QUISERA...
Quisera
fazer da minha súplica neste momento de oração
o instante em que Deus vai tomar como medida
a medida do meu eterno coração.
Quisera, Jesus, quisera
que o meu eu se esvaísse como pó e fumaça
no incêndio de amor irradiado do peito chagado
da Vossa misericordiosa graça.
Quisera, ouso pedir, quisera
que no silêncio profundo do meu recolhimento
minha alma fosse moldada para todo o sempre
como a fotografia gerada neste momento.
E ainda quisera
que a luz de Deus velasse agora nos vales e abismos
mais profundos e íntimos do meu coração humano
e lá pausasse e se tornasse eterna.
Quisera, meu Deus, quisera
que o meu nome fosse proclamado na memória
da multidão que Vos louva em cânticos de glória
e que eu fosse senhor no céu de uma morada.
Quisera, ó como quisera,
que esta oração fosse contada como chumbo e ouro
como lastro singular e moeda de excepcional tesouro
no juízo particular dos meus talentos.
E, por fim, quisera
pedir à minha mãe, Nossa Senhora, velar comigo
no derradeiro instante do homem que inda terei sido
e, após, no infinito minuto com o meu Deus.
(Arcos de Pilares)