Por que doze e quem foram os Apóstolos de Jesus?
Um dos dados mais seguros sobre a vida de Jesus é o fato de ter constituído um grupo de doze discípulos, aos quais chamou os 'Doze Apóstolos'. Este grupo era formado por homens que Jesus chamou pessoalmente; que o acompanharam na sua missão de instaurar o Reino de Deus; que foram testemunhas das suas palavras, das suas obras e da sua ressurreição.

Nas listas que aparecem nos outros Evangelhos e nos Atos dos Apóstolos, há algumas poucas variações. Tadeu é também chamado Judas, mas isso se deve devido ao fato de diferentes pessoas ter o mesmo nome – Simão, Tiago – sendo comumente distinguidos, então, pelo segundo nome. Trata-se, pois, de Judas Tadeu. O que é significativo é o fato de, no livro dos Atos, não se falar do trabalho evangelizador de muitos deles: sinal de que se dispersaram muito rapidamente e de que, apesar disso, a tradição dos nomes de cada um dos Apóstolos estava muito firmemente estabelecida.
São Marcos (Mc 3, 13-15) disse que Jesus: 'tendo subido a um monte, chamou a Si os que quis, e aproximaram-se d'Ele. Escolheu doze para que andassem com Ele e para os enviar a pregar, com poder de expulsar os demônios'. Assinala dessa maneira a iniciativa de Jesus e a função do grupo dos Doze: estar com Ele e ser enviados a pregar, com o mesmo poder que tem Jesus. Os outros evangelistas – São Mateus (Mt 10, 1) e São Lucas (Lc 6, 12-13) – expressam-se em tons parecidos. Ao longo do Evangelho, percebe-se como acompanham Jesus, participam da sua missão e recebem um ensinamento particular, embora possam não ter compreendido no momento muitas coisas e até O tenham abandonado num momento da prova.
É muito significativo que o número dos eleitos seja Doze. Este número remete às doze tribos de Israel (Mt 19, 28; Lc 22, 30; etc.) e não para outros números comuns no tempo – os membros do Sinédrio eram 71, os membros do Conselho em Qumran eram 15 ou 16 e 10 eram os membros adultos necessários para o culto na sinagoga. Por isso parece claro que, desta maneira, assinala-se que Jesus não quer restaurar o reino de Israel (At 1, 6) – pressupondo a terra, o culto e o povo – mas instaurar o Reino de Deus sobre a terra. A isso aponta também o fato de, antes da vinda do Espírito Santo, no Pentecostes, Matias ter passado a ocupar o lugar de Judas Iscariotes, completando assim o número dos doze (At 1, 26).
Quantos são e quem foram os Evangelistas?
Os Evangelhos nos transmitem a pregação dos Apóstolos e os evangelistas foram Apóstolos ou seus discípulos (Dei Verbum n. 19). Com isto, faz-se justiça ao que se recebeu pela tradição: os autores dos evangelhos são: Mateus, João, Lucas e Marcos. Destes, os dois primeiros figuram nas listas dos doze Apóstolos (Mt 10, 2-4 e correlatos) e os outros dois figuram como discípulos de São Paulo e de São Pedro, respectivamente. A investigação moderna, ao analisar criticamente esta tradição, não vê grandes inconvenientes em atribuir a Marcos e a Lucas os seus respectivos evangelhos.Todavia, analisa com olhos mais críticos a autoria de Mateus e de João. Costuma-se afirmar que esta atribuição apenas põe em evidência a tradição apostólica da qual provêm os escritos, mas não que tenham sido eles mesmos os que escreveram o texto.

Com esta expressão – evangelho quadriforme – realça uma coisa muito importante: o evangelho é único, mas a sua forma de expressão é quádrupla. A mesma ideia se expressa nos títulos dos evangelhos: os seus autores não vêm indicados, como outros escritos da época, com o genitivo de origem – 'Evangelho de…', mas com a expressão kata: 'Evangelho segundo…' .Desta forma, se assinala que o evangelho é único, o de Jesus Cristo, mas testemunhado de quatro formas que vêm dos apóstolos e dos discípulos dos apóstolos, indicando uma pluralidade dentro da sua na unidade.
(Da obra 'Jesus Cristo e a Igreja' - Universidade de Navarra)