quarta-feira, 16 de setembro de 2015

CRUZ!

A cruz é necessária. É preciso sofrer sempre: ou subir o Calvário ou perecer eternamente. E Santo Agostinho exclama que somos réprobos se Deus não nos castiga e nos prova.

É a Cruz, sobre a terra, mistério profundíssimo, que não se conhece sem muitas luzes. Para compreendê-lo, é necessário um espírito elevado. Entretanto, é preciso entendê-la para que nos possamos salvar.

A Eterna Sabedoria procura, ainda hoje, um coração bem fiel e digno deste presente. Quer um verdadeiro sábio, que goste apenas de sofrer e, com coragem, leve a sua cruz até morrer.

Durante sua vida, os santos só procuraram a cruz, seu grande desejo e sua escolha única. E, não contentes de ter as cruzes que lhes dava o céu; a outras, inteiramente novas, cada um se condenava.

Ó Cruz querida, já que nesta hora te conheço, faze de mim tua morada e dita-me tuas leis. Cumula-me, ó princesa minha, com teus castos amores, e faze que eu conheça os teus mais secretos encantos!

É pela Cruz que se dá a bênção, é por ela que Deus nos perdoa e nos concede remissão. Ele quer que todas as coisas tragam este selo, sem o qual nada lhe parece belo.

Colocada a cruz em algum lugar, torna-se sagrado o profano e desaparecem as manchas, porque Deus delas se apodera. Ele quer a Cruz em nossa fronte e em nosso coração, antes de todos os atos, para que sejamos vencedores.

Clamará vingança contra seus inimigos, alegria e indulgência para todos os seus amigos. Dará glória a todos os bem-aventurados e cantará vitória na terra e nos céus.

Para São Pedro, as cadeias constituíam honra maior do que ser o vigário de Cristo na terra. 'Ó boa Cruz', exclamava, cheio de fé, Santo André: 'Que eu morra em ti, para que me dês a vida!'

Jesus Cristo por ela acorrentou o inferno, aniquilou o rebelde e conquistou o universo; e Ele a dá como arma aos seus bons servidores; ela encanta ou desarma as mãos e os corações

Ela é nossa proteção, segurança, perfeição e única esperança. É tão preciosa que uma alma que já está no céu voltaria alegremente à terra para sofrer.

Uma alma sem provações não tem grande valor. É a alma nova ainda, que nada aprendeu. Ah! que doçura suprema goza o aflito que se rejubila com sua pena e dela não é aliviado!

Vai-se para a Pátria pelo caminho das cruzes, que é o caminho da vida e o caminho dos reis; toda pedra é talhada proporcionalmente para ser colocada na Santa Sião.

Tomo, para minha riqueza, tua rica pobreza, e, por ternura, tuas doces austeridades. Que tua prudente loucura e tua santa desonra sejam toda a glória e grandeza de minha vida!

Tomo-te para minha vida, meu prazer e minha honra, minha única ventura. Imprime-te, eu te rogo, em meu coração e no meu braço, na minha fronte e na minha face. Não me envergonharei de ti!

(Excertos da obra 'Carta aos Amigos da Cruz', de São Luís Grignion de Montfort)