. Vai em paz e fica curada dessa doença' (Mc 5, 34).
A primeira é uma menina de apenas 12 anos, vida perdida para quem apenas começava a florescer para a geração da vida; a outra, mulher feita, era outra vida perdida pela doença terrível que, por 12 anos, lhe roubava a fecundidade e o dom da maternidade. Por caminhos diferentes e por ações distintas do Senhor, a vida será restituída por completo às duas mulheres: 'levanta-te!' vai dizer imperativamente à primeira; 'sê curada!' vai expressar sem quaisquer rodeios ou condicionantes a cura completa e definitiva da mulher enferma.
'Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida' (Jo 14, 6) - assim Jesus se referiu diante dos homens. O Reino de Deus é um triunfo da vida da graça, movida pelos ditames da fé. Um chefe de sinagoga cai de joelhos e suplica a Jesus para curar a sua filha: 'Minha filhinha está nas últimas. Vem e põe as mãos sobre ela, para que ela sare e viva! (Mc 5, 22). A fé que move montanhas reconhece que basta ao Senhor tocar a menina... Uma mulher consumida por hemorragias vai mais longe ainda. A fé que move montanhas não precisa dizer nada e, por conceber-se impura, contenta-se tão somente em tocar as vestes de Jesus: 'Se eu ao menos tocar na roupa dele, ficarei curada' (Mc 5,28).
A fé que move montanhas é aquela que se basta: tocar Jesus, ser tocado por Jesus. A fé que se basta é aquela que nasce como fruto da confiança absoluta, do despojamento da vontade, da compreensão plena da pequenez humana. Em meio ao burburinho da multidão que o cerca ou envolvido pelo alvoroço da casa e da família transtornados pela presença da morte, o Senhor da Vida se manifesta por inteiro em favor daquelas duas mulheres, frágeis sim pelas limitações humanas, mas que, convertidas em exemplos da fé autêntica, tornaram-se modelos para a manifestação extremada da misericórdia de Deus. A fé que move montanhas torna possível testemunhar as grandes maravilhas que Deus pode fazer por nós.