segunda-feira, 9 de setembro de 2013

REVELAÇÕES DE DEUS PAI (I)

Todos os sofrimentos que o homem suporta ou pode suportar nesta vida são insuficientes para satisfazer a menor culpa. Sendo Eu um bem infinito, a ofensa cometida contra Mim pede satisfação infinita. Desejo que o compreendas: os males desta existência não são punições, mas correção ao filho que ofende. Assim, a satisfação se dá pelo amor, pelo arrependimento e pelo desprezo do pecado. 

Esse arrependimento é aceito em lugar da culpa e do reato [pena devida à culpa do pecado], não pela virtude dos sofrimentos padecidos, mas pela infinitude do amor. Foi como ensinou Paulo, ao afirmar: 'Se eu falasse a língua dos anjos, adivinhasse o futuro, partilhasse os meus bens com os pobres, e entregasse meu corpo às chamas, mas não tivesse a caridade, tudo isso nada valeria' (1 Cor. 3,3). O glorioso apóstolo fez ver que os gestos finitos são insuficientes para punir ou satisfazer, sem a força da caridade. 

Como percebes, as mortificações são coisas finitas e como tais hão de ser praticadas. São meios, não finalidades. Filha, fiz-te ver que a culpa não é reparada neste mundo pelo sofrimento, suportados unicamente como sofrimento, mas sim pelos sofrimentos aceitos com amor, com desejo, com interna contrição. Não basta a força da mortificação; impõe-se o anseio da alma. O mesmo acontece aliás com a caridade e qualquer outra virtude, que somente possuem valor e produzem a vida em Meu Filho Jesus Cristo Crucificado, isto é, na medida em que a pessoa d'Ele recebe o amor e virtuosamente segue as suas pegadas. Somente assim [as virtudes] adquirem valor. 

As mortificações satisfazem pela culpa na feliz comunhão do amor, adquirida na contemplação da Minha bondade. Satisfazem graças à dor e à contrição quando praticadas no auto-conhecimento e na consciência das culpas pessoais. Este conhecimento de si gera desprezo pelo mal, pela sensualidade, induz o homem a julgar-se merecedor de castigos e indigno de recompensa. Assim, é pela contrição interior, pelo amor paciente e pela humildade, considerando-se merecedora de castigos e não de prêmios, que a pessoa oferece reparação. 

O caminho para atingir o conhecimento verdadeiro e a experiência do Meu Ser - Vida eterna que Sou - é este: nunca abandone o auto-conhecimento! Ao desceres para o vale da humildade, reconhecer-Me-ás em ti, e de tal conhecimento receberás tudo aquilo de que necessitas. Nenhuma virtude tem valor sem a caridade, no entanto é a humildade que forma e nutre a caridade. Conhecendo-te, tu te humilharás ao perceber que, por ti mesma, nada és. Verás que o teu ser procede de Mim, que vos amei, a ti e aos outros, antes de virdes à existência. Além disso, quando quis recriar-vos na graça, com inefável amor, Eu vos lavei e vos concedi uma vida nova no Sangue do Meu Filho Unigênito; n'Aquele Sangue derramado num grande incêndio de amor. Para quem destrói em si o egoísmo, é no auto-conhecimento que tal Sangue manifesta a Verdade. Não existe outro meio. Por meio dele, o homem em inexprimível amor conhece-Me e sofre. Não com um sofrimento angustiante, aflitivo e árido, mas com uma dor que alimenta interiormente. 

Ao conhecer a verdade, a alma sofrerá terrivelmente, pois toma consciência dos próprios pecados e vê a cega ingratidão humana. Nenhuma dor sofreria, se não amasse. Logo que tu e Meus servidores conhecerdes a Minha verdade, através daquele caminho, tereis que sofrer tribulações, ofensas e desprezos por palavras e ações, até a morte. Tudo isto, para glória e louvor do Meu nome. Sim, padecerás, sofrerás, tu e Meus servidores; portanto, armai-vos de muita paciência, arrependimento de vossos pecados e de amor à virtude, para glória e louvor de Meu nome. Agindo assim, aceitarei a reparação das culpas tuas e dos demais servidores. 

Pela força do amor e caridade, vossos sofrimentos serão suficientes para satisfação e reparação por vós mesmos e pelos demais. Pessoalmente, recebereis o fruto da vida; serão canceladas as manchas dos vossos pecados; já não Me recordarei de que Me ofendestes. Quando aos outros, graças ao vosso amor, concederei o perdão em conformidade com as suas disposições. Por consideração aos pedidos dos Meus servidores, terei paciência com eles, iluminá-los-ei, suscitarei o remorso, farei que sintam o gosto pela virtude, que provem prazer na amizade de Meus servidores. 

Algumas vezes, permitirei que o mundo lhes mostre a sua face e experimentarão numerosas e diferentes impressões. Quero que percebam a instabilidade do mundo e elevem os seus desejos em direção à pátria eterna. Assim e com outros expedientes invisíveis aos olhos, inenarráveis para a língua e imperceptíveis ao coração - pois são inúmeros os caminhos e recursos que Me sirvo, unicamente por amor, Eu os convido à graça, desejoso que Minha verdade se realize neles. A tais pessoas, porém, não é dada a remissão do reato*. Elas não se encontram pessoalmente dispostas a acolher, mediante uma caridade perfeita, o Meu amor e o amor dos Meus servidores. Eles não sentem dor nem contrição perfeita dos pecados cometidos; sua caridade e contrição são imperfeitas. Eis o motivo porque não alcançam a remissão da pena, como daqueles que falei antes, mas somente o perdão da culpa. 

Todos os pecados são cometidos através do próximo, no sentido de que eles são a ausência da caridade, que é a forma de todas as virtudes. No mesmo sentido, o egoísmo, que é a negação do amor pelo próximo, constitui-se razão e fundamento do todo mal. Ele é a raiz dos escândalos, do ódio, da maldade, dos prejuízos causados aos outros. Diante disto, o cristão luta e se opõe a sensualidade, com empenho a submete à razão e procura descobrir em si mesmo a grandeza de Minha bondade. Inúmeros são os favores que lhe faço. Ao reconhecer que gratuitamente o retirei das trevas e o transferi para a verdadeira sabedoria, no auto-conhecimento ele se humilha. Assim consciente da Minha benevolência, o homem Me ama direta e indiretamente. Diretamente, não pensando em si mesmo ou em interesses pessoais; indiretamente através da prática da virtude. 

Toda virtude é concebida no íntimo do homem por amor a Mim; fora do ódio ao pecado e do amor à virtude, não existe maneira de Me agradar e de se chegar até Mim. Depois de ter concebido interiormente a virtude, a pessoa a pratica no próximo. Aliás, tal modo de agir é a única prova de que alguém possui realmente uma virtude. Quem Me ama, procura ser útil ao próximo. Nem poderia ser de outra maneira, dado que o amor por Mim, e pelo próximo são uma só coisa. Tanto alguém ama o próximo, quanto Me ama, pois de Mim se origina o amor do outro. O próximo, eis o meio que vos dei, para praticardes e manifestardes a virtude que existe em vós. 

Como nada podeis fazer de útil para Mim, deveis ser de utilidade ao homem. Muitos são os dons, graças, virtudes e favores espirituais ou corporais, que concedi aos homens. Corporais, são aqueles necessários à vida humana. Dei-os diversificadamente, isto é, não os coloquei todos em cada pessoa, para que fôsseis obrigados a vos auxiliar mutuamente. Poderia ter criado os indivíduos, dotando-os de todo o necessário, seja na alma como no corpo; mas preferi que um necessitasse do outro, que fôsseis administradores Meus no uso das graças e benefícios recebidos. 

Desta forma, querendo ou não, o homem haveria de praticar a caridade, muito embora não seja meritória a benevolência não realizada por Meu amor. Como vês, a fim de que os homens exercitassem o amor, fi-los Meus administradores e os coloquei em diferentes estados de vida, em diferentes posições. Isto vos mostra como existem muitas mansões em Minha casa, e como nada mais desejo que o amor. O amor por Mim se consuma no amor pelo próximo; quem ama o próximo já observou a Lei. Quem Me ama, pratica todo o bem possível, em seu estado de vida para o benefício dos outros. 

Qual árvore de muitos galhos, a caridade possui numerosos filhos. Como as árvores recebem a vida de suas raízes enterradas no solo, assim a caridade se nutre da humildade, e o discernimento é um dos filhos ou rebentos da caridade. Não existindo esse solo da humildade, o discernimento não seria verdadeiramente uma virtude nem produziria frutos de vida. A humildade brota do auto-conhecimento e o discernimento, consiste num real conhecimento de si e de Mim, que faz o homem dar a cada um o que lhe pertence. O discernimento é uma luz que dissolve a escuridão, afasta a ignorância e alimenta as virtudes, bem como as ações externas que conduzem à virtude. O discernimento enfim, ao fundamentar-se no humilde auto-conhecimento, conduz à luta contra os pecados pessoais. 

... A alma é uma árvore nascida para o amor; sem ele não vive. Privada do amor divino da caridade, não produz fruto de vida, mas de morte. O cerne dessa árvore é a paciência. Esta virtude constituí o sinal externo de que Eu estou numa alma e ela em Mim... O que desejo do homem, como frutos de ação, é que prove suas virtudes na hora oportuna. 'Sou Aquele que gosta de poucas palavras e de muitas ações'. Só o amor produz e revela a virtude! 

... Do pecado original, que contraís através do pai e da mãe na concepção, restou-vos somente uma cicatriz. Ela é apagada, embora não completamente, pelo batismo, ao qual o Sangue de Cristo concedeu a virtude de infundir a vida da graça. Quando alguém é batizado, imediatamente cancela-se o pecado original e infundi-se a graça; a inclinação para o pecado, descrita antes como uma cicatriz, fica enfraquecida e submetida ao controle da pessoa. É assim que, pelo batismo, o homem dispõe-se a receber e aumentar a graça de si mesmo. O resultado, para mais ou para menos, depende do seu esforço em servir-Me com amor e anseio. 

Embora possuindo a graça batismal, a pessoa pode encaminhar-se livremente para o bem ou para o mal. É ao atingir o uso da razão que praticará o bem ou o mal, conforme o livre arbítrio de sua vontade. Aliás, tão grande é a liberdade humana, e de tal modo ficou fortalecida pelo precioso Sangue de Cristo, que demônio ou criatura alguma, pode obrigar alguém à menor culpa, contra o seu parecer. Acabou-se a escravidão; o homem ficou livre. Agora, ele pode dominar a sensualidade, e chegar à meta para qual foi criado... 

Muito já Me devia a humanidade. Dera-lhe o ser, ao criar o homem à Minha imagem e semelhança. Então ele possuía a obrigação de dar-Me glória. Recusou-se a fazê-lo, glorificou-se a si mesmo, não aceitou a obediência por Mim imposta, tornou-se Meu inimigo. Então, com humilhação destruí sua soberba. Humilhei-Me (em Cristo), assumi vossa natureza, libertei-vos da escravidão do demônio, tornei-vos livre. O tesouro do Sangue, pelo qual a humanidade foi recriada, ficou sendo uma dívida. Entendes pois, como depois da Redenção, o homem tem maior obrigação para Comigo. Devem-Me glória e louvor. Uma dívida de amor para Comigo e o próximo, que é paga quando as pessoas seguem as pegadas do Meu Filho Unigênito, Palavra Encarnada, mediante as práticas das virtudes interiores... 

... Ninguém escapará de Minhas Mãos: 'Sou aquele que Sou' (Ex 3.14) e vós, vós não possuís a razão do próprio ser. Sois aquele que Eu fiz. Criei tudo o que participa do ser; somente o pecado não procede de Mim, porque é negação. Por não estar em Mim, o pecado não merece amor. Quem o faz, ofende toda criação e odeia-Me. O homem tem obrigações de Me querer bem. Sou imensamente bom, dei-lhe o ser, numa chama de caridade. Todavia, os maus fogem de Mim. Mas, por justiça ou misericórdia, ninguém escapa das Minhas Mãos. 

... Eis Meu plano: criar o homem à Minha imagem e semelhança para que alcançasse a vida eterna, participasse do Meu Ser, experimentasse Minha suma, eterna e doce bondade. O pecado veio impedir-lhe de atingir essa meta. O homem deixava de realizar o Meu plano, pois a culpa lhe fechara o Céu e a porta da Minha misericórdia. O pecado fez germinar na humanidade espinhos e sofrimentos, tribulações* numerosas, rebelião interna. Ao revoltar-se contra Mim o homem criava a rebelião dentro de si. Em conseqüência da perda do estado de inocência, a carne se revoltou contra o espírito. Imediatamente brotou um rio tempestuoso, cujas ondas continuam a açoitar a humanidade. São as misérias e males provenientes do próprio homem, do demônio e do mundo. Nele todos se afogavam; ninguém mais, graças a virtudes pessoais, atingia a vida eterna. Para remediar tantos males, construí a Ponte no Meu Filho, que permitiria a travessia do rio sem perigo de afogar-se. O rio é o proceloso mar desta tenebrosa vida...

... Quero que contemples a Ponte de Meu Filho, que vejas sua grandiosidade. Ela se estende do céu à terra, pois nela a 'terra' da vossa natureza humana está unida à divindade sublime, graças à encarnação que realizei no homem. Todos vós deveis passar por esta Ponte, louvando-Me através do trabalho pela salvação dos homens e tolerando muitas dificuldades, a exemplo do Meu doce e amoroso Verbo Encarnado. Não há outro modo de chegar até Mim. 

... Cada pessoa tem uma vinha, a vinha da própria alma. Nela trabalha com a vontade pessoal, livre, durante o tempo desta vida. Acabado este tempo nenhum outro trabalho será realizado, seja para o bem, seja para o mal. 

... Começareis por purificar-vos com a contrição interior, desapegando-vos de tudo e desejando a virtude. Sem esta predisposição, exigida na medida de vossas possibilidades como ramos unidos à Videira, que é Meu Filho (Jo 15,1), nada recebereis. Dizia Meu Filho: 'Eu sou a videira verdadeira e vós os ramos; Meu Pai é o agricultor' (Jo 15,5). Sim, Eu Sou o agricultor, de Mim se originam todos os seres. Tenho um poder incalculável, pelo qual governo o universo; nada Me escapa. Fui Eu o agricultor que plantou a verdadeira vinha, Cristo, no chão da humanidade, para que vós, unidos a Ele, possais frutificar. Quem não produzir ações santas e boas, será cortado da videira; e secará. Separado, perderá a vida da graça e irá para o fogo eterno...

Sabes que os mandamentos da Lei se reduzem a dois sem eles, nenhum outro é observado. São: amar-Me sobre todas as coisas e amar o próximo como a ti mesma. Eis o começo, o meio e o fim dos mandamentos da lei. Todavia esses 'dois' não se 'reúnem' em Mim sem os 'três', isto é, sem a unificação das três faculdades da alma: a memória, a inteligência e a vontade. A memória há de recordar-se dos Meus beneficios e da Minha bondade; a inteligência pensará no amor inefável* revelado em Cristo, pois Ele se oferece como objeto de reflexão, para manifestar a chama do Meu amor; a vontade unindo-se às faculdades anteriores, Me amará e desejará como seu fim. 

O coração humano, ao ser atraído pelo amor, leva consigo todas as faculdades da alma: quando são harmonizadas e reunidas, tais faculdades, todas as ações humanas - corporais ou espirituais - ficam-Me agradáveis, pois unem-se a Mim na caridade. Foi exatamente para isso que Meu Filho se elevou na cruz, trilhando o caminho do amor cruciante. Ao dizer, 'Quando Eu for elevado, atrairei a Mim todas as coisas', ele queria significar: quando o coração humano e as faculdades forem atraídas, todas as demais faculdades e suas ações o serão... 

É muita estreita a união dessas três faculdades. Quando uma delas Me ofende, as outras também o fazem. Como disse, uma apresenta à outra o bem ou o mal, conforme agrada ao livre arbítrio. O livre arbítrio se acha na vontade e a move como quer, em conformidade ou não com a razão. Possuis a razão, sempre unida a Mim, a menos que o livre arbítrio a afaste mediante o amor desordenado, e tende em vós uma lei perversa, que luta contra o espírito. Ensinou o apóstolo Paulo em sua carta, C1 3,5, a mortificar o corpo e a destruir a vontade própria, ou seja, refrear o corpo mortificando a carne, quando ela se opõe ao espírito. Tendes, então, duas partes em vós mesmos: a sensualidade e a razão. 

A sensualidade foi dada como servidora, a fim de que as virtudes sejam exercidas e provadas através do corpo. O homem é livre, já que Meu Filho o libertou com Seu Sangue. Ninguém pode dominar a pessoa humana quanto a vontade, pois ela possui o livre arbítrio. Este se identifica com a vontade, concorda com ela. Fica, pois, o livre arbítrio entre a sensualidade, e a razão, e inclina-se ora de um lado ora de outro, conforme preferir... 

Quando a pessoa tenta livremente reunir as três faculdades, memória, inteligência e vontade, em Mim, na maneira explicada, todas as atividades espirituais e corporais humanas ficam unificadas. O livre arbítrio se afasta da sensualidade, tende para o lado da razão. Ninguém pode vir a Mim, senão por meio de Cristo. Esta a razão pela qual fiz d'Ele uma Ponte de três degraus. Esses três degraus representam os três estados espirituais do homem. 

O pavimento desta ponte é feito de pedras, a fim de que a chuva [da justiça divina] não retenha o caminhante. 'Pedras' são as virtudes verdadeiras e reais. Antes da Paixão do Meu Filho, elas ainda não tinham sido assentadas, motivo pelo qual os antigos não atingiam o céu, mesmo que vivessem piedosamente. O Paraíso ainda não fora aberto com a chave do Sangue, e a chuva da justiça divina impedia a caminhada. Quando aquelas pedras foram assentadas no Corpo do Meu Filho - por Mim comparado a uma ponte - foram embebidas, amalgamadas, e assentadas com sangue. Em outras palavras: o sangue (humano) foi misturado com a cal da divindade e fortemente queimado no calor da caridade. 

Tais pedras foram postas em Cristo por Mim, mas é n'Ele que toda virtude é comprovada e vivificada. Fora de Jesus ninguém possui a vida da graça. Ocorre estar n'Ele, trilhar suas estradas, viver Sua mensagem. Somente Ele faz crescer as virtudes, somente Ele as constrói como pedras vivas, cimentando-as com o próprio Sangue. Nele, todos os fiéis caminham na liberdade, sem o medo da justiça divina, pois vão cobertos pela misericórdia, descida do céu no dia da encarnação. Foi a chave do Sangue de Cristo que abriu o céu. Portanto, esta ponte é ladrilhada; e seu telhado é a misericórdia. 

Possui também uma despensa, constituída pela hierarquia da Santa Igreja, que conserva e distribui o Pão da Vida e o Sangue. Assim, Minhas criaturas, viandantes e peregrinas, não fraquejam de cansaço na viagem. Para isto ordenei que vos fosse dado o Corpo e o Sangue do Meu Filho, Homem Deus...Disse Jesus: 'Eu sou o caminho, a verdade, e a vida; quem vai por Mim não caminha nas trevas, mas na luz' (Jo, 8,12). Quem vai por tal caminho é filho da verdade, atravessa a ponte e chega até Mim, verdade eterna, oceano de paz. 

Quem não trilha esse caminho, vai pela estrada inferior, no rio do pecado. É uma estrada sem pedras, feita somente de água, inconsistente; por sobre ela ninguém vai sem afundar. É o caminho dos prazeres e das altas posições, daqueles cujo amor não repousa em Mim e nas virtudes, mas no apego desordenado ao que é humano e passageiro. Tais pessoas são como a água sempre a escorrer. À semelhança daquelas realidades, vão passando. Eles acham que são as coisas criadas, objeto de seu amor, que se vão; na realidade, também eles caminham continuamente em direção à morte. Bem que gostariam de deter-se, reter na vida as coisas que amam. Seriam felizes se as coisas não passassem. Perdem-nas todavia, seja por causa da morte, seja pelos acontecimentos com que faço, escapar-lhes das mão, os bens deste mundo... 

... Com o retorno de Meu Filho ao céu, enviei o Mestre, o Espírito Santo. Ele veio no Meu poder, na sabedoria do Filho, e na própria clemência. É uma só coisa Comigo e o Filho. Por sua vinda fortaleceu o Caminho - mensagem deixada no mundo por Jesus. O Espírito Santo é qual mãe a nutrir no Divino Amor. Ele liberta o homem, torna-o dono de si, isento da escravidão e do egoísmo. A chama da Minha caridade (o Espírito Santo) não sobrevive junto ao egoísmo.... 

... Assim, todos os homens, recebem luzes para conhecer a verdade. Basta que cada um o queira, que não destrua a luz da razão, pelo egoísmo desordenado. A mensagem de Jesus é verdadeira e ficou no mundo qual pequena barca para retirar os pecadores do rio do pecado e conduzi-los ao porto da salvação. Primeiro, coloquei Meu Filho como Ponte - Pessoa, a conviver com os homens; após Sua morte, ficou a Ponte - mensagem possuindo Meu poder, a sabedoria do Filho e o amor do Espírito. O poder fortifica os caminhantes, a sabedoria ilumina e ajuda a reconhecer a Verdade, o Espírito Santo infunde o amor que aperfeiçoa, que destrói o egoísmo e conserva no homem o apego ao bem... 

O Verbo encarnado, Meu Filho único e ponte de glória, deu aos homens vida e grandeza. Eram escravos do demônio e Ele os libertou. Para que cumprisse tal missão, tornei-O servo; para cobrir a desobediência de Adão exigi que obedecesse; para confundir o orgulho, humilhou-se até a morte na cruz. Por Sua morte, destruiu o pecado. No intuito de livrar a humanidade da morte eterna, fez do Seu Corpo uma bigorna. No entanto os pecadores desprezam Seu Sangue, pisoteiam-No com um amor desordenado. Esta é a injustiça, este o julgamento falso a respeito do qual o mundo é e será repreendido até o dia do juízo final. Tal repreensão começou quando enviei o Espírito Santo sobre os apóstolos. São três as repreensões: a voz da Igreja, o Juízo Particular e o Juízo Final.

(Revelações de Deus Pai à Santa Catarina de Sena)